“Os Arquivos de Guantánamo, que o Wikileaks começou a publicar, jogam luz sobre essa monstruosidade da era Bush que a administração Obama decidiu continuar”, afirmou Julian Assange com exclusividade para a Pública nesta segunda-feira (25/04).
Também revelam como são feitos os “pareceres”, que recomendam a permanência ou não dos presos em Guantánamo, não apenas pela força-tarefa mas também pelos responsáveis pela investigação criminal e psicólogos encarregados de avaliar a maneira como devem ser utilizadas as informações obtidas em outros interrogatórios.
“A publicação dessas informações é importante para o público, para os prisioneiros e ex-prisioneiros, e para os juízes que se ocupam desses casos. Muitos estão presos há anos sem acusação formal e com base em testemunhos falsos”, disse Assange.
“Está na hora de reacender o discurso público sobre a prisão de Guantánamo, na esperança que finalmente se possa fazer alguma coisa para trazer justiça para esse estabelecimento”, afirmou o fundador do Wikileaks, que qualificou Guantánamo de “estabelecimento de ‘lavagem’ de pessoas”.
A comparação com a lavagem de dinheiro, em que bancos internacionais escondem recursos suspeitos, é empregada por Assange pelo fato de Guantánamo esconder da sociedade a verdadeira história dessas prisões para justificar a política criminosa do governo e os recursos ilícitos empregados para prendê-los.
Publicação
Na conversa com a Pública, Assange fez questão de destacar que os veículos parceiros nesse lançamento são o Washington Post, dos EUA, o El Pais, da Espanha, o Telegraph, do Reino Unido, a revista Der Spiegel , da Alemanha, o francês Le Monde, o Aftonbladet, da Suécia e o italiano La Repubblica“.
Isso por que, apesar de não estarem entre os parceiros oficiais, os jornais New York Times, dos Estados Unidos, e Guardian, do Reino Unido, publicaram ontem reportagens baseadas nos mesmos documentos secretos, entregues por uma outra fonte, que preferiu permanecer anônima. Segundo aPúblicaapurou, por causa disso, o vazamento foi adiantado porque os dois jornais pretendiam “furar” o Wikileaks.
Também com o New York Times, as relações tem sido conturbadas. Em janeiro, o editor Bill Keller escreveu um artigo em que chamava Julian de “arrogante, cabeça-dura, conspiracional e estranhamento crédulo”, alem de dizer que ele “cheirava mal”. Não foi o primeiro problema: depois da publicação dos documentos das embaixadas americanas, Keller passou a chamar Assange e o Wikileaks de “fonte” em vez de uma organizacao jornalística. A diferenciação tem consequências legais, pois os jornalistas são protegidos pela quarta emenda constitucional norte-americana.