O agravamento da pandemia do coronavírus com mais de mil mortes diárias no Brasil, uma nova cepa e o colapso da Saúde com falta de oxigênio em Manaus e no Baixo Amazonas (Pará) nos coloca em uma realidade potencializada pelo negacionismo e falta de políticas efetivas do governo Bolsonaro e governadores dos Estados.
Desde o ano passado em meio a essa crise o MEC e reitorias aplicaram o Ensino Remoto que teve diferentes nomes nas universidades, ERE (Ensino Remoto Emergencial) na UFPA e PLE (Período Letivo Especial) na UNIFESSPA. No debate de implantação nós da juventude vamos à luta estivemos contra o ensino remoto e alertamos seu caráter excludente, que não priorizava a qualidade do ensino, desprezava o tripé ensino-pesquisa-extensão e precariza a formação de milhares de discentes. Hoje, completado o semestre e quase dando início a outro, podemos confirmar o que vínhamos alertando: a maioria não conseguiu acompanhar os semestres e disciplinas, muitos ficaram sem auxílio inclusão digital satisfatório e os que conseguiram relatam que foi super insatisfatório seu resultado.
NA UFPA A FLEXIBILIZAÇÃO E AUXÍLIO FORAM MENTIRA
O reitor, hoje eleito e empossado, Emmanuel Tourinho mentiu ao dizer que os estudantes não seriam prejudicados, principalmente os que se encontram em vulnerabilidade. Os alunos/as que receberam auxílio para compra de equipamentos não conseguiram adquirir equipamentos suficientes devido ao alto valor destes, as demandas de Chips de internet foram de baixa porcentagem de atendimento e insuficiente, além disso falta transparência nos dados de participação no primeiro semestre remoto. Turmas que foram formadas com poucos discentes tiveram queda de metade dos alunos que não conseguiram acompanhar as aulas e, para piorar, existem casos de reprovações que aconteceram, mesmo a minuta votada “garantir” a não reprovação que inclusive incide nas médias e CRG dos/das discentes.
Agora no próximo semestre as flexibilizações não irão acontecer e se tornou obrigatório aderir a essa modalidade de ensino. Por isso seguimos defendendo que nesse período eram necessárias atividades formativas emergenciais e não a substituição das disciplinas obrigatórias presenciais para o modo virtual e precarizado.
NA UNIFESSPA O QUE ERA RUIM VAI PIORAR
Na UNIFESSPA, houve a desistência e reprovação de mais da metade dos matriculados/as no primeiro semestre do PLE. Um dos fatores que contribuiu para essa evasão foi o atraso nos programas de auxílios estudantil do PLE, tais programas só foram disponibilizados no fim do semestre. No início do debate sobre o PLE na UNIFESSPA, uma das principais bandeiras levantadas como critério para a aprovação deste era a não-obrigatoriedade de cursar o ensino emergencial.
Isso se mostrou contraditório, principalmente para estudantes indígenas e quilombolas, que para continuar recebendo seus auxílios teriam que comprovar que estavam matriculados no semestre. Da mesma forma, para ter acesso ao direito de meia passagem estudantil no transporte público de Marabá, também é necessário apresentar o comprovante de matrícula. Agora, no próximo semestre, estudantes que não se matricularem em pelo menos uma disciplina, terão seu curso trancado. Todos esses fatores só comprovam o que apontamos desde o início, o PLE é excludente.
Muitos de nós tivemos a vida acadêmica prejudicada por diversos motivos: necessidade de trabalhar para ajudar a família, perda de familiares pela COVID-19, falta de acesso a meios para acompanhar as aulas, entre outros fatores. É um verdadeiro desserviço a decisão da universidade de retirar a flexibilidade do Ensino Remoto.
VOLTA AS AULAS SÓ COM VACINA – Defender a permanência e assistência estudantil
No momento atual as entidades estudantis e sindicais da universidade devem ter como centro a luta para garantir vacinação para todos e pressionar as reitorias a somarem nessa luta e impedir qualquer tentativa de retorno sem segurança e vacinação. Defendemos a ciência e que a comunidade universitária possa voltar com segurança, pois com os próprios cortes do Bolsonaro as estruturas das universidades não têm condições de garantir álcool em gel para todos, limpeza e higienização dos ambientes e testagem em massa.
Não concordamos com a obrigatoriedade e as ameaças de perda de bolsa e auxílio, neste momento precisamos que as verbas que não estão sendo usadas como do PNAES para viagem, eventos e o funcionamento dos Restaurantes Universitários por exemplo, sejam destinadas a garantir auxílio digital e esforços para permanência das e dos estudantes da cidade e do campo, dos campi e polos, para que de verdade e não apenas no discurso nenhum estudante fique pra trás, pois a responsabilidade da pandemia não é individual.