Nota zero pro Weintraub!

O desprezo do governo Bolsonaro com a educação só aumenta. Em um show de incompetência, o presidente e seu ministro Abraham Weintraub conseguiram deslegitimar o ENEM, após uma série de erros na correção das notas virem à tona. A ponto de o Ministério Público conseguir na justiça que os resultados do Sistema de Seleção Unificada (SISU), que deveriam sair hoje (28/02/2020), só sejam divulgados após o MEC comprovar que não houve falha. O SISU é a principal porta de entrada para as universidades públicas brasileiras e esse deslize prejudica milhões de jovens que sonham em ingressar no ensino superior.
Até agora, Weintraub não demonstrou nenhuma prova de que a correção do exame foi feita corretamente. Apenas atacou quem está criticando a bagunça feita pelo governo, chamando de “esquerdistas”. O autoritarismo desse governo está no mesmo nível de sua incapacidade. Eles não aceitam nenhuma crítica ao projeto de destruição da educação que querem aplicar desde o início do mandato. Em 2019, passaram o ano cortando verbas das universidades e dizendo que os estudantes faziam balbúrdia. E em meio ao feriado de Natal, Bolsonaro editou uma MP que autoriza a intervenção nas reitorias, acabando com a autonomia universitária para controlar as instituições federais de ensino e garantir a mamata. São inimigos do pensamento crítico e da ciência. Por isso querem entregar as universidades federais para o mercado financeiro, pelo programa “Future-se”.
Exigimos imediatamente uma solução que não prejudique nenhum estudante. É um absurdo que o ministro Weintraub esteja tentando, via ação da Advocacia Geral da União (AGU) no STJ, liberar o resultado do SISU sem antes oferecer à população uma prova clara de que não há erros na correção do ENEM. Exigimos imediatamente uma auditoria completa de todo o processo! E que as universidades que utilizem o ENEM por fora do SISU suspendam o vestibular. Está claro que esse ministro é nota zero e não tem capacidade nenhuma de seguir dirigindo o MEC.

Um governo na contramão das necessidades da juventude

No Brasil, apenas 18% dos jovens entre 18 e 24 anos estão no ensino superior. Os que estão fora são, em geral, os mais pobres. Segundo um levantamento divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo em 2019, entre os estudantes em posições socioeconômicas mais altas, o sucesso no exame é de 1 em cada 4. Já entre os mais pobres é 1 em cada 600. O sistema educacional expressa a brutal desigualdade social brasileira. Mas, ao contrário de expandir as vagas para combater essa desigualdade, o governo Bolsonaro vai na contramão. Em 2019 algumas universidades federais chegaram a ter atividades inviabilizadas por conta dos cortes de verba. E em 2020 já começamos o ano com um orçamento para o MEC com quase 20 bilhões de reais a menos. É mentira dizer que é impossível ampliar as vagas. Na Argentina, por exemplo, o ensino é universal e não existe vestibular, o estudante escolhe o curso que quer fazer, se matricula e começa a estudar de graça, simples assim. O grande problema é a opção política que os governos fazem, que não prioriza a educação. Quase metade do orçamento vai pro bolso dos banqueiros no pagamento de uma ilegítima dívida pública. O congresso e o governo aprovaram um orçamento que destina 3 Bilhões de reais por DIA aos banqueiros, enquanto tiraram 20 bi da educação no ano. A precarização do ensino público está serviço dos grandes empresários da educação, que transformam ensino me mercadoria e lucram com o que deveria ser direito garantido pelo Estado.

Tomar as ruas pela auditoria do ENEM!

Milhares de jovens estão indignados em todo o país com lambança no controle do INEP. Mas Bolsonaro e Weintraub tentam fingir que o problema não é com eles e manter o vestibular, mesmo com a possibilidade de toda a correção estar comprometida. Para garantir a lisura da seleção, temos que ocupar as ruas exigindo auditoria das notas! Mobilizando em todo o país jornadas nacionais unificadas. Foi correto a UNE ter chamado atos nesse dia 27 pela manhã, porém a convocação e mobilização não podem ser feita de qualquer jeito. Os atos foram convocados na noite anterior pelas redes sociais, impossibilitando uma divulgação massiva. Precisamos dar continuidade, construindo a luta com os estudantes de todo o país. Unificando inclusive com os que já estão no ensino superior e lutam contra a política autoritária e de desmonte aplicada pelo governo Bolsonaro. A UNE, UBES e ANPG deveriam chamar plenárias nos para construir a mobilização. E propor a unidade com os trabalhadores da educação também, como os professores e servidores. Construindo calendários nacionais em conjunto com o ANDES, FASUBRA e CNTE.