Moradores da Casa do Estudante da UnB são presos após conflito com servidores que desmontavam apartamentos

Rayanne Portugal



Dois alunos moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) da Universidade de Brasília (UnB), o calouro Heitor Claro da Silva, 24 anos, e David Wilkersson Silva Almeida, de 23 anos, foram presos na manhã desta sexta-feira, por volta das 10h. Eles estão detidos na 2ª DP da Asa Norte. Os dois jovens foram acusados de terem ateado fogo em um contêiner de lixo da UnB. O terceiro, José Francisco Rodrigues, 30 anos, formado, foi liberado depois de comprovação da inocência.

Assista aos videos do conflito entre moradores da casa dos estudantes universitarios e policiais, gravados pelo morador Fábio Martins, por volta das 7h da manhã desta sexta-feira(3/6).

O prazo para a desocupação dos dois prédios da CEU venceu em 27 de abril para que seja feita uma reforma no local. Cada um tem 46 apartamentos e 15 alunos ainda permanecem no local de forma irregular. De acordo com a denúncia, os estudantes discutiram com os servidores que estavam trabalhando no local desde segunda-feira e colocaram fogo numa lixeira da universidade. Os jovens, por sua vez, afirmaram que a presença dos servidores tinha o objetivo de pressionar os moradores que ainda estão na CEU a deixar os apartamentos.

Segundo Gleysiele Barborsa, 24 anos, aluna de física, as reformas na CEU são um jeito da universidade pressionar os alunos que ainda não conseguiram sair de lá e ela questiona: “Por que eles estão com tanta pressa, se ainda não tem sequer uma empresa licitada para a reforma?”.

Depois da discussão com os servidores, a segurança do câmpus foi chamada. Mas os estudantes teriam desacatado os seguranças e se recusado a apagar o fogo do contêiner. Nesse momento, a PM foi chamada. Houve acusação de ambos os lados e segundo os rapazes, a polícia chegou de forma truculenta à universidade.

O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Bruno Borges acompanha o caso na 2ª DP. Segundo ele, o advogado acionado pelo DCE “está averiguando se houve agressão dos policiais que chegaram ao local duas horas depois da confusão para prender os rapazes. A polícia chegou arrombando o apartamento e não se preocupou em mediar a briga”. Os alunos seguirão para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo delito para confirmar se houve agressão dos policiais.

Já o decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, afirma que não houve pressão para que os estudantes saíssem, e que o Decanato está tentando negociar com os últimos moradores que se recusam a sair. “Pelo cronograma da reforma, os servidores precisavam estar lá começando os trabalhos e retirar os materiais reaproveitáveis. Lamento que, por causa de 15 alunos que se recusam a sair, os outros mais de 200 fiquem prejudicados por terem que aguardar mais tempo pela reforma”, completa.

A desocupação da CEU tem sido motivo de conflitos entre a administração da universidade e os estudantes desde que foi anunciada. O problema tem sido as alternativas oferecidas pela UnB para abrigar e custear transporte a alimentação desses moradores enquanto duram as obras. A previsão inicial é de que a reforma dos 92 apartamentos de cerca de 60 metros quadrados só seja concluída em junho de 2012. Segundo a própria UnB, as obras custarão em torno de R$ 7 milhões. Já os recursos para custear o auxílio-moradia, cerca de R$ 1,5 milhão, virão do Plano Nacional de Assistência Estudantil, do Ministério da Educação.

Os alunos em situação irregular explicam que não conseguem sair do local ainda e estão à procura de lugar. Alguns moradores, inclusive já saíram de lá e voltaram por falta de condições. 

Os estudantes foram acusados por incêndio, desacato ao servidor público e ameaça e podem pegar de 3 a 6 anos pelo incêndio, 6 meses a 2 anos por desacato e de 14 a 6 meses por ameaça.

Fonte: correio web