Thales Iwashima – Estudante da UNICAMP e militante da juventude Vamos à Luta.
Na primeira assembleia geral do ano, ocorrida após muita pressão dos CAs, participaram mais de 650 estudantes, e tivemos importantes deliberações: um ato no dia 1º de Setembro na Reitoria (data da votação), e a formação de Grupos de Trabalho (GTs), para organizar a luta na universidade toda em frentes (Mobilização, elaboração de contra-proposta). Nós, da Juventude Vamos à Luta, acompanhamos e participamos desse processo e, através dessa nota, levantamos algumas considerações e propostas para pensar os próximos passos para que a luta em defesa das bolsas seja vitoriosa.
Os governos Bolsonaro e Dória têm, para a educação pública, um projeto de aprofundar o sucateamento e privatização, para que sejamos nós que paguemos a conta da crise. Na Unicamp, a reitoria segue a cartilha de Dória e ataca a comunidade universitária com cortes de verba, demissão de terceirizados e não contratação de professores e técnicos-administrativos. A justificativa é que não tem dinheiro, enquanto amplia a participação das grandes empresas na Unicamp, buscando na iniciativa privada o financiamento para contornar a crise. Dória segue com o projeto de vender toda São Paulo e, em vez de cobrar dos devedores da Dívida ativa do Estado, prefere tramitar o PL 529, que ataca o orçamento das estaduais paulistas, além da saúde, moradia, habitação, e os servidores públicos.
Logo após a aprovação da cobrança de mensalidades na pós-graduação, modalidade lato sensu, seu ataque mais recente é uma proposta de reforma do sistema de bolsas, que na prática vai colocar para fora da universidade centenas de estudantes e impor regras surreais para qualquer estudante pobre que venha a ingressar. Sem as bolsas, o direito de estudar é negado; o que propõe o Reitor, Knobel, é fechar as portas da Unicamp para população periférica e aprofundar o abismo da desigualdade existente, transformando a universidade num lugar reservado para as elites.
A organização e mobilização dos estudantes
Tem sido muito importante que dezenas de estudantes dediquem seu tempo para compreender mais a fundo a proposta e contrapor a elaboração da Reitoria, a partir do GT de contraproposta. Igualmente importante foi, e continua sendo, o trabalho institucional de ativistas e Representantes Discentes por meio de reuniões com professoras, professores, coordenadoras e coordenadores votantes.Tão importante quanto foi também o abaixo-assinado contra a reformulação das bolsas, que chegou à 3162 assinaturas – além de cumprir um papel de discussão sobre o tema.
Nos parece que o terreno institucional é muito importante para a disputa, mas não pode ser o único ou prioritário. A maioria dos docentes que votam vivem uma realidade apartada da maioria dos estudantes, como aqueles que recebem acima do teto do Governador, e são muito alinhados com a reitoria; sem falar que dentro dos espaços de poder universitário (CONSU, ou na sua subcomissão CEPE) somos minoria absoluta(representando apenas 15%, enquanto os docentes tem 70% e os tecnicos também 15%), não sendo um processo verdadeiramente democrático.
Por isso, entendemos que a retirada de pauta do projeto apresentado por Knobel, na reunião da CEPE do dia 1º, é uma vitória parcial que só foi possível com a organização do ato presencial em frente à reitoria, que contou com cerca de 150 alunos, mesmo em um período de quarentena – o que demonstra a disposição para lutar.
Em todas Universidades do país têm ocorrido ataques dos mais variados (corte de bolsas e bandejão, aplicação do ERE – Ensino Remoto Emergencial-, demissão de terceirizados), e onde foi possível barrar total ou parcialmente os ataques o elemento fundamental também foi a mobilização.
Não temos dúvida de que o determinante é se mais estudantes se somam conosco, se há novos dias de luta e protesto, se ganhamos apoio da população e conseguimos mais aliados nessa batalha. Nós não defendemos uma política de mal-menor ou conciliação com a reitoria, onde se entrega os anéis para manter os dedos, e chamamos todes a não aceitar perder nenhum direito. Por isso, consideramos que é absolutamente necessário que os CAs e o DCE tenham como prioridade a organização dos próximos passos da mobilização coletiva dos estudantes.
Por fim, é muito importante o posicionamento que o Conselho de Representantes de Unidade (CRU) do dia 10/9 tirou em defesa da Educação Pública e contra qualquer financiamento privado como alternativa de superação da crise. Nesse sentido o reitor já fez sua escolha, e de “defensor da democracia”, passou à defensor das privatizações, fortalecendo o projeto de Dória e Bolsonaro. Seguimos em defesa de verba pública para a Educação Pública, porque quem tem que pagar a crise são os megaempresários e banqueiros, que são isentos de impostos e batem recordes de lucro em meio à pandemia, não nós. Nossos aliados são os trabalhadores, e unificar com os técnicos da universidade, e as categorias que se mobilizam é prioritário.
Considerando tudo que foi dito, concretamente propomos:
Por um novo ato presencial no dia da votação da CEPE, a ser encaminhado na assembleia geral do dia 24/09;
Por assembleias nos cursos, organizados pelos CAs, que discutam o ataque às bolsas e chamem a mobilização;
Fortalecer o GT de mobilização para a construção de um ato maior que o anterior e ampliar as campanhas online, para dentro e fora da Unicamp;
Nenhuma confiança na institucionalidade antidemocrática da reitoria, apostar na nossa auto-organização e mobilização;
Buscar ações unitárias com os trabalhadores técnicos/terceirizados da universidade para unificar nossas lutas;
Todes à assembleia geral do dia 24 de Setembro, 17h30, Vamos à Luta!