UFF | NÃO É TAREFA DO DCE UFF DEFENDER A CANDIDATURA DO LULA!

Nessa segunda feira, 19 de fevereiro, o DCE da UFF lançou uma nota sobre a conjuntura nacional. Corretamente, a gestão chama os estudantes a se mobilizarem nos atos do dia 19 contra a reforma da previdência do governo ilegítimo de Temer e contra a Intervenção federal na segurança no Rio de Janeiro. Porém, achamos equivocada a defesa que a nota faz da candidatura de Lula em 2018 e votamos contrário a essa defesa. Fazemos parte dessa gestão e temos orgulho de fazer parte dessa chapa que derrotou a antiga gestão burocrática dirigida pela juventude do PCdoB e do PT. A atual gestão vem mobilizando os estudantes para lutas importantes, como contra a reforma da Previdência e em defesa do Morro do Gragoatá. Entretanto, nossa unidade não impede que divergências surjam e somos levados a afirmar que a defesa do Lula não é uma política que nos representa.

LULA NÃO TEM NADA A VER COM A DEMOCRACIA

É errado tentar vincular a imagem do ex-presidente com a ideia de democracia. Lembramos que foi Lula que criou a Força Nacional de Segurança para reprimir os trabalhadores no país inteiro. Lula que fez a Reforma da Previdência em 2003, que retirou o direito de diversos servidores públicos. Também foi Lula que, em uma canetada, iniciou o projeto de privatização dos hospitais universitários com a criação da EBSERH, que se impôs na UFF e hoje precariza o HUAP. Os governos petistas reprimiram diversas greves e lutas, as jornadas de junho de 2013 e criou a lei “antiterrorismo” para perseguir manifestantes. É necessário lembrar que foi durante o governo petista que Rafael Braga foi preso, o que nos lembra todos os dias do caráter parcial e racista do judiciário. Se o governo petista tentou se apresentar como um governo dos trabalhadores, fez justamente o contrário com suas políticas neoliberais e repressoras, que consolidaram a dominação dos grandes empresários, enquanto retiravam nossos direitos e nossas liberdades democráticas.
Se hoje Temer faz uma intervenção militar no Rio de Janeiro segue a mesma cartilha dos governos Lula e Dilma que, junto com Sérgio Cabral do PMDB, ocuparam a favela da Maré por mais de um ano e criaram as UPPs, que matam e encarceram a população negra e pobre das favelas e periferias. Se Lula chega nessa situação é por ter se envolvido nos escândalos de corrupção, junto com o congresso Nacional corrupto e partidos como o PMDB com os quais governou e fez grandes alianças, que se mantém até hoje por todo o Brasil. Se hoje é julgado e condenado, esta é apenas uma das respostas que a justiça e os poderosos se veem obrigados a dar diante da grande insatisfação e revolta popular com a corrupção e a retirada de direitos. Não temos nenhuma confiança na justiça burguesa que, de fato, é seletiva. Mas Temer, Aécio e companhia estarem soltos não absolve Lula ou o PT de seus erros. Ao contrário, devemos lutar para derrubar todos os corruptos e corruptores, como foi no RJ que, com suas grandes mobilizações, hoje tem Sergio Cabral e Garotinho, 2 ex-governadores, e Picciani, o ex-presidente da ALERJ , presos.
Lula traiu a classe trabalhadora, governou para os poderosos, destinando verbas para as grandes empreiteiras e bancos corruptos e não merece nossa solidariedade.

CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA POLÍTICA PARA O PAÍS

Hoje é urgente construir uma alternativa política de esquerda pro país, contra a velha direita do PMDB e PSDB e contra reacionários como Bolsonaro, mas também que rompa com os governos petistas e suas políticas de conciliação de classes. Achamos que o DCE da UFF pode e deve ser parte da construção de uma frente de esquerda, junto com outras organizações de esquerda e movimentos sociais combativos do país, com quem esteve nas ruas contra os ataques promovidos por todos os governos nos últimos anos e que esteve nas greves contra Temer no ano passado, enquanto a burocracia sindical da CUT, CTB, UNE e UBES, dirigidas pelo PT e PCdoB, desmontaram duas greves gerais em junho e novembro. Construir em cada centro acadêmico e DCE, assim como em conjunto com os trabalhadores em seus sindicatos e locais de trabalho, uma frente de esquerda que apresente um programa alternativo, apontando o caminho das ruas e das greves, contra a reforma da previdência e pela suspensão das medidas anti-povo de Temer e Dilma, como a MP 665 e 664, a PEC 55 e a reforma trabalhista. Que apresente um programa econômico alternativo, partindo da suspensão do pagamento da dívida pública para ter dinheiro para salário, saúde e educação. Pelo fim dos cortes na educação e ciência e tecnologia, que hoje precarizam as universidades em todo o país e diminuem as políticas de assistência estudantil. Pela prisão dos corruptos e corruptores, confisco dos bens e estatização das empresas envolvidas na Lava Jato.

Assinam:
Ana Clara Damasco – Coordenadora de Saúde do DCE
Bebel Melegario – Coordenadora de Mulheres do DCE
Caio Sepúlveda – Coordenador Geral do DCE
Felipe Nogueira – Coordenador de Patrimônio e Estrutura do DCE
Juventude Vamos à Luta