A volta às aulas na educação básica e a irresponsabilidade dos governos! 

Sob a justificativa de “volta à normalidade”, Estados e Municípios discutem o retorno às aulas presenciais do ensino básico e já possuem datas marcadas para retornar. A prefeitura de Belém propõe o retorno em 1 de setembro, proposta similar ocorre no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, o retorno as aulas tem proposta apreciada hoje, 29/07, com previsão de votação em segundo turno na próxima semana, vale lembrar que a capital paulista é a cidade com mais óbitos no país, são quase 10 mil, o estado é o único que tem duas entre as 10 cidades mais afetadas. Este retorno precoce traz à tona a prioridade dos governos: o lucro acima da vida da população.

A reabertura das escolas pode significar uma nova onda de contágios!

O Brasil segue sendo o segundo país do mundo com maior número de infecções e óbitos e registra recorde de casos em apenas 24 horas: mais de 67 mil, escancarando a face genocida do governo Bolsonaro que, juntamente com governadores e prefeitos têm promovido a flexibilização do isolamento, reabrindo o comércio e os serviços não essenciais. As cidades com mais óbitos no país, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, seguem com estabilidade, das dez cidades com mais mortes, apenas quatro pertencem a estados em que os contágios estão diminuindo. O Rio Grande do Sul que vive uma ascensão de casos e óbitos planeja voltar às aulas em Setembro, o prefeito de Porto Alegre, Rodrigo Leite, contraiu Covid-19, mesmo com toda a segurança e aparato sanitário que o envolve, o prefeito não se move pela cidade por transporte público por exemplo.

Hoje, a principal medida de segurança para evitar o contágio é o isolamento social. Vários países que aceleraram a reabertura das atividades e o retorno às aulas precisaram voltar atrás, como a França ou na Coreia do Sul, em que as escolas reabertas tiveram de fechar por conta de novos focos de Covid-19.

As escolas públicas do país não dispõem de condições estruturais para evitar o contágio por Covid-19, não são raras escolas que não possuem sabonete, papel higiênico ou papel toalha para enxugar as mãos, banheiros quebrados e que não funcionam. É difícil imaginar que após todo o desmonte da educação pública, cortes sucessivos no orçamento, seja possível garantir condições mínimas para voltarmos as aulas com segurança. Para piorar o governo Bolsonaro negligencia totalmente a pandemia, e ignorando seus riscos, isso torna ainda mais difícil acreditar que haverá enfrentamento ao coronavírus nas escolas.

Com a reabertura toda a comunidade escolar volta a funcionar e diversos professores e membros do corpo técnico são pessoas em idade de maior vulnerabilidade. O transporte público é um dos mais importantes meios de contágio de Covid-19, com a volta às aulas os estudantes se tornariam vetor da doença. Além da exposição no transporte ou na escola, é preciso considerar que mesmo que os jovens não componham em sua maioria o grupo de risco, podem se tornar vetores do vírus. Segundo dados da Fiocruz, o retorno às aulas no RJ pode expor 600 mil pessoas de grupos de risco da Covid-19 que moram com estudantes, e em todo o país, o número chega a 9,3 milhões de pessoas.

Governadores e prefeitos pactuam com os empresários a favor do lucro e contra nossas vidas 

Os governadores não estão preocupados com a educação dos jovens e adolescentes, estão juntos com Bolsonaro pela reabertura a todo custo das atividades para beneficiar os empresários, que comandam as cidades. Precisam aumentar ainda mais seus lucros e o fazem se aproveitando do povo pobre, da juventude e dos trabalhadores.

Recentemente Bolsonaro foi flagrado conversando sem máscara com garis em Brasília, enquanto o prefeito de Belém, Zenaldo foi visto junto aos vereadores Mauro Freitas (PSDC) e Fabrício Gama (PMN), e o deputado federal e pré-candidato à prefeito Cássio Andrade (PSB) “curtindo” a praia em Salinas. Rifam nossas vidas e dirigem um verdadeiro genocídio anunciado!

No Rio Grande do Sul são noticiadas exclusão de matrículas de estudantes maiores de idade, demissão de professores contratados, mesma situação ocorreu no interior do Rio de Janeiro. Não restou alternativa às merendeiras e porteiros da cidade do Rio de Janeiro, com salários atrasados em 3 meses, foram para porta da prefeitura protestar.  O governador de MG, Romeu Zema, garantiu volta às aulas no segundo semestre, contudo o estado vê uma aceleração de casos depois da flexibilização do isolamento social, segundo o IBGE a volta às aulas poderia colocar em risco cerca de 1 milhão de pessoas em MG.

Não é possível reduzir danos! É preciso garantir alimentação, emprego e renda para seguir o isolamento social!

Para nós, o retorno às aulas presidenciais assim como buscar no ensino remoto tentativa de reduzir danos não é possível. Sabemos quem serão os principais atingidos em um novo surto de contágio, os mais pobres que padecem nas filas do SUS aguardando leitos. Durante a pandemia milhares de trabalhadores perderam seus empregos, não conseguiram manter suas fontes de renda e não foram atingidos pelo auxílio emergencial do governo federal, que tem valor muito abaixo do necessário para sobreviver, e são os filhos desses trabalhadores os alunos das escolas públicas. No Pará o vale-alimentação é insuficiente, no Rio de Janeiro há denúncias de desvio de merenda, assim como atraso, a prefeitura de Crivella foi multada por não fornecer alimentação durante a pandemia, promessa do prefeito quando se iniciou a pandemia na cidade. Também é preciso garantir o pagamento em dia dos professores e de todos os funcionários das escolas que mesmo fechadas, seguem precisando se manter.

Não existe o novo normal, reabrir o comércio não é voltar à normalidade, parar de morrer gente, sim! É preciso lutar contra a reabertura das escolas, retornar agora significa reforçar a falta de responsabilidade social e o aprofundamento da pandemia que já ceifou a vida de quase 90 mil brasileiros.

Diante de todo esse cenário professores de São Paulo organizaram uma carreata na zona sul da capital contra o retorno das aulas presenciais. Apoiamos o movimento de todos os trabalhadores da educação, acreditamos que esse é o papel dos estudantes e do movimento estudantil organizado. Nós da juventude Vamos à Luta opinamos que essa é a melhor maneira de enfrentar os ataques e a irresponsabilidade dos governadores e prefeitos, unificando a luta de trabalhadores, estudantes e do povo pobre, em defesa do isolamento social, de renda e da vida. Esse deve ser o caminho que devem tomar a UBES e a UNE, convocando atos unificados com setores que se dispõem a lutar como os entregadores de aplicativos, que fizeram duas paralisações. É preciso que a UBES saia da paralisia e convoque manifestações contra a volta presencial das aulas, que coloca em risco alunos, professores e trabalhadores.

 

-Não ao retorno às aulas! Nossas vidas valem mais que o lucro! 

-Exigimos alimentação para todos os estudantes das escolas públicas enquanto durar a pandemia!

-Manter as escolas fechadas em defesa da vida!

-Pagamento integral do salário dos trabalhadores da educação, se atraso e sem cortes!
-É preciso garantir o emprego: Nenhuma demissão dos terceirizados e terceirizadas!

-A UBES precisa sair da paralisia e convocar um calendário unificado de lutas contra a volta às aulas!

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