Reunido em plenária no dia 17/07/2011 durante o 52º CONUNE (Congresso Nacional da UNE – União Nacional dos Estudantes) o Coletivo Estudantil Vamos à Luta! aprovou a confecção e o envio de uma moção de apoio em relação aos últimos acontecimentos na UNIPAMPA –campus Jaguarão, um grupo de alunos tem sofrido perseguições da reitoria e de colegas de curso por reivindicarem posicionamento, justiça e democracia dentro da Universidade.
A Unipampa é uma universidade nova, que é alardeada pelo governo Dilma como exemplo de investimento público, porém não possui RU (Restaurante Universitário) e Casa do Estudante, dificultando assim a permanência de alunos vindos de outras localidades. Além disso, na UNIPAMPA-RS, campus Jaguarão, alunos estão sofrendo ameaças de processos no conselho de ética da Universidade e até processo judicial por calúnia e difamação.
A universidade concedeu uma bolsa de pesquisa para a vereadora Thiara Gimenez (atualmente licenciada do PT), até aí não há irregularidade em relação ao cargo eletivo que a aluna exerce e a contemplação de bolsa científica, o problema é que o índice de evasão tanto em universidades públicas como em universidades privadas tem tido aumentos substanciais a cada ano.
Com o conhecimento e vivendo a experiência de terem visto o seu próprio curso cair rapidamente de cinqüenta alunos em sala de aula para em torno de vinte alunos freqüentes e com matrículas ativas os estudantes questionaram a necessidade, a moralidade e a ética em relação à bolsa ofertada pela instituição à vereadora.
A forma utilizada pelo coletivo para publicizar o ocorrido foi uma entrevista a uma estação de rádio, a rádio Mauá, que fica na cidade de Rio Branco no Uruguai, cuja programação é ouvida nas duas cidades que caracterizam a fronteira entre Brasil e Uruguai. Os estudantes afirmaram em entrevista que NUNCA questionaram a capacidade da aluna e vereadora ou de qualquer outro estudante da Instituição, e deixaram claro que TODOS os alunos eram capazes de tal contemplação, entretanto pediram um posicionamento da universidade sobre o assunto, em vista que houve uma denúncia pública que envolvia a universidade e estudantes da mesma, além de existir alunos que precisariam mais da bolsa do que a vereadora. Voltando-se para a questão ética, explicaram, os universitários, que por ter sido eleita representante do povo a vereadora teria conhecimento dos problemas das universidades com relação a alunos que não conseguem se manter matriculados por conta de seu baixo rendimento financeiro e não conseguem arcar com todos os gastos que exige uma universidade ainda que pública como material, transporte, refeição e moradia (alguns estudantes chegam a pagar mais de R$400,00 em aluguel). Os estudantes alegam que existem suplentes os quais poderiam ter assumido a vaga, caso a vereadora abrisse mão da bolsa.
Há de se dizer que os alunos procuraram por três vezes a UNIPAMPA para que pudessem conversar sobre o caso, e exprimir sua opinião sobre a situação da bolsa, sendo recebidos uma vez por técnicos administrativos, marcaram uma reunião com o coordenador pedagógico do Campus que os deixou esperando por mais de uma hora, e na terceira vez foram recebidos em reunião de forma cordial, porém o encontro se realizou em um “tom” de inquérito policial, causando constrangimento e humilhações que reforçam a quebra do diálogo e caráter democrático da universidade que queremos. Na ocasião foram proferidos argumentos que desqualificavam os estudantes não contemplados pelas bolsas, levando-se em conta o ranqueamento pautado no produtivismo acadêmico como forma de avaliação, e ainda se colocou o tema discutido como modo de barganha política dos estudantes (por todo o contexto político municipal) questionando desta forma a autonomia enquanto coletivo reivindicatório, havendo por diversas vezes “conselhos” para que os estudantes respeitassem as hierarquias universitárias. A reunião findou-se e após a assinatura da ata ocorreram insinuações sobre o processo judicial já movido por uma das partes.
Outra discussão foi o fato de que a vereadora fazia parte também do CONSELHO EXTERNO do Campus da universidade, representando a sociedade civil, mesmo estando matriculada e sendo aluna freqüente do curso de História, em mais um caso conturbado de legalidade e moralidade.
O coletivo alega estar sendo perseguido pela diretoria e sofrendo ataques diretos e indiretos em horário de aula por colegas.
Cabe analisarmos que esta mesma universidade em menos de um ano atrás sofreu duras críticas dos mesmos alunos em um Seminário de Organização para a Marcha de Zumbi dos Palmares, na ocasião os alunos lembraram que um professor foi ofendido dentro da universidade por ser homossexual e negro, e a universidade nada declarou.
Em outro caso recente, o universitário Hélder, também do curso de História sofreu agressões e ameaças da Brigada Militar da cidade, o jovem também alegou racismo na ação da brigada, e mais uma vez a universidade não redigiu sequer uma nota repudiando a ação da brigada, o comportamento discriminatório da mesma ou declarando apoio ao aluno agredido.
Esse comportamento omisso da UNIPAMPA-RS (campus Jaguarão) não pode ser aceito com passividade, esse não é o modelo de Ensino Superior que queremos para o nosso país, acreditamos que em casos como esses é essencial que a universidade se manifeste, e nos casos de preconceito citados é imprescindível o repúdio imediato em relação a esse tipo de comportamento que infelizmente ainda resiste em existir.
Firmamos através dessa nota, que apoiamos os alunos que fizeram a denúncia em cada um dos casos citados, e que repudiamos a ação de coibir e exercer qualquer modo de pressão por um “cala a boca” aos alunos. Estamos certos de que os alunos têm direito, autonomia, e independência para se organizar e explicitar sua opinião sobre quaisquer assuntos, relativos à universidade ou não. Reiteramos, por fim, a universidade que desejamos, democrática, que ouça os alunos em cada momento, entendendo o seu lugar como representação pública de toda a comunidade, e principalmente quando este apresenta alguma polêmica, que esteja a universidade fadada a procurar um debate aberto com a sociedade sobre os mais variados assuntos e temas. Por uma universidade cada vez mais democrática, Vamos à Luta!