Decidem manter as concentrações na Porta do Sol em Madrid e mais de 160 localidades, ignorando ordem da Junta Eleitoral Central e do Supremo Tribunal de proibir manifestações no dia de reflexão.
ARTIGO | 21 MAIO, 2011 – 02:28

Manifestação em Valencia. Foto EPA/Juan Carlos Cárdenas
“Agora todos somos ilegais”, gritaram dezenas de milhares de pessoas na Porta do Sol em Madrid, às 00h deste sábado, afirmando assim a sua intenção de desafiar a proibição de se manifestarem no dia de reflexão que precede as eleições autonómicas e municipais que se realizam domingo no estado espanhol.
Os manifestantes do Movimento 15-M, ou “Democracia Real Já” têm o seu epicentro na famosa praça de Madrid, e ruas adjacentes, onde estão pelo menos 28 mil pessoas (segundo a polícia), mas o movimento espalhou-se, como um tsunami, segundo a definição do diário El País, a muitas outras cidades: 5 mil em Barcelona, 10 mil em Valência, 7 mil em Málaga, 4 mil em Sevilha, 3 mil em Bilbau, para apenas citar algumas das 160 cidades e localidades onde houve ou ainda decorrem concentrações e acampamentos.
Os manifestantes, predominantemente jovens, protestam contra a crise económica e as políticas anti-sociais implementadas pelo governo. A indignação cresceu quando a Junta Eleitoral Central proibiu a continuidade da manifestação por sábado ser dia de reflexão, e domingo, por ser susceptível de “entorpecer, de qualquer maneira que seja, o acesso aos locais eleitorais”, e poder “dificultar ou condicionar o exercício do direito ao voto”. O Supremo Tribunal confirmou esta decisão, mas a polícia já anunciou que não vai agir para dissolver as concentrações. O ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que “as forças de segurança não vão criar dois ou três problemas onde há um”.
Acampamento em Lisboa
Cerca de 200 jovens decidiram na noite de sexta-feira pernoitar na praça e adaptar o manifesto da praça da Porta do Sol para a realidade portuguesa.
Depois de se terem concentrado junto à Embaixada de Espanha, na Rua do Salitre, realizaram no Rossio uma Assembleia Popular onde cada um dos manifestantes podia “partilhar as suas ideias”.
Além da decisão de fazer a vigília na praça, organizaram grupos de informação, de segurança, de logística e de dinamização das actividades do protesto.
Também na praça da Batalha, no Porto, reuniram-se algumas dezenas de jovens com o mesmo objectivo.