Diariamente novas denúncias de corrupção envolvendo o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) tomam as capas dos jornais. Diante disso, o PSOL encabeçou uma representação exigindo sua cassação. Com Eduardo Cunha na corda-bamba, rapidamente não lhe faltaram aliados: PT, PMDB e PSDB pactuaram um verdadeiro acordão para manter esse corrupto, machista e LGBTfóbico comandando o Congresso Nacional, pois todos querem a “estabilidade política” necessária para a aplicação do ajuste fiscal contra os trabalhadores e a juventude.
Não à toa, a CPI da Petrobras terminou em pizza livrando a cara de todos os políticos, negando a vontade de 86% da população que quer ver punidos aqueles que estão saqueando um dos maiores patrimônios do nosso povo.
Juventude em guerra contra Cunha
Em meio a uma conjuntura marcada por inúmeras greves e mobilizações do conjunto dos trabalhadores, estudantes universitários e secundaristas contra o ajuste fiscal de Dilma, Levy, governadores, prefeitos e também do Congresso Nacional, no primeiro semestre, a juventude se manifestou contra a PEC 171 da redução da maioridade penal. Uma ampla campanha tomou as redes sociais questionando o absurdo “Estatuto da Família” que ataca direitos dos LGBTs. Na última semana, as mulheres estão dando um show de mobilização contra o PL 5069/13 que impõem retrocessos aos direitos reprodutivos e sexuais. Todos projetos encabeçados ou apoiados por Eduardo Cunha, que deve ter deixado os “valore$ da família tradicional” em alguma conta na Suíça.
Majoritárias da UNE e UEE-SP na direção contrária
Sabemos que o poder adquirido por este reacionário nada mais é do que resultado da aliança PT/PMDB que governa o país há mais de uma década com outros corruptos e conservadores como Sarney, Collor, Calheiros e Barbalhos. No entanto, as direções majoritárias da UNE e da UEE-SP, compostas pelas juventudes do PCdoB (UJS) e do PT, fizeram com que as entidades servissem de base de sustentação ao acordão para salvar Cunha. Carina Vitral, presidente da UNE, declarou: Fazemos oposição política ao Cunha mas não vamos entrar nessa de ‘fora’ porque senão é fora muita gente. Não queremos causar instabilidade política no país (Estadão, 13/10/2015). Já na UEE-SP, a UJS/PCdoB votou contra uma resolução política pelo “Fora Cunha” com o argumento de “defesa da legalidade e da democracia”.
Que democracia? Aquela que permitiu que a PEC 171 fosse barrada e que Cunha virasse o jogo contra a juventude pobre e negra no dia seguinte? Que legalidade? A que permite um acordão para manter um corrupto na presidência da Câmara? Como disse Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL-RJ, Cunha é uma metonímia que representa a falência do regime político brasileiro. Essa falsa democracia dos ricos e do poder econômico não nos representa e nem aqueles que jogam o seu jogo sujo. Não nos interessa essa “estabilidade” para garantir a governabilidade dos que (des)governam com ajuste e retirada de direitos contra nós.
Infelizmente, a maioria dos coletivos e movimentos da Oposição de Esquerda da UNE não deram uma resposta à altura do absurdo da política da direção majoritária de sustentar esse acordão. O “Posicionamento público dos Diretores e Diretoras da UNE a favor do Fora Cunha”, assinado também pelos diretores e diretoras do Campo Popular, sequer menciona o pacto do governo Dilma e da oposição de direita para salvar Eduardo Cunha e, por isso, nós da Juventude Vamos à Luta/CST-PSOL não assinamos o texto.
Fora Cunha e o acordão: é hora de ocupar as ruas
Não temos confiança alguma nesse Congresso corrupto no qual prima a corrupção e os acordões. Nossa força vem das ruas e, por isso, é necessária a mobilização da juventude para colocar para FORA Eduardo Cunha e derrotar o acordão do PT/PMDB/PSDB. Em Porto Alegre, mais de 200 jovens se reuniram para protestar contra o PL 5069. Em outras capitais do país já existem manifestações marcadas demonstrando que, assim como ocorreu durante todo o ano de 2015, a juventude não dará sossego àqueles que querem atacar os nossos direitos. Esse é o caminho: ocupar as ruas até o Cunha cair!
——
Por Eziel Duarte, Lorena Fernandes e Mariana Nolte*
*Coordenador-Geral do DCE-UFPA / Diretora da UEE-SP pela Oposição de Esquerda / Diretora da UNE pela Oposição de Esquerda