Durante toda a década de 80s e 90s o movimento negro brasileiro travou uma batalha ideológica para desmistificar a suposta democracia racial, ideologia propagada pelo estado, onde há negação dos conflitos étnico-raciais no país e racismo. No bojo desse debate, estava a luta por reparação histórica, que nunca veio, o processo de abolição não veio com direitos sociais. No fim dos anos 90s, o debate sobre as cotas sociais e raciais nas universidades ganha força e torna-se um marco na denúncia do racismo estrutural tupiniquim. O Brasil nunca rompeu o imaginário colonial, tampouco reconheceu as violações escravagistas aos direitos da população negra e pobre.
A política de cotas foi um primeiro passo afirmativo para reparar dívidas históricas, com ela ainda lutamos pela garantia de permanência estudantil nas universidades brasileiras. O governo Bolsonaro nunca escondeu sua intenção de colocar um fim às cotas, durante sua campanha eleitoral declarou que não havia escravizado ninguém, criticando duramente às cotas e negando a dívida histórica com os negros, seu antigo partido, PSL através de Rodrigo Amorim, apresentou na ALERJ um projeto de lei para abolir a lei de cotas, Dayane Pimentel seguiu o mesmo caminho em âmbito federal.
Pela primeira vez na história, estudantes negros são a maioria nas universidades públicas, refletindo o fato da maioria do país se identificar enquanto negro. Nesse momento, onde o presidente Sergio Camargo, da Fundação Palmares chama o movimento negro de escoria e os negros e negras morrem durante a pandemia, é preciso defender a lei de cotas contra qualquer ameaça, lutando contra a implementação do EAD, que somente beneficia os negócios espúrios de Bolsonaro e seu ministro da educação. Defender a lei de cotas e lutar contra o ensino remoto e garantir o passo que demos nos últimos oito anos.
As reitorias são coniventes com as fraudes
A partir da explosão da rebelião negra nos EUA, tomou as redes sociais denuncias expondo a fraude de cotas nas universidades, causando indignação no corpo estudantil. A autodeclaração é fundamental para combater o mito da democracia racial e afirmar a identidade negra, mas é muito recente a implementação de bancas de Heteroidentificação, em muitas universidades há pouca transparência sobre a composição dessa comissão e não há paridade. Não é a primeira vez que o movimento negro denuncia fraudes, mas as reitorias racistas sempre colocaram para debaixo do tapete e nunca puniram os fraudadores.
Nós da juventude Vamos à Luta, defendemos uma investigação independente dos DCEs, CAs e DAs ao lado de representantes do movimento negro, em cada universidade para averiguar as denúncias e levá-las ao ministério público, ao passo que os fraudadores devem perder suas vagas e que as mesmas sejam disponibilizadas em um novo edital para estudantes negros, indígenas e quilombolas.
Seguiremos lutando para que a universidade pública seja para os filhos da classe trabalhadora, com suas diversas étnicas, sexualidade e gênero. Sabemos que existem estudantes brancos e pobres que, infelizmente fraudaram, pois não enxergavam outra possibilidade de adentrar a universidade.
O movimento estudantil deve apoiar a luta do movimento negro
É urgente uma campanha nacional da UNE e ANPG contra o racismo e a fraude de cotas nas universidade brasileiras, combatendo a ameaça as cotas raciais, exigindo investigações independentes das reitorias, se conectando com o movimento negro que foi as ruas denunciando a violência policial e lutando por quarentena geral.