Ato do dia 29/11 em Brasília: demonstração de força e necessidade de mais organização pela base

Um balanço necessário! Fora, Temer e o Congresso corrupto que nos reprimiu! As direções vacilaram e, além das autocríticas, é necessário focar na construção de um novo dia nacional de mobilização que seja maior e melhor organizado!

Em meio ao calor da onda de ocupações pelo Brasil, que ganhou um outro patamar quando o movimento chegou às universidades, foi convocada uma caravana nacional à Brasília para o dia 29 de novembro de 2016, dia do primeiro turno da votação da PEC 55 no Senado. A manifestação reuniu cerca de 20 mil pessoas, na imensa maioria estudantes, vindas de vários lugares do país. O ato do dia 29 de novembro foi uma grande demonstração de força da juventude e dos trabalhadores que não aceitam o ajuste fiscal do Governo Temer, mesmo com o criminoso silêncio da grande mídia, que esconde dos brasileiros o que aconteceu em Brasília nesse dia.

Antes de mais nada, queremos responsabilizar o Governo Temer e o Congresso Nacional pela brutal repressão, com uso de spray de pimenta, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e cassetadas de policiais. Um governo que trata estudantes e trabalhadores assim, enquanto oferece banquete a um bando de corruptos do Congresso é nosso inimigo e não tem nenhuma legitimidade para dirigir o país.

Mas também queremos discutir um balanço com todo movimento que construiu esse ato, pelos vacilos e equívocos que nos levaram a um ato bem aquém do que poderia ter sido. Infelizmente as direções da CUT e CTB, as maiores centrais sindicais, não jogaram peso para o dia 29 de novembro, não convocando uma greve geral e construindo na base das categorias, colocando o enfrentamento a PEC 55 e o governo Temer, com mais força.

Os vacilos das direções do Movimento Estudantil

Houve uma convocação a partir de diversas ocupações e coletivos de juventude para que se realizasse uma plenária nacional das ocupações aproveitando o fato de estarem boa parte delas no ato em Brasília para discutir a atuação da juventude na manifestação e pensar os próximos passos, num momento em que é essencial a unidade contra Temer. Infelizmente as direções do movimento estudantil não deram a batalha pela realização da Plenária Nacional das Ocupações, o que em nossa avaliação foi extremamente negativo e contribuiu para dispersão, o que só ajuda o governo.

A direção majoritária da UNE/UBES, UJS/PCdoB, Kizomba/PT e o Levante Popular da Juventude não tinham intenção de realizar a plenária nacional das ocupações, pois essa luta passa por fora do seu controle e entidades. Em várias ocupações essas organizações foram duramente rejeitadas e até mesmo expulsas pelo conjunto de estudantes em luta, porque sabem que nos últimos 13 anos elas estiveram a fim de construir seus próprios aparatos, e por isso não viram a UNE e UBES nas lutas contra os cortes de verbas aplicados na educação pelos governos de Lula e Dilma do PT/PCdoB. Infelizmente se somou a esse setor o Juntos e UJC que não batalharam conosco. Enquanto isso, diversas ocupações de todo o país, somadas à juventude do MAIS, ANEL e nós da Juventude Vamos à Luta batalhamos por sua realização, concentrados até o último momento, até a saída do ato rumo à Esplanada dos Ministérios.

Não bastasse a desmobilização para a plenária, durante o ato a direção majoritária da UNE, junto com outros setores da Oposição de Esquerda, estiveram mais preocupados em protagonizar a passeata,  do que em organizar a manifestação para que fosse vitoriosa. A Oposição de Esquerda da UNE estava em maioria e tinha condições de dirigir o ato de forma radical e coerente, mas os maiores setores deste antigo bloco, optaram por se juntar à majoritária e burocratizar o ato que poderia ser o maior e mais vitorioso dos últimos anos.

Um debate com os Black Block

Os adeptos da tática Black Block também precisa fazer sua autocrítica. Não queremos responsabilizar este movimento pela repressão sofrida, que é de inteira responsabilidade de Temer e do governo de Rollemberg/PSB (DF). Porém, achamos ter sido um erro iniciar um processo de radicalização, jogando pedras, coquetéis molotov, queimando carros e tentando furar o bloqueio da polícia quando ainda não tinha nem metade da manifestação em frente ao Congresso Nacional. Não discordamos da necessidade da radicalização naquele ato, mas avaliamos que foi feita de forma precipitada e isolada, de forma que não garantiu a ocupação do Senado, garantiu apenas muita agressão física e psicológica, que dispersou todo o ato em pouquíssimos minutos após seu início.

Seguir na luta, fortalecer as ocupações e construir um novo dia nacional de mobilização contra a PEC 55!

Apesar das críticas e autocríticas necessárias, acreditamos que este não é o momento para nos dividirmos, antes é o momento de fortalecer a unidade entre todas e todos que querem derrubar a PEC 55 e o governo ilegítimo de Michel Temer/PMDB. É necessário seguir um calendário de lutas, por isso propomos:

  • Fortalecer as ocupações, com trancaços nas universidades, seguindo o exemplo da ocupação da Universidade Federal do Pará, que com o trancamento de portões colocou os estudantes para dirigir toda a universidade durante um dia;
  • Continuar os atos de rua nas cidades, contra a PEC 55;
  • Exigir da CUT, CTB, CSP Conlutas, UNE e UBES que convoquem imediatamente uma greve geral do Brasil para barrar a PEC 55;
  • Uma plenária e coordenação nacional das ocupações;
  • A construção de um ato ainda maior no dia do segundo turno da votação da PEC 55 no Senado, que pode ser nacional ou nos estados, que seja melhor organizado para que seja objetivamente vitorioso.