
O assassinato no dia 18/05 do estudante, Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, ocorrido no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração da USP, chocou todo o país. A falta de segurança no campus da USP não destoa da situação do conjunto das universidades e escolas no Brasil. Esse ano mesmo, o massacre ocorrido em Realengo no RJ demonstrou como estamos à mercê da violência que se alastra.
Entendemos que a falta de segurança hoje vem da falta de investimento dos governos na educação. O governo Dilma cortou em 2011 cerca de R$3,1 bilhão do orçamento da educação e paga mais de 1 bilhão de reais por dia para pagamentos de juros da dívida pública. Isso faz com que não só tenhamos cursos precários, mas que as universidades também não invistam adequadamente e criem uma concepção de segurança que criminaliza os estudantes e que cuida apenas da questão patrimonial dos campi.
O Conselho Gestor do Campus da Universidade anunciou aumento do número de câmeras e do efetivo da Guarda Universitária em resposta ao assassinato do estudante e à falta de segurança. Fala-se na presença da PM dentro do campus como uma forma de solucionar o problema.
Acreditamos assim como o conjunto do movimento estudantil e de trabalhadores da USP que a militarização do campus é uma medida paliativa para o problema em questão. Quando falamos da necessidade de investimentos em estrutura é porque é preciso iluminação adequada e a constante manutenção de toda a segurança das universidades. Que haja um corpo de funcionários contratados pela universidade que tenha vínculo com a comunidade acadêmica e que seu objetivo não seja reprimir as mobilizações, mas tratar da segurança dos estudantes e trabalhadores.
A militarização da universidade serve apenas para reprimir e isso já foi visto quando a PM invadiu a USP durante as mobilizações de 2009. A universidade como espaço de produção de conhecimento deve ser aberta para toda a sociedade ter acesso a mesma, pois restringi-la a um grupo é também privatizá-la e esse é parte do projeto do governo para o ensino superior hoje.
Por fim, deixamos aqui nossa solidariedade a familiares, amigos e ao conjunto da comunidade da USP, acreditamos que é necessária a mobilização para evitar que jovens estudantes que tanto lutam ao longo de seus cursos para conseguir sua formação não tenham sua trajetória interrompida como o estudante Felipe Ramos de Paiva.