Contra os candidatos da atual reitoria, voto crítico na chapa 4

Contra os candidatos da atual reitoria, voto crítico na chapa 4

Nos dias 27 e 28 de agosto ocorre a consulta pública para a Reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com quatro chapas disputando o pleito, sendo três delas oriunda da atual gestão. A chapa 1 “IntegramaisUFU”, chapa 2 “UFUcom você”, chapa 3 “UFU Mais: Integrar e transformar”, todas formadas por pró-reitores atuais, e a chapa 4 “Reencantar a UFU: Democracia, Ciência, Educação Emancipatória e Inclusão”.

A eleição ocorre após a forte greve nacional das universidades federais, da crise orçamentária pela qual passam as universidades e serviços públicos, dos cortes profundos na educação, do processo de privatização da educação e da política econômica que privilegia o pagamento da dívida pública em detrimento de investimentos nas áreas sociais (expressa no Arcabouço Fiscal do governo Lula-Alckmin).

Nesse sentido, nós, da Juventude Vamos à Luta, gostaríamos de colocar nosso posicionamento sobre essa eleição e seus candidatos (as), a atual política do governo Lula para a educação superior, a atual gestão da universidade e qual programa necessitamos no âmbito político nacional e local para conquistarmos a universidade 100% pública, gratuita e de qualidade, aberta ao povo trabalhador, radicalmente democrática e que tenha seus esforços voltados para resolver os problemas da classe trabalhadora e de todos os setores oprimidos da sociedade.

 

Qual a situação da UFU?

Recentemente, o governo Lula realizou um corte de 25 bilhões nas áreas sociais, sendo as mais afetadas foram a educação e a saúde. O ano de 2024 começou com um orçamento reduzido para as universidades. A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 votou um corte nominal de 310 milhões para as universidades em relação ao orçamento aplicado em 2023. O orçamento para as universidades federais ficou em R$5,9 bilhões no total. A Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) denunciou, em nota, serem necessários, no mínimo, mais R$2,5 bilhões para que as universidades federais possam arcar somente com a política de assistência estudantil e contas básicas até o final do ano.

Essa situação é catastrófica para as universidades e para os estudantes. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) não está fora desse cenário. A situação é de falta de verbas para a universidade conseguir fechar as contas até o final do ano. Nesse contexto, os estudantes mais pobres são os que mais saem prejudicados: com falta de orçamento, bolsas, infraestrutura adequada, restaurante universitário e moradia de qualidade.

O contexto das eleições é a grave crise orçamentária das universidades. Esse quadro de crise é colocado pela atual política do governo Lula/Alckmin, que privilegia destinar orçamento para o pagamento da dívida externa e interna, que consome cerca da metade do orçamento federal, além de destinar orçamento para projetos de empresários como o PAC destinando recursos para privatizações (via Parcerias Público Privadas) e para militares golpistas, afora emendas parlamentares para o corrupto centrão que apoiou o governo genocida de Bolsonaro. Temos também a política econômica do governo, o Arcabouço Fiscal.

O arcabouço significa pouca verba para as universidades e coincide com a proposta de 0% de reajuste para os servidores públicos federais, refletindo qual é a prioridade do governo federal: manter os ricaços ainda mais ricos, enquanto os estudantes ficam com a insegurança de conseguir formar, porque não tem dinheiro para se manter na universidade. Nunca é demais lembrar que o atual Ministério da Educação está recheado de empresários da educação, privatistas da fundação Lemann e mantém até hoje o Novo Ensino Médio.

 

A atual reitoria atacou os estudantes!

Com a gestão de Valder Steffen à frente da reitoria nos últimos oito anos, os estudantes passaram por inúmeros ataques. A tentativa de dobrar praticamente o valor do R.U foi uma delas, além de ter colocado goela abaixo o ensino remoto durante a pandemia, sem um debate democrático com a comunidade acadêmica da UFU. Ambas políticas atacam a permanência da juventude pobre na universidade e elitizam a universidade. Além disso, a atual gestão não teve uma política efetiva de oposição ao governo Bolsonaro, que desmontava as universidades públicas com cortes bilionários na educação e expulsa a juventude filha da classe trabalhadora das universidades. Os candidatos das chapas um, dois e três aplicaram também essas políticas de ataque aos estudantes da UFU, uma vez que compuseram a atual gestão e ajudaram a aplicar essas políticas sem críticas ou oposição.

 

Contra os atuais candidatos da reitoria, voto crítico na chapa 4!

Damos um voto crítico na chapa 4 porque entendemos que é necessário expressar nas urnas um contundente rechaço a atual gestão da reitoria. Na UFU não se chegou a construir uma verdadeira chapa de oposição pela esquerda na atual gestão. E na ausência de uma oposição de esquerda e radical, a chapa 4 agrupou sindicalistas grevistas dos técnicos e docentes. Há também alunos que pensam em votar nessa chapa. Nós vamos acompanhar essa experiência desse setor da base com essa chapa. Nosso voto crítico não significa concordância com as propostas e o programa da chapa 4. Apenas damos o voto nessa chapa para expressar nosso rechaço a atual reitora da UFU.

 

Por que temos críticas a chapa 4?

As propostas apresentadas pelo candidato a reitor Arquimedes, pela chapa “Reencantar a UFU”, são insuficientes e vagas. Apesar de enfatizar princípios importantes como a excelência acadêmica, a inclusão, a sustentabilidade e a gestão democrática, as propostas carecem de um plano de ação concreto e metas claras para a melhoria da universidade.

Termos como “excelência acadêmica”, “valorização da pesquisa” e “gestão democrática”, apesar de serem de extrema importância para o avanço da universidade, são repetidamente mencionados sem que haja uma definição clara do que eles significam na prática.

Além disso, embora haja um compromisso declarado com a inclusão e a diversidade, as propostas não apresentam medidas concretas para combater as discriminações e preconceitos no ambiente acadêmico, tampouco ações específicas para promover uma maior representação, como cotas trans, por exemplo, que ainda não foram implementadas na UFU, mas que já é uma realidade conquistada em outras universidades do país.

Outro ponto de crítica é a menção ao combate ao “produtivismo inócuo”. Embora a ideia seja válida e importante, falta clareza sobre como essa mudança de paradigma terá êxito. Não há detalhes sobre políticas ou programas específicos que abordam a saúde mental e o bem-estar dos membros da comunidade universitária, que são temas essenciais quando se fala em combater o estresse e a permanência estudantil na universidade. Sabemos que a falta de um ajuste justo das bolsas de auxílio da universidade, faz com que alunos que dependem dessas bolsas para sobreviverem, precisam sobrecarregar em trabalhos precários, com escalas 6×1 e que muitas vezes não conseguem seguir com os estudos por um acúmulo de funções.

Além disso, a chapa não tem um perfil contundente e radical de independência perante o governo Lula Alckmin e nem deixa explícito que apoiará ativamente nos piquetes as futuras greves de servidores.

Essas são nossas questões. Por isso votamos criticamente na chapa 4. E seguiremos em luta na UFU pelo programa de lutas dos estudantes ao lado da classe trabalhadora.