Tropicália não combina com apartheid #CancelaCaetanoeGil

No dia 22 de maio, o ex-Pink Floyd Roger Waters, divulgou uma carta para Caetano Veloso e Gilberto Gil fazendo um apelo para que os artistas cancelassem um dos shows de sua turnê que está marcado em Israel no dia 26 de julho. Sem resposta, Waters insistiu com uma nova carta divulgada no dia 10 de junho, contando a história de dois jovens palestinos – Jawhar Nasser (19 anos) e Adam Halabiya (17 anos) – que sonhavam em ser jogadores de futebol e foram brutalmente assassinados pelas forças israelenses no centro da Cisjordânia sem nenhuma investigação do ocorrido e punição dos responsáveis.

O músico britânico afirmou: Assim, Caetano e Gil, Jawhar e Halabiya não estarão presentes no show de vocês em Tel Aviv. No entanto, os homens que os balearam estão livres para comparecer, se desejarem. Waters é um dos artistas que impulsiona essa campanha de boicote à Israel, assim como fizeram diversos músicos, cientistas e ativistas dos direitos humanos na África do Sul antes do povo negro mobilizado derrubar o regime do apartheid.

Desde sua fundação em 1948 em base a colonização de judeus europeus, o Estado de Israel, poderosamente armado pelo imperialismo para dominar o Oriente Médio e seu petróleo, coloniza a antiga Palestina e seu objetivo declarado é expulsar todos os palestinos, o que já conseguiu em 80% do território. Ano após ano tenta sistematicamente expulsar os que restaram, transformado em um inferno a vida de milhares de jovens e trabalhadores. No entanto, nunca conseguiram quebrar a histórica e heroica resistência palestina que exige a devolução de seus territórios.

A atitude de figuras públicas reconhecidos internacionalmente como Desmond Tutu, Nobel da Paz sul-africano, a banda Colplay, Snoop Dog e Lauryn Hill, que atendeu ao apelo de Waters e cancelou o show em Tel Aviv no último mês, fortalece a luta do povo palestino pelo fim do Estado sionista de Israel até a conquista de uma Palestina única, laica, democrática e não racista.

Nós da Juventude Vamos à Luta (CST-PSOL), portanto, nos somamos a essa campanha exigindo que Caetano e Gil, que foram referências da juventude brasileira na luta contra o regime militar e por liberdades políticas, cancelem o show em Israel. Tropicália não combina com apartheid!

Reproduzimos o texto do abaixo-assinado realizado pela BDS latino-americana:

Queridos Caetano e Gil,
Com admiração ao trabalho de vocês e seu histórico de comprometimento com lutas pela liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancelem vosso show em Israel, previsto para 28 de julho. A data coincide com o aniversário de um ano dos ataques de Israel a Gaza, nos quais mais de 2 mil palestinas e palestinos foram mortos, incluindo mais 500 crianças. Ainda hoje, mais de 100 mil pessoas seguem desabrigadas em decorrência da ofensiva.

Tocar em Israel é endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid -ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.

Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel. Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows no país, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz e Elvis Costello.

O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel Aviv é errado “assim como dissémos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Se apresentar em Israel seria como fazer um show em Sun City na Africa do Sul do apartheid.
Não ignorem esse chamado. Tropicália não combina com apartheid!

Assine: https://www.change.org/p/caetano-veloso-gilberto-gil-cancelem-vosso-show-em-israel-cancel-your-concert-in-israel