NÃO ESQUECEMOS E NEM PERDOAMOS: DITADURA NUNCA MAIS!

Em 1964, o Brasil vivia um momento de muitas lutas. A classe trabalhadora, os camponeses, a juventude e os setores populares se mobilizavam por melhores condições de vida. Eram greves nas fábricas, ocupações nos campos, atos nas ruas, debates nas universidades e comícios nos estádios. O governo João Goulart, pressionado pelas mobilizações, se viu obrigado a tentar implementar reformas que fizessem concessões aos movimento. Com medo de perder seus privilégios, o imperialismo ianque e a burguesia brasileira articularam junto com o alto escalão do exército um golpe que liquidasse as mobilizações e fechasse a situação de instabilidade no país, garantindo os interesses das classes dominantes.

Sem uma direção revolucionária que preparasse a luta contra o golpismo, os trabalhadores foram pegos desprevenidos, caindo no conto de que seria possível mudar a realidade apenas por meio de reformas, deixando intacto o poder da burguesia. Entre o dia 31 de março e 1 de abril foi concretizado o golpe civil-militar, inaugurando um regime assassino que durou 21 anos, tempo em que se buscou varrer do mapa e afogar em sangue qualquer resquício de organização operária, estudantil e popular. As greves e as lutas foram proibidas, os lutadores e as lutadoras presos, torturados e mortos. As entidades da nossa classe, como os sindicatos, UNE, DCEs, Grêmios, foram fechadas. As eleições eram manipuladas e a liberdade de expressão censurada. Junto com isso, houve a piora no nível de vida dos trabalhadores e do povo, que tiveram a sua exploração aumentada para garantir os lucros dos patrões. Foram os chamados “anos de chumbo”.

No final dos anos 70 e início dos anos 80, as difíceis condições de vida levaram a surgir uma nova vanguarda lutadora. O caso mais marcante foram os operários do ABC paulista, que realizaram gigantescas greves questionando a política de fome e o autoritarismo do regime. Isso permitiu a fundação do PT e da CUT, que cumpriram um papel importante nesse momento. O conjunto do povo passou a se mobilizar junto com os trabalhadores, a UNE foi refundada, e a campanha das Diretas Já viria a inaugurar o fim do regime militar. Infelizmente, a falta de uma alternativa dos trabalhadores na direção desse processo fez com que setores da oposição liberal pactuassem um fim “lento e gradual” para a ditadura, com realização de eleições pactuadas para reestabelecer a democracia e a anistia para os perseguidos políticos, mas ao custo de perdoar também os assassinos e torturadores do regime. É por isso que nunca houve um verdadeiro julgamento que punisse de forma exemplar os responsáveis por todas as atrocidades e seus cúmplices, além de manter intacta toda a política econômica da exploração capitalista.

Posteriormente, o PT chegaria ao poder, governando em conjunto com a burguesia, até mesmo com setores que participaram da ditadura. No governo Dilma, chegou a se abrir uma Comissão da Verdade e Justiça para investigar os crimes da ditadura, mas, após receber os resultados, Dilma e o PT preferiram enterrar o passado e dizer que “não fariam perseguição”. Mas esqueceram que perseguição e justiça são coisas bem diferentes.

DITADURA ASSASSINA, BOLSONARO GENOCIDA!

Em 2021, estamos vivendo a pior crise da história do capitalista, junto com uma das piores pandemias da história, com o povo morrendo de fome e de vírus, enquanto temos um governo genocida que contribui diariamente para isso. Não é à toa. Bolsonaro e os membros do seu governo são saudosos da ditadura militar. Acham que durante a ditadura, “o erro foi não ter matado mais”. Seu governo está recheado de membros da alta cúpula do exército, que, a cada dia que passa, demonstram mais a sua incompetência em lidar com a pandemia. Não sabendo o que fazer com a indignação crescente do povo, precisam apelar a ameaças e repressão contra os lutadores, temendo que a mobilização popular faça seu governo cair. Para eles, os dia 31 de março e 1 de abril são datas a serem comemoradas.

De nossa parte, enquanto juventude estudantil e trabalhadora, entendemos que são datas que devem ser lembradas e repudiadas, todos os anos, para que nunca mais se repitam. Não esquecemos os nossos mortos que tombaram por lutar por um mundo melhor. E nem perdoamos aqueles que os exploraram, torturaram e assassinaram. Contra os resquícios da ditadura e contra a fome, as mortes por Covid-19 e os ataques do presente, a classe trabalhadora, a juventude e o conjunto do povo pobre precisam se mobilizar.

Sigamos o exemplo dos atos antifascistas do ano passado que repudiaram o autoritarismo do governo Bolsonaro, e dos estudantes que hoje protestaram em frente ao DOPS no Rio de Janeiro. Que a UNE e a UBES, em conjunto com a CUT, CTB, MTST e demais entidades da classe trabalhadora convoquem uma jornada de lutas para repudiar o autoritarismo bolsonarista e lutar por memória, verdade e justiça para os nossos mortos assassinados pela ditadura!

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