Machistas não passarão: aborto legal, seguro e gratuito em defesa da vida das mulheres

Desde ontem a companheira Rana Agarriberri, da Juventude Vamos à Luta, do DCE da UFMG e vice-presidente do PSOL-BH, tem sofrido um bombardeio de ataques machistas em seu perfil pessoal do Facebook, após ter adicionado à sua foto o filtro da campanha em defesa da legalização do aborto. Inclusive, um estudante da UFMG (com o filtro “Bolsonaro Presidente” em sua foto de perfil) compartilhou a foto num grupo que reúne defensores dos “valores da família tradicional” fazendo um chamado para ajudar a oprimir “mais uma ‘comunistazinha’ do PSOL”.  Além disso, o Facebook alertou que a foto está “em análise”, pois foi denunciada “por conter imagens de violência”. Um duplo absurdo que queremos repudiar por meio desde texto.

É pela vida das mulheres

A epidemia nacional de zika, apontada como possível causa do aumento em 140% no número de casos de fetos com microcefalia colocou mais uma vez na ordem do dia o debate da legalização do aborto. A própria ONU defendeu a necessidade do aborto legal, seguro e gratuito como direito humano nesses casos. Infelizmente, a resposta do governo Dilma, por meio do ministro da saúde Marcelo Castro, foi de orientar que as mulheres não engravidassem. A gravidez deve ser uma opção exclusivamente das mulheres e o Estado não tem nenhum direito de orientar se ela deve ocorrer ou não, mas de garantir as condições necessárias para que ela se desenvolva ou para que seja interrompida, quando for o desejo da mulher ou em situações de urgência como nos casos da microcefalia.

Como afirmou o médico Drauzio Varella: “Aborto já é livre no Brasil. Proibir é punir quem não tem dinheiro”. No Brasil, a cada dois dias morre uma mulher por conta de procedimentos mal feitos e um milhão de abortos clandestinos são feitos todos os anos, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde). Portanto, os que chamam a companheira Rana de “vagabunda” por defender a legalização do aborto são, na verdade, cúmplices das mortes de milhares de mulheres brasileiras por abortos clandestinos no nosso país. Tão cúmplices como os parlamentares, governos e partidos do ajuste fiscal e da corrupção e inimigos das mulheres trabalhadoras. Exemplos são Bolsonaro (PP), condenado a indenizar a deputada federal Maria do Rosário (PT) por ter afirmado que não a estupraria pois “ela não merecia”, Eduardo Cunha (PMDB), autor do PL 5069 que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte e das vítimas de violência sexual ao atendimento no SUS e a própria presidenta Dilma (PT) que no último ano cortou 22% do orçamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e, já no início deste ano, anunciou que a “solução” para a crise econômica seria uma “Reforma da Previdência” que aumentaria o tempo de trabalho das mulheres para aposentadoria.

A Primavera Feminista chegou pra ficar: machistas não passarão

Nas ruas dizendo que a pílula tinha que ficar e Cunha sair ou nas redes denunciando #MeuAmigoSecreto, as mulheres demonstraram no final de 2015 que não aceitariam mais os opressores do cotidiano nem os grandes comandantes da opressão e da exploração. Por isso, os ataques não nos intimidarão e nós estaremos nas ruas no dia 8 de março defendendo a legalização, com urgência para o aborto legal, seguro e gratuito para as grávidas de fetos com microcefalia. Força, Rana e as demais companheiras que foram atacadas na publicação! Estamos com vocês e continuaremos na luta pelo fim do machismo e em defesa dos direitos das mulheres jovens e trabalhadoras com independência e com a radicalidade e coragem da Primavera das Mulheres.