Uma verdadeira Primavera Secundarista tomou conta do RJ. A indignação dos estudantes com a precarização dos colégios estaduais e das FAETECs vem se expressando desde o início do ano letivo com o massivo apoio à greve dos profissionais de educação e nas centenas de manifestações por escolas, bairros e regiões na capital do estado e no interior. E agora, em meio a greve geral do funcionalismo público estadual que desespera o governo Dornelles/Pezão (PMDB), mais de 70 escolas estão ocupadas e o número só tende a aumentar.
A culpa é da Dilma, do Dornelles, do Pezão e do Paes!
Em São Paulo, Goiás e no Pará os estudantes também estão em luta. Por que os estudantes se mobilizam no RJ e outros estados? Contra o fechamento e a privatização das escolas, por merenda e infraestrutura de qualidade, contra os cortes de verbas, contra as salas de aula superlotadas e falta de climatização, por laboratórios e bibliotecas, por um currículo que permita um ensino de qualidade, por eleições diretas para a direção escolar etc.
As reivindicações são muito parecidas porque todos os governos, desde o governo Dilma (PT/PMDB) até os governos estaduais e municipais, aplicam uma política de ajuste fiscal que retira verbas da educação para manter compromissos com banqueiros e empreiteiros. Em 2015, Dilma cortou mais de R$11 bilhões da educação e, em 2016, R$5,3 bilhões.
No RJ, Pezão, Dornelles e Paes promovem uma verdadeira farra de isenções fiscais milionárias para empresas como Light, SuperVia e AMBEV, mas dizem que não tem dinheiro para pagar os salários dos servidores em dia e, em abril, não pagaram os aposentados. Cada prova do SAERJ, uma avaliação que não avalia nada, gasta R$30 milhões. Enquanto isso, vários terceirizados estão em regime de trabalho escravo (trabalhando sem receber salário há meses), os porteiros e vigilantes foram demitidos e projetos escolares estão acabando. Ou seja, se os profissionais de educação não estivessem em greve, como as escolas poderiam estar funcionando normalmente?
Fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio! Fora Todos!
No último domingo o país parou para assistir à votação do impeachment na Câmera dos Deputados. Com aquela patética sessão comandada pelo corrupto Eduardo Cunha ficou claro que o Congresso não tem legitimidade para decidir os rumos do governo. A maioria dos deputados são investigados por corrupção e boa parte está nas listas da corrupta Odebrecht, uma das empreiteiras que financiou as campanhas do PT, PMDB, PSDB e todos os outros partidos, com exceção do nosso partido, o PSOL. Somos contra esse impeachment, mas não queremos a continuidade do governo Dilma que está atacando os direitos trabalhadores e a juventude e não achamos que com Temer a situação vai ser diferente. Acreditamos que somente as mobilizações, como a greve dos servidores do RJ e as nossas ocupações das escolas, podem trazer mudanças profundas no país, assim como em Junho de 2013 e nas ocupações de SP. Por isso, defendemos que os estudantes lutem para colocar Dilma, Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e todos os inimigos da juventude para fora e para construir uma alternativa de esquerda independente do PT, PMDB e PSDB!
Tira da Olimpíada e investe na minha escola!
O caos do RJ não se resume a educação. Em meio a epidemia de dengue e zika, o atendimento nas UPAs e hospitais está cada vez pior. Nas periferias e favelas, as balas da PM continuam matando crianças e jovens. Várias regiões da cidade alagam quando chove. A tragédia da ciclovia em São Conrado que deixou dois mortos e vários feridos é a expressão máxima da relação promíscua da prefeitura com as empreiteiras: R$45 milhões gastos em uma obra irresponsável. Essa é a cidade que vai receber as Olimpíadas que estão custando R$39 bilhões. Por isso, os trabalhadores estão apoiando massivamente as ocupações como a do C.E. Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, que em cinco dias já recebeu centenas de visitas e doações.
O secretário de educação, Antônio José Vieira Neto, determinou a antecipação das férias nas escolas ocupadas. Uma clara tentativa de desmobilizar o movimento de ocupações e uma medida que vai na contramão das reivindicações por aulas com qualidade dos estudantes ocupados. As escolas precisam de verbas para o seu funcionamento e garantia da qualidade do ensino e valorização dos profissionais de educação. Não aceitamos que Dilma e Pezão continuem fazendo cortes. Se tem dinheiro para as Olimpíadas, tem que ter para a educação!
Unificar as escolas ocupadas e estudantes em luta para conquistar verbas para a educação
Acreditamos que o principal desafio do Comando das Escolas Ocupadas é de unificar as escolas ocupadas e os estudantes em luta para conquistar verbas para a educação e derrotar o governo Pezão/Dornelles.
Os estudantes não podem ter confiança alguma na direção da AMES/UBES, composta pelas juventudes do PCdoB e do PT, partidos que até outro dia compunham o governo Paes e o governo Cabral, e que hoje estão defendendo a continuidade do mandato da Dilma e nunca moveram nada para convocar os estudantes para derrotar esse governo e seus aliados. A política desses setores governistas joga contra os desafios do Comando para que os estudantes tenham conquistas.
Por outro lado, os companheiros da ANEL (PSTU), que estão na luta, podem e devem se jogar para concretizar os desafios do Comando, em vez da preocupação de afirmar a ANEL como entidade. Os companheiros da AERJ também devem cumprir esse papel em vez de se jogar para uma possível negociação com o governo, pois só o fortalecimento da luta com unidade das ocupações pode derrotar Pezão e Dornelles e obriga-los a negociar com os estudantes.
Propostas da Juventude Vamos à Luta para o Movimento de Ocupações:
- Unificar as escolas ocupadas e estudantes em luta a partir do eixo: Verbas para as escolas! Chega de cortes da Dilma e do Pezão! Se tem para as Olimpíadas, tem que ter para a educação!
- Seguir o exemplo do Amaro Cavalcanti e fazer trancaços nas avenidas e cruzamentos simultaneamente no dia 28/04 para parar a cidade!
- Realizar uma manifestação unificada das ocupações no dia 29/04!
- Quem fala em nome das escolas ocupadas são os representantes eleitos nas assembleias de base das escolas ocupadas! As entidades não podem negociar com o governo!