Manifesto por um DCE democrático, de luta, independente dos governos e da reitoria
No dia 11/11 foi realizado um COCADA (Conselho de CAs e DAs) na UFF. Esse COCADA teve muitos problemas democráticos, e nele foi aprovada a proposta da executiva da atual gestão do DCE de realizar uma eleição às pressas ainda neste período. Nós, da Juventude Vamos à Luta, fomos contra essa proposta de realizar essa eleição agora, de forma corrida e burocrática, com inscrição de chapas se iniciando apenas 2 dias após a realização do COCADA. A real é que isso dificulta a organização de outros setores que queiram se apresentar nessas eleições. Sequer a comissão eleitoral foi eleita no conselho, ou o regimento eleitoral aprovado.
Nós propusemos que a eleição fosse realizada no período 25.1, garantindo assim maior participação estudantil. No entanto, o calendário proposto pela executiva foi aprovado, numa votação apertada e sem transparência para o conjunto do conselho, que não podia acompanhar os votos, contados pela mesa. Não concordamos com o método despolitizado que PT, PDT, UJS e MEPR utilizaram durante o conselho, de provocações e ofensas, que também é burocrático. E também não concordamos com a condução do conselho, feita pela executiva do DCE.
Escrevemos esse manifesto para apresentar nossa visão de qual deve ser a nossa batalha neste momento.
Movimento estudantil deve ir às ruas contra o G20 e o imperialismo, pelo fim do genocídio ao povo Palestino
Estamos às vésperas do G20, cúpula imperialista, que será presidida pelo governo Lula/Alckmin e vai contar com nomes da extrema direita, como Milei, e operadores do genocídio contra o povo Palestino, como Biden. Não podemos aceitar!
Nós, da Juventude Vamos à Luta, denunciamos o caráter imperialista e capitalista do G20, e acreditamos que a principal tarefa do movimento estudantil deve ser ocupar as ruas exiginido que estes governos tomem medidas imediatas pelo fim do genocídio ao povo Palestino, e para que declarem emergência climática, com medidas concretas contra a crise climática. Acreditamos que o DCE deveria se jogar para mobilizar contra o G20, e não para realizar uma eleição de forma burocrática.
Nós estaremos no ato no dia 16, às 8h, em Copacabana e fazemos o convite a todes anti imperialistas.
Damos todo apoio à juventude argentina, que ocupa as universidades e lota as ruas do país contra a política de Milei, dando aula de como derrotar a extrema direita: com mobilização!
Ao mesmo tempo, em 15/11 teremos um dia nacional de luta pelo fim da escala 6×1, pauta central para a juventude, que não aguenta mais empregos precários e sem direitos, com jornada exaustiva. Precisamos pautar a redução da jornada sem redução do salário, e essa também deveria ser uma preocupação da gestão do DCE.
Para seguir a luta contra o Arcabouço Fiscal, por mais assistência estudantil, é necessário ter independência do governo Lula/Alckmin!
Em 2024, vivemos uma importante greve da educação federal contra a política de cortes e reajuste zero do governo Lula/Alckmin. Aqui na UFF fizemos uma greve unificada exigindo do governo Lula/Alckmin mais verba para as federais, que estão sufocadas com os sucessivos cortes. Infelizmente não vimos a unificação das greves estudantis a nível nacional, por conta da política de boicote da direção da UNE (UJS, PT, LPJ), que ignorou as greves estudantis, fazendo a linha de transformar a UNE numa continuidade do governo Lula, enquanto este nos atacava, assim como faz nos CAs da UFF em relação à reitoria.
Nós, do Vamos à Luta, fomos uma parte pequena (minoria) nessa gestão que se encerrou, e gostaríamos de apresentar algumas divergências. A direção do DCE da UFF, também oposição de esquerda da UNE (Correnteza, Juntos, UJC) Travessia, chapa “branca” no último congresso da UNE, não foi até o final na pauta da greve. Nós, da Juventude Vamos à Luta batalhamos por um Comando Nacional de Greve Estudantil, para que pudéssemos unificar com as outras greves estudantis. Fizemos essa proposta em assembleias e plenárias, mas nenhuma organização encampou essa luta conosco, e o Comando Nacional não existiu, deixando as greves estudantis isoladas.
Reconhecemos que foi muito positivo que a UFF tenha sido a primeira universidade a unificar os 3 setores em greve, e teve conquistas como as Cotas Trans na UFF. No entanto, gostaríamos que a gestão do DCE tivesse ido mais a fundo, e assim poderíamos ter nos unificado e conquistado muito mais para a assistência estudantil a nível nacional, e mesmo as cotas trans como política nacional. Discordamos também de propostas feitas pelo Correnteza, que foi contra a suspensão do calendário acadêmico durante a greve, e que confluía com a majoritária atacando as deliberações da greve dos TAEs, atacando a decisão dos técnicos de pararem o bandejão.
A greve arrancou conquistas, mas o Arcabouço Fiscal segue e Lula já anunciou novos cortes para a educação no ano de 2025, e tem avançado com outros ataques brutais como a Reforma Administrativa. Enquanto isso, fez o maior plano Safra da história, dando dinheiro ao agronegócio enquanto enfrentamos um colapso climático, aprovou o Marco Temporal contra os povos indígenas, e segue pagando a dívida pública aos banqueiros. Está dado que vamos precisar lutar.
Desde já, precisamos nos preparar para enfrentar os cortes. Para isso, precisamos de uma direção estudantil que tenha independência do governo Lula, das reitorias e das prefeituras, para lutar pelo Passe Livre estudantil, que nos é negado por sucessivos governos. Contudo, coletivos da atual gestão do DCE são parte do PSOL (Juntos, Travessia e Ecoar), partido que é base do governo Lula/Alckmin e inclusive conta com um ministério no governo. Nós avaliamos que essa configuração faz com que estas organizações percam sua independência em relação ao governo na organização das nossas lutas. Embora Correnteza (UP) e UJC (PCB) não se declarem diretamente base do governo Lula, apoiam o governo e se apresentam de forma contraditória, visto que também não batalham por um programa de independência, e se juntam ao PSOL, que está em um governo que hoje nos ataca. Todas as forças da atual gestão do DCE apoiaram a candidatura da Talíria, em Niterói, que apresentou propostas genéricas e que não pautavam mudanças profundas, abandonando a perspectiva socialista, tanto que recebeu apoio do ex prefeito de Nova Iorque, imperialista e apoiador de Israel. Queremos forjar uma alternativa de esquerda, com independência política do imperialismo, para termos um DCE que se comprometa com as pautas dos estudantes!
Por um DCE democrático
Uma marca dessa gestão foi a falta de espaços democráticos. Realizou poucas assembleias, afastando a base estudantil. Não garantiu sequer o funcionamento de sua diretoria plena. A verdade é que o DCE foi gerido a portas fechadas pela direção executiva (Correnteza, Juntos, UJC, Travessia), sem que o estudante tivesse acesso aos debates. Isso precisa mudar radicalmente! Queremos um DCE democrático, em que todes consigam falar e ser ouvides. Outro exemplo de burocracia foi o próprio COCADA que encaminhou este calendário absurdo. A resposta nunca pode ser a burocratização, mas sim a radicalização da democracia estudantil.
A realidade da UFF é de precarização crescente
Sofremos com os campi escuros, estrutura precária e sem acessibilidade, sem segurança, além da escassez de assistência estudantil. Os elevadores vivem quebrando, nos expondo a riscos. No entanto, a reitoria da UFF foi contra a greve estudantil e se negou a receber nossas demandas, e cortou luz e água dos estudantes que ocuparam a reitoria. Fez de tudo pra enfraquecer o movimento, não suspendendo o calendário acadêmico durante a greve, inclusive assediando os técnicos grevistas. Embora a reitoria reconheça que faltam verbas, atacou aqueles que lutaram. Nós, do Vamos à Luta, acreditamos que é necessário lutar com independência da reitoria, diferente do que faz por exemplo o CALUFF (PT). A reitoria nos ataca, como no recente corte à bolsa dos monitores, faz falsas promessas, precisamos exigir que o reitor se posicione pelo fim do Arcabouço Fiscal. Não podemos fortalecer quem sempre atua como secretários do reitor! UJS, PT, PDT e LPJ traem a luta dos estudantes.
Construir para o DCE da UFF uma chapa de oposição de esquerda, com independência dos governos
Nós, da Juventude Vamos à Luta, chamamos a todas as organizações e ativistas que concordam com o conteúdo deste manifesto a virem conosco dar essa batalha. Precisamos superar a atual gestão (Correnteza, UJC, Juntos, Travessia, Ecoar), que levou o DCE de forma burocrática, e impôs este calendário atropelado. Além do que, que não são de fato independentes do governo Lula.
Precisamos fortalecer a democracia estudantil, para derrotarmos o Arcabouço Fiscal de Lula-Alckmin, e assim conquistarmos mais verbas para a educação federal. Fazemos um chamado a todo jovem que é pró Palestina, antiimperialista, anticapitalista e que não aguenta mais a falta de assistência estudantil digna, a batalhar junto com a Juventude Vamos à Luta por um DCE de luta e independente dos governos e da reitoria!
-Por um DCE democrático de verdade e independente dos governos e da reitoria!
-Organizar a luta contra os cortes na educação e o Arcabouço Fiscal de Lula-Alckmin!
– Taxação das grandes fortunas e não pagamento da dívida pública!
-Todo apoio à resistência Palestina!
-Todo apoio à juventude argentina na luta contra Milei!
-Oposição de esquerda na UNE!
– Pelo fim da escala 6×1! Redução da jornada, sem redução de salário!
-Chega de assédio na UFF! Queremos iluminação nos campi e segurança!
-Bandejão e moradia em todos os interiores já!
-Queremos bolsa automática para cotistas de renda!
-Aumento do valor das bolsas e auxílios!
– Assistência estudantil para cotistas trans!
– Contra todo tipo de opressão! Por um DCE antirracista, feminista, anticapacitista e trans inclusivo!
– Em defesa da legalização das drogas! Pelo fim da Polícia Militar! Uso de drogas é questão de saúde!