Eleição do DCE UNIRIO: A chapa da Veja é livre?

A revista Veja está em campanha apoiando chapas nas entidades estudantis por todo país. Seu cabo eleitoral é Reinaldo Azevedo, aquele que passou de ex-líder estudantil de esquerda ao mais reacionário articulista da direitopatia tupiniquim.  Na Unirio apoiam a chapa “UNIRIO LIVRE”, de oposição a atual gestão de esquerda do DCE (leia em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/tambem-a-unirio-pode-se-libertar-dos-seus-sequestradores/).
O histórico de Azevedo, assim como o conservadorismo da revista são conhecidos. Do mesmo modo, a relação carnal da Veja com o poder em décadas passadas, num nível que envergonharia até mesmo Rupert Murdoch.
Juventude Anauê
Nos últimos meses, Reinaldo Azevedo se detém sobre a situação das universidades e eleições estudantis. Trata de unir as chapas yuppies em um único movimento, visando sua articulação orgânica nacional. Por isso, saúda com um estridente Anauê integralista as chapas de direita que disputaram a UFRGS, ganharam o DCE da UnB e os Reacionários da USP. Azevedo sabe da importância de organizar esse movimento nacional que dispute DCE’s e grêmios estudantis, tirando-lhes das mãos da esquerda que enfrenta o governo Lula e Dilma, também não se curva ao PSDB/DEM.

E para quê? Não é só um problema ideológico ou político. A multinacional sul-africana Naspers, que controla o grupo Abril, sempre defendeu as privatizações e todo o receituário neoliberal em beneficio de seus próprios interesses. Agora, no caso específico da educação, trata-se de um setor onde a Naspers canalizou investimentos nos últimos anos. Logicamente quanto mais desregulamentação e privatização na área, melhor. E uma das formas de conseguir isso é derrotar o movimento estudantil combativo que ocupa reitorias, faz greves estudantis e luta contra a privatização, seja tucana ou petista. Um parêntese interessante é que a Naspers defendeu o regime fascista do Apartheid da África do Sul. Esse é o conteúdo da juventude que se articula ao redor do blog de Reinaldo Azevedo. Ela não é livre.
O que propõe as chapas da Veja?
São ferrenhas defensoras da meritocracia, anti-marxistas, rasteiramente alicerçadas no senso-comum e no consumismo. Refletem a ideologia dos neoliberais racistas que controlam a revista e pagam o salário de seus articulistas.

Na Unirio, o voto na chapa da Veja é puxado por Azevedo com o argumento de que eles são os “estudantes de verdade”, que
– entendem que a universidade não deve ser usada para fortalecer partidos.
– acreditam no pluralismo.
– não se impõe na base do berro e da manobra.
– estudam.

Pluralismo? defendendo de forma militante o pensamento único neoliberal! Um dogmatismo anacrônico, em meio a queda do muro de Wall Street e o armagedon na Euro Zona?!
Berros? O que dizer dos canos de fuzil da PM, reivindicada como solução para o problema da segurança. Sendo que anos e anos do BOPE ou ocupações do exército não resolveram e nem resolverão a situação dos morros cariocas. Sob a tutela dos militares é impossível pluralismo!
Manobra? E a compra de votos para reeleição de FHC? Governo idolatrado por Reinaldo Azevedo.
Fortalecer partidos? Hoje as reitorias das federais são espaços do Lulismo. E a USP é aparelhada pelo tucanato paulista.
“Quem milita se limita
A idéia de que o “estudante de verdade estuda” é uma apologia contra a militância política. Tudo ao estilo dos manuais da educação moral e cívica dos Anos de Chumbo. Trata-se de desqualificar a militância de esquerda no movimento social. Como se a produção de conhecimento fosse algo amorfo, feito completamente apartado da realidade que nos cerca. Com isso, Azevedo quer resgatar o perfil dos estudantes dos tempos da ditadura militar. Onde supostamente o interesse “cívico” deveria comandar o espírito das entidades estudantis, regada na moral e bons costumes da marcha da família, com Deus pela liberdade. Hoje, é a liberdade do sacro-santo sistema financeiro e da mão invisível do deus mercado, esse velho invisível que morreu ontem, mas esqueceram de avisar Azevedo.

A Veja diz ainda que a “esquerda organizada” aparelha a universidade e “silencia” a divergência por meio da “truculência”. No entanto, nas universidades, quem tentou silenciar a divergência e se impor na base da truculência foi o ex-ministro Paulo Renato com seu entulho autoritário e neoliberal contra as universidades brasileiras. Tudo mantido nos 2 mandatos de Lula e agora com Dilma. Com Lula o “pau comeu nas universidades” para que o PT completasse o projeto tucano da “reforma universitária”.
A Veja não vai seqüestrar nossa indignação
Azevedo termina sua apologia da sujeição estudantil a liberdade do mercado, citando o manifesto da chapa que faz pouco caso do slogan de que “um outro mundo é possível”. Por fim, outro trecho onde a juventude da Veja afirma que a atual gestão do DCE atua deslocada da realidade, o que os leva a ficar de “saco cheio”.

Os defensores do atraso teimam em afirmar a atuação do individuo isolado, desejam negar a existência da luta classes e das mobilizações coletivas. Mas as praças do mundo são um espectro que atormenta o irracionalismo deles: milhares e milhares lotando Tahir, Puerta del Sol ou Wall Street; greves gerais escritas em Grego, Italiano, Inglês e Português. Em todos os cantos surgem indignados que estão de saco cheio de gente como Reinaldo Azevedo e os mercados que ele tanto defende. São as maiorias ex-silenciosas que tomaram as ruas em todos os continentes, questionado o sistema capitalista e procurando uma alternativa. E, que nos desculpem os jovens integralistas da Veja, isso tende a continuar. Aliás, Amanhã vai ser maior.
Apesar de toda gritaria histérica e inútil de Reinaldo Azevedo, seguiremos na luta. Somos os 99%. Os nossos sonhos não cabem na Veja. Ela não sequestrará nossa indignação.
Coletivo Vamos à Luta!