Vidas trans importam

No dia nacional da visibilidade trans temos mais lutas do que comemorações a serem feitas. Frente ao governo Bolsonaro que encoraja a violência e nega a Pandemia da Covid-19, vemos piora na vida da comunidade trans no Brasil. Um dos exemplos é que a AGU (Advocacia Geral da União) questionou a criminalização da LGBTfobia determinada por decisão do STF, além do desmonte sistemático das política de direitos humanos por parte do governo federal que retirou a comunidade LGBT das diretrizes de direitos humanos. Deixando sem nenhuma política de amparo as pessoas trans em situação de vulnerabilidade, como as profissionais do sexo que se arriscam na pandemia para garantir seu sustento.

O desemprego que assola a população brasileira também é maior entre as pessoas trans. Dados do projeto TransAção¹ apresentam que 87,3% das participantes apontam como as principais necessidades a garantia do direito ao emprego e renda.

O relatório divulgado no dia de hoje pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Trasnsexuais)² aponta que no ano de 2020 foram contabilizados 175 assassinatos de mulheres trans no Brasil, mantendo o país como o que mais mata pessoas trans no mundo. Apontam também a subnotificação, onde o próprio Atlas da Violência de 2020, o primeiro a apresentar dados relativos a população LGBT, apresenta que 15 estados e o Distrito Federal ainda não possuem esses dados. Além da violência, a negação da identidade de gênero das pessoas trans no Brasil, leva ao Estado e suas instituições a negarem políticas públicas que garantam o direito a educação, ao trabalho, casas de acolhimento e atendimento digno de saúde via SUS, devido a falta da capacitação profissional e falta de estrutura do sistema, entre outros.

A violência política tem se manifestado contra as mulheres trans nos espaços representativos, como os insultos racistas e LGBTfóbicos contra Erika Hilton (Ver. PSOL em São Paulo) ou a Co-Vereadora Carolina Lara que teve sua casa alvejada por tiros em São Paulo. Defendemos investigação e punição para coibir esses crimes de ódio.

De Norte a Sul, a negação de direitos é uma marca e carga histórica das bases LGBTfóbicas da sociedades brasileira, o dia de hoje mais serve para ecoar nossas lutas e unifica-las para garantir Vacinação para Todos, renda mínima para que pessoas trans e a população pobre possam ter dignidade, bem como a negativa às medidas de ajuste e privatização dos serviços públicos que irão dificultar ainda mais a garantia de direitos às pessoas trans.

¹ http://www.defensoria.rj.def.br/noticia/ detalhes/10366-Convenio-permitira-auxilio-a-travestis-e-mulheres-transexuais?fbclid=IwAR0Pv_4HYzu5rlPe 8cgu2UG-GOY365PKz-Vu_2ynXFU0rl1D5SZUVelh-Q4

² https://antrabrasil.files.wordpress.com/2021/01/dossie-trans-2021-29jan2021.pdf

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