O calendário da UNE, ANPG e UBES precisa ser construído pela base
Isadora Bueno – Diretoria da UNE
No dia 14 de outubro, última quinta-feira, ocorreu uma Plenária Nacional Virtual, chamada pela UNE, ANPG e UBES. Esse espaço tinha o importante objetivo de debater as próximas lutas e construir os “próximos passos” para o Fora Bolsonaro. Uma agenda de mobilizações foi definida ao final, incorporando datas como o ato das periferias no dia 23/10 e o Dia do Servidor Público (28/10) e aprovando o dia 26/10 como o Dia de mobilização contra os cortes no MCTI, além de aprovar a semana do dia 25 a 29 como semana de mobilização em defesa da educação.
Nós, da Juventude Vamos à Luta, tínhamos defendido unificar o chamado do dia 26 com a luta dos servidores contra a Reforma Administrativa prevista para o dia 28. Os cortes na Educação e na Ciência e a PEC 32 são parte do mesmo projeto privatista do governo Bolsonaro e buscar unificar as datas certamente fortaleceria nossa luta.
Infelizmente, a direção majoritária da UNE apostou em um calendário disperso e sem construção pela base dos estudantes. A Plenária não apontou nenhum outro espaço de mobilização pelas bases nos encaminhamentos, como plenárias ou assembleias. Além disso, a própria realização da Plenária teve pouca divulgação, sendo convocada com poucos dias de antecedência e contando com pouco mais de 200 participantes, reflexo da falta de mobilização para ela.
É urgente tomar as ruas
É fundamental construir um calendário para derrubar Bolsonaro e, mais do que isso, é possível construir um novo Tsunami da Educação. Mas, para isso, as direções do movimento estudantil precisam ser consequentes com essa batalha e não apenas esperar por 2022, enquanto as universidades são destruídas e os filhos da classe trabalhadora expulsos pela falta de condições de permanência.
Os estudantes estão indignados e querem derrotar Bolsonaro/Mourão e Milton Ribeiro agora! Demonstração disso é a mobilização dos bolsistas da CAPES, centralmente da Residência Pedagógica e PIBID, que se organizaram após o atraso das bolsas. O comunicado da CAPES foi divulgado uma semana antes da Plenária Nacional, muito próximo também ao corte de 92% em Pesquisa e Tecnologia, que inviabiliza a existência plena da CNPq. Não podemos e não queremos ficar em nossas casas esperando o desmantelamento da pesquisa, das nossas universidades e da educação! O movimento estudantil, que hoje não consegue garantir sua subsistência pelo sucateamento da Assistência e dos programas que possibilitam nossa permanência, precisa derrubar Bolsonaro nas ruas!
O desmonte da educação faz parte de um projeto global, de ataque, exploração, precarização da vida e de morte da classe trabalhadora e seus filhos. O mesmo projeto de privatização dos Correios e da PEC 32 (Reforma Administrativa), que visa, por fim, que a universidade seja para poucos, privatizada nas mãos dos megaempresários que transformam a educação em negócio. Por isso, está colocada a necessidade de uma resposta contundente nas ruas e em unidade com a classe trabalhadora pra derrotar esses ataques e por pra fora esse governo.
Infelizmente, a majoritária da UNE não é consequente na construção de um novo Tsunami da Educação, mesmo com os cortes brutais que nos assolam, à medida em que encaminha um calendário pulverizado. Grande parte das entidades estudantis dirigidas pela majoritária da UNE (UJS, LPJ, JS e juventudes do PT) já vêm jogando pouco peso nas mobilizações, chamando assembleias para construção das datas em cima da hora ou simplesmente as ignorando. Também silenciam sobre o dia 15 de novembro, data votada como próximo Dia Nacional pelo Fora Bolsonaro, mas que corre o risco de ser desmontado pelas direções do movimento.
Tomar as ruas em defesa da Educação e da Ciência. Fora Bolsonaro e Mourão!
Nesse sentido, nós da Juventude Vamos à Luta fazemos um chamado por uma universidade e um país a serviço da classe trabalhadora, que o movimento estudantil deve construir ao lado dos nossos aliados trabalhadores. Precisamos estar nas ruas nas periferias no dia 23/10 e unificados com os trabalhadores contra os ataques à educação e as privatizações no dia 28/10, construindo, a cada passo dado, atos massivos no dia 15/11, que deem o recado para todo o governo Bolsonaro e os capitalistas; que coloquem, de fato, que não aceitaremos atrasos de bolsas, cortes em pesquisa, sucateamento e destruição da Assistência Estudantil, retorno sem protocolos e imunização e nem um governo que mate e destrua os sonhos da juventude cotidianamente! Os estudantes têm disposição e sabem que esse é o caminho, é necessário que suas direções acompanhem suas angústias e lutas e construam assembleias de base para efetivar esse calendário e rumar de fato ao Fora Bolsonaro! A UNE, DCEs e demais entidades precisam efetivar essa agenda de lutas, com construção desde já!