Chega! A Juventude precisa de Lazer, cultura e educação!

A cidade de Suzano, grande São Paulo, testemunhou um triste episódio no dia 13 de março: 2 jovens entraram armados na escola estadual Raul Brasil e assassinaram 5 alunos, duas funcionarias da escola além do tio de um deles morto antes do massacre. Outros 11 alunos foram feridos. Os autores, Guilherme Taucci e Luis Henrique de Castro eram declaradamente simpáticos a ideias de extrema-direita, ao presidente Bolsonaro e a movimentos pró-armas.

Diante da brutalidade e das características desse crime é impossível não lembrar da realidade dos EUA onde esse tipo de ataque é muito frequente e cuja legislação acerca do armamento é muito reivindicada pelas políticos de direita e extrema-direita no Brasil, incluindo o presidente.

Há um ano milhares de estudantes norte-americanos tomavam as ruas de centenas de cidades do EUA em diversos atos e paralisações exigindo mais rigor no controle do porte de Armas no país. O movimento se deu a partir de um chamado de estudantes sobreviventes do massacre ocorrido na Escola Marjory Stoneman Douglas, na Flórida em fevereiro de 2018,onde 17 estudantes foram mortos.

Dezenas de milhares de secundaristas paralisaram as suas aulas no aniversário de um mês do massacre. Dez dias depois, a “March for our lives” (marcha pelas nossas vidas) reuniu estudantes, professores ,pais de alunos, sobreviventes de massacres anteriores e o movimento negro ( que agregou ao movimento o combate à violência policial) além de membros dos movimentos anti-guerra em Washington, New York, Chicago e 800 cidades do país na maior manifestação anti-armas do país.

A reivindicação central era de uma Lei federal que restringisse o porte de armas. Entre as pautas estavam a proibição dos fuzis de assalto, aumento da idade mínima para o porte de arma (que atualmente é de 18 anos), mais rigor na checagem de antecedentes, ampliação do atendimento a jovens com transtornos psicológicos. O movimento rejeitou massivamente a declaração do presidente Donald Trump que propôs armar os professores para prevenir novos ataques.

O que nos diz a realidade do EUA?

Os ataques a tiros em escolas norte-americanas passaram a fazer parte da realidade daquele país, aumentando de forma assustadora nos últimos vinte anos. Entre 2000 e 2018 foram registradas 66 mortes em ataques a escolas e cerca de 187.000 alunos já foram expostos à violência armada dentro do ambiente escolar (Fonte: Revista Exame). O Massacre ocorrido na Florida foi o 2º mais letal, atrás apenas do massacre na escola primária de SandyHook, em 2012. Fora das escolas, em 2017 a cidade de Las Vegas testemunhou o maior massacre a tiros da história do País com 56 mortos e, um mês depois, um jovem de 26 anos matou 26 pessoas em uma igreja no TEXAS.

Pesquisadores de renomadas instituições norte-americanas apontam a extrema facilidade do acesso a armas como diretamente relacionadas aos recorrentes massacres nas escolas e fora delas. Os EUA são o país com mais armas percapita do mundo com cerca de 89 armas para cada 100 habitantes e lideram o ranking de homicídios por arma de fogos entre os países desenvolvidos (Fonte: revista Exame). Por trás desses dados há grandes empresas de armamentos que juntas formam um dos lobbys mais poderosos dos EUA com grande influência sobre o parlamento e a Casa Branca, que atuam sistematicamente para ampliar as facilidades para obter armas ( e consequentemente aumentar a produção) e impedir leis no sentido contrário. A legislação sobre o porte de arma varia de estado para estado e geralmente e é bastante branda.

A realidade dos EUA desmente o argumento daqueles que defendem resolver o problema da insegurança com mais armas e deve nos servir de alerta das consequências que as políticas do governo de facilitar e promover o armamento como política de segurança pública pode nos trazer.

Trump e Bolsonaro, amigos da indústria de armas

Esse “modelo” de leis acerca do armamento é intensamente reivindicado pela direita e extrema-direita no Brasil, e foi uma das marcas da campanha presidencial de jair Bolsonaro, que por mais de uma vez posou para fotos com crianças fazendo o símbolo de “arminha” com as mãos e chegou a declarar a jornalistas que todos os seus filhos aprenderam a atirar com menos de 5 anos de idade.

Uma das primeiras ações de Bolsonaro ao assumir a presidência, se utilizando do imenso sentimento de insegurança causado pelos altos índices de assaltos e homicídios, foi lançar mão de um decreto de flexibilização da posse de armas (em casa e empresas no caso de empresários). O Decreto regulamentou os termos da “efetiva necessidade” abarcando potencialmente moradores de todo país. Foi ampliado o prazo para renovação do registro de 5 para 10 anos e diminuído o poder da polícia Federal para concessão da licença.

Com a medida Bolsonaro reforçou seus compromissos com a bancada da bala e o mercado do setor, inclusive multinacionais como a Taurus imitando mais uma vez Trump que se autodeclara como um “grande aliado da indústria de armas na casa Branca”. Os discursos de Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil são muito parecidos, ambos apontam soluções ineficazes como armar professores pra evitar a atuação de atiradores nas escolas e tentam desviar o foco das reais causas da violência. Os interesses de ambos giram mais em agradar seus financiadores e sua base de ultra-direita, além de aplicar uma política de repressão do que em resolver o problema da violência. Precisamos combater a política assassina de Bolsonaro, Trump e a indústria multinacional de armas que só nos traz mais insegurança e morte em favor do lucro dessas empresas.

Organizar a luta em defesa da segurança nas escolas. Pela revogação do decreto de posse de armas!

A insegurança das ruas e nas escolas não se combate com mais armas e sim com políticas públicas, a juventude precisa de acesso à educação, lazer , esporte e cultura, as escolas precisam contar com boas equipes não só de segurança mas de psicólogos, assistente sociais e pedadagogos. É preciso defender as escolas e universidades públicas de nosso país, seja da insegurança, seja do corte de verbas, seja da tentativa da extrema-direita de impor mordaças nos alunos e professores por meio do projeto Escola sem partido. E para isso precisamos estar permanentemente mobilizados.

É preciso exigir a revogação do decreto de armas , bem como lutar contra projetos que flexibilizem o porte. O exemplo dos grandes atos que tomaram conta dos Estados /Unidos no ano passado nos mostra a disposição e politização de juventude que questiona nas ruas o governo de extrema –direita de Trump e qual o caminho devemos seguir para enfrentar o governo de Bolsonaro.