66º CONEG DA UNE | Brasil da lama ao caos: A Resposta tem que ser radical!

O CONEG (Conselho Nacional de Entidades Gerais)  da UNE aconteceu em São Paulo entre os dias 20 e 22, com o objetivo de reunir DCEs e entidades estudantis de todo o país. No espaço iriam se decidir resoluções sobre a conjuntura, movimento estudantil e Educação, além de uma plataforma eleitoral para ser apresentada para os presidenciáveis.

Vivemos uma situação de caos no país, um governo com 3% de aprovação e atolado na lama da corrupção. Nas universidades há uma crise generalizada, sentindo na pele os efeitos da EC 95, os trabalhadores terceirizados estão sendo demitidos, os concursos para docente e funcionário estão congelados, aumenta o preço dos bandejões (quando há bandejão) e corte nas bolsas de permanência. Nas universidades privadas, seguem os aumentos abusivos de mensalidade.

A resposta dos estudantes tem sido a mobilização. Na UnB a reitoria quis demitir estagiários e terceirizados e a universidade foi tomada por uma baita greve unificada. As estaduais paulistas acabaram de sair de uma greve dos trabalhadores que contou com apoio dos estudantes paralisando, fazendo atos e greve em algumas unidades.  A UFSCAR teve a reitoria ocupada contra o aumento do bandejão e a reitoria teve que abaixar o preço, vitória da mobilização. Há agora um chamado pelas centrais sindicais, no dia 10/08, dia nacional de paralisações contra Temer e suas reformas.

As traições da majoritária e o CONEG da UNE

É nesse contexto que aconteceu o CONEG da UNE, reunindo DCEs e estudantes. Que poderia organizar a luta unificada entre as universidades do país, convocando um calendário de lutas, com paralisações no dia 10 junto à classe trabalhadora.

Foi um espaço bem esvaziado, contando com a presença de poucos DCEs, não chegando à 300 pessoas, com discussões e mesas que não refletiram as lutas protagonizadas pelos estudantes no último período. Isso porque a UJS(PCdoB)/ as Juventudes do PT e o Levante Popular da Juventude, que dirigem a UNE, não estiveram nas lutas e também não querem que aconteçam novas. Abandonaram a luta pelo Fora Temer, se adequando ao calendário eleitoral. Para a direção da entidade o importante era que o espaço afirmasse o Lula livre e saísse uma plataforma eleitoral unitária, como se as eleições resolvessem tudo.  

A grande verdade é que não existe salvador da pátria e não dá para ter confiança apenas no jogo de cartas marcadas que são as eleições, onde manda quem tem dinheiro: só podemos confiar nas nossas próprias forças e na luta. Temer, mesmo que morto-vivo, ainda segue sendo governo e nos atacando. Ao não convocar o dia 10 nem nenhum calendário a UNE abandona o Fora Temer. Também achamos um grande erro a proposta de defesa do Lula, que após treze anos governando junto às grandes empreiteiras corruptas, aliado com o que há de pior na política: de Temer à Eduardo Cunha, latifundiários e banqueiros, e entregue ao financiamento empresarial de campanha, se tornou parte desse sistema podre.Lula está preso hoje por ter se envolvido em esquemas de enriquecimento ilícito. Não é nosso papel sua defesa. Pelo contrário, devemos lutar pro prisão e confisco dos bens de todos os empresário e políticos corruptos, sem seletividade. Lutar contra Temer e o ajuste, e não em defesa de Lula.

É necessário uma nova direção para o movimento estudantil: de luta e radical

 Dentro da UNE a Oposição de Esquerda é o campo dos coletivos que que nao compoem o campo majoritário, composto pelas juventudes do PSOL, PCR e PCB. Setor que organizou uma importante plenária no CONEG, exemplo para repetirmos nas universidades e estados.

Faz falta no meio da crise que vivemos uma direção que chame os estudantes a se mobilizarem na luta, ao invés de trair e negociar com governos e reitorias. Foi nesse sentido que batalhamos para que em todas as resoluções a O.E. tivesse posição unitária, em oposição à majoritária.  

Desde o impeachment a UJS defende que é momento de unidade, que o inimigo agora é Temer. Sabemos que, independente do governo, não mudou em nada o caráter da majoritária: uma burocracia à serviço dos ricaços, preocupada com seus privilégios e aparatos. Infelizmente nem toda O.E. vai a fundo na linha de que o campo exista como uma oposição pública da UNE. Achamos essa posição um erro, que não ajuda a construir pelo país uma alternativa à direção traidora da UJS/PT/Levante. Não temos confiança nessa velha direção burocrática.

Infelizmente, as resoluções de Conjuntura e Movimento Estudantil apresentada pela O.E. não se diferenciavam a fundo da majoritária, chegando a dizer que houveram avanços na Educação durante os governos do PT e que a prisão de Lula faz parte de uma escalada reacionária no país. Os companheiros também não viam a importância do dia 10/08, tratando como se fosse um dia sindical que nada tem a ver conosco. Resoluçoes que não defendemos. Surgindo uma proposta alternativa do Vamos a Luta (CST e independentes) e do PPL pautando o combate à corrupção, suspensão do pagamento da fraudulenta dívida pública e a necessidade da lutar nas ruas contra Temer e o ajuste

Reivindicamos a unidade da OE na resolução de educação/plataforma eleitoral

Porém, foi positivo que na resolução de Educação / Plataforma eleitoral se apresentou uma plataforma da O.E, em contraponto à proposta da majoritária da UNE. Isso é muito importante, já que nossas candidaturas nas eleições nada tem a ver com as da majoritária, representantes do velho sistema político falido. E apresentamos uma plataforma eleitoral que demarcou um campo que propõem a ruptura com o sistema político podre vigente, que parta da suspensão do pagamento da dívida pública, para ter dinheiro para educação e as áreas sociais. E que aponta a luta e a mobilização como única saída para a classe trabalhadora e a juventude. Chamamos aos coletivos da Oposição, as juventudes do PCB, PCR e das correntes do PSOL, a fortalecer o campo de esquerda da UNE, fortalecendo uma fração publica, fazendo o que a majoritária não faz, na batalha por uma nova direção da entidade. E organizando a luta contra Temer em cada universidade do país, a partir das calouradas que vão vir em agosto.