Quarentena Geral já! Fora Bolsonaro e Mourão!
Coordenação do Vamos à luta UFF
O presidente Bolsonaro, junto de seu Ministro da Educação Abraham Weintraub, segue atacando a educação pública e os direitos dos estudantes mesmo durante a pandemia que vivemos no país. Negligenciando a gravidade da situação diariamente, a política genocida do governo federal tenta desmontar o isolamento social que é fundamental nesse momento. Em continuidade ao projeto de privatização e desmonte da educação pública, Bolsonaro e Weintraub tentam empurrar goela abaixo o ensino à distância, nas escolas e universidades, assim como insiste em manter o calendário do ENEM.
Alguns estudantes podem pensar que, em meio ao isolamento social, o ensino de forma remota pode ser uma solução, mesmo que não considerem isso o ideal. Porém, queremos demonstrar como isso na verdade é uma grande armadilha para nós, assim como aprofunda a desigualdade social e a exclusão nas universidades.
Em primeiro lugar, é impossível aplicar o modelo EAD de forma justa. Mais de um terço das casas no Brasil não tem acesso à internet. Um índice que se amplia nas camadas mais pobres da população. Muitos estudantes da UFF não teriam condições mínimas para acompanhar aulas. Além disso, muitos estudantes seguem tendo que trabalhar, seja fisicamente num contexto de extrema exposição e medo do contágio, seja de casa. Sem falar dos estudantes que perderam o emprego e não conseguem receber o auxílio emergencial.
As estudantes que são mães estão ainda mais sobrecarregadas com todos os cuidados com as crianças, muitas precisando dar conta de demandas escolares dos filhos inclusive. As mulheres, de maneira geral, que são responsabilizadas pelos cuidados com a saúde das famílias, algo que se aprofunda num contexto de pandemia e do completo colapso dos sistemas de saúde. Os recursos para a acessibilidade e inclusão de estudantes com deficiência também são ignorados nesse projeto, desde a educação básica, o que fica explícito, por exemplo, na proposta absurda de ENEM Online, sem garantir a acessibilidade para os estudantes com deficiência que pretendem ingressar no Ensino Superior.
Além disso, é um consenso entre os especialistas da educação que a qualidade do ensino à distância não chega nem perto do presencial. Diversos conteúdos ficam extremamente prejudicados na modalidade online. Nós não abrimos mão da educação de qualidade! Os espaços de troca presenciais são fundamentais para a nossa formação e também para construirmos espaços críticos, tanto de ensino e aprendizagem, quanto de debate político, nos espaços de organizações estudantis e de trabalhadores da universidade.
Querem aplicar o ensino remoto como se nada estivesse acontecendo, em um momento no qual estudantes, professores, técnicos-administrativos e terceirizados da UFF passam por uma situação muito difícil, quando estamos perdendo parentes para o coronavírus, a condição econômica e social do país só piora e em que nossa saúde mental está debilitada.
Por último, acreditamos sim ser uma armadilha. Bolsonaro e Weintraub não estão nem um pouco preocupados com a educação pública. Cortaram mais de 20 bilhões de reais do orçamento do MEC para 2020 e em meio à pandemia e estão desmontando a CAPES e a CNPq com cortes profundos de bolsas. O projeto para educação deles é privatizar as universidades, por meio do future-se. Entregar a gestão para os grandes empresários do setor e cobrar mensalidades.Eles querem a educação apenas para uma elite e nada nos garante que após a crise do coronavírus, não queiram manter o aprofundamento do EAD como caminho para a privatização da universidade. Não confiamos um milímetro nesse governo.
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Antonio Claudio, reitor da UFF, mais uma vez se comporta como capacho do governo!
Se entramos na página da UFF no facebook, parece até que a reitoria está bastante preocupada com a situação sanitária. Porém, a realidade é outra. No Hospital Universitário Antônio Pedro já morreram três trabalhadoras, vítimas da negligência de Antônio Cláudio e da EBSERH, empresa que administra o HUAP. As condições de trabalho são péssimas, faltam EPIs, os profissionais de saúde não estão sendo testados para a COVID-19 e trabalhadoras e trabalhadores do grupo de risco seguem trabalhando. Maria Ignez Marques Procópio, Luciana Roberto de Souza e Célia Bastos Pereira faleceram tentando salvar vidas, e a culpa é da EBSERH, da reitoria e do governo Bolsonaro. As trabalhadoras e trabalhadoras do HUAP denunciaram a situação no hospital em uma manifestação no último dia 12, em meio ao dia da enfermagem, organizada pelo SINTUFF.
Agora a reitoria coloca na pauta do próximo Conselho de Ensino e Pesquisa (CEPEx) da quarta-feira, 20/05, a “Normatização de atividades que podem ser realizadas e concluídas remotamente – TCC, AC, optativas, obrigatórias, Regime excepcional de aprendizagem”. E a reitoria enviou um e-mail à comunidade universitária para “mapear as condições de acesso digital”. Ainda não é pública a proposta oficial da reitoria, porém declaramos que somos totalmente contrários à continuação do semestre de forma remota. E chamamos o conjunto dos estudantes da UFF a se mobilizarem contra esse absurdo.
Barrar o ensino remoto! A prioridade é a vida!
Todos estamos preocupados com nossos cursos, com o atraso na formatura e diversos problemas que o coronavírus causará no calendário. Porém, entendemos que o momento é de priorizar ao máximo a vida, toda a estrutura da UFF e das universidades devem estar voltadas a isso. E, também, não podemos aceitar que a pandemia seja usada como pretexto para precarizar nossa formação e tornar as universidades ainda mais excludentes.
Por isso, achamos muito importante lutarmos nesse momento contra qualquer proposta de retomar o calendário de forma remota. O DCE da UFF corretamente chamou um Conselho de CAs e DAs para a pŕoxima quarta-feira, espaço que vamos compor e achamos que o máximo possível de estudantes deve participar para opinar sobre esse tema. É necessário que o DCE da UFF, dirigido pelo campo majoritário da UNE (UJS/PT/Levante Popular da Juventude/PDT) tenha uma posição frontalmente contrária a essa medida de precarização. Nesse conselho de entidades de base, achamos fundamental definir as ações coletivas que o movimento estudantil da UFF vai tocar contra o EAD.
Apoiamos também a luta dos servidores da UFF contra a reitoria e a EBSERH e engrossamos a exigência por testagem massiva, equipamentos de proteção, condições de higiene e liberação imediata de todas e todos do grupo de risco.
A nível nacional, precisamos dar continuidade a nossa luta para colocar para fora Bolsonaro e Mourão e garantir a quarentena geral a todos os trabalhadores dos serviços não essenciais, com garantia de salário e pagamento de auxílio emergencial de no mínimo um salário mínimo. Assim como é necessário fortalecer o SUS e garantir mais leitos de UTI com respiradores. Nós defendemos um plano emergencial alternativo, em que os ricos paguem a conta dessa crise, e não os trabalhadores e a juventude pobre. É urgente suspender o pagamento da dívida pública, taxar as grandes fortunas e estatizar o sistema bancário, para com esse dinheiro garantir o combate à pandemia.
Somente nossa luta pode conquistar isso. É necessário seguir o exemplo das trabalhadoras e trabalhadores da saúde, que tem se mobilizado em todo o país. As centrais sindicais como a CUT e a CTB precisam coordenar e impulsionar essas lutas, rumo à construção de uma greve geral. A UNE, entidade que representa os estudantes, deveria organizar também um CONEG extraordinário virtual, para organizar a luta pelo #AdiaENEM, contra o EAD e os cortes nas pesquisas