Manifesto por uma UNE combativa e independente.
Propostas da juventude Vamos à Luta para o 60° CONUNE
No mês de junho de 2025 acontecerá o 60° Congresso da União Nacional dos Estudantes, o CONUNE. O congresso da UNE é um espaço para elaborar e decidir a política que a entidade vai defender nos próximos dois anos, além de votar a nova direção da entidade.
Nós, da Juventude Vamos à Luta (CST e independentes), gostaríamos de expressar nossa opinião sobre o CONUNE e as lutas que devemos travar desde agora e até ele. Por isso, lançamos o manifesto “Por uma UNE combativa e independente”. Se você estiver de acordo, não deixe de se somar conosco!
A situação das universidades é precária!
Na UFRJ, ocorrem desabamentos, e recentemente a universidade ficou sem luz e sem água; na UFMG, a assistência estudantil é controlada por uma fundação privada que não atende aos interesses dos estudantes; na UFU, o bandejão não abre aos finais de semana e feriados; na USP, os casos de assédio não param de acontecer, a moradia é precária, as filas do bandejão e dos ônibus universitários são imensas; na UFF, os elevadores não funcionam, não há bandejão nos interiores, e a precarização leva a acidentes, como incêndios e queda de elevadores; na FATEC-SP, não há estrutura básica: não há piso nas salas de aula, os banheiros são impróprios para uso, os campi mais afastados não têm bandejão, assistência estudantil e tampouco professores! Os exemplos são inúmeros e parecidos, o que demonstra que a situação de nossas universidades é de precarização e de falta de orçamento. O mesmo segue ocorrendo com as escolas públicas federais, estaduais e municipais que amargam no sucateamento e na falta de estrutura, o que é consequência dos sucessivos cortes de todos os governos, e o avanço dos planos de privatização dos governadores de extrema direita, como Tarcísio em São Paulo e Zema em Minas Gerais.
Infelizmente o governo Lula/Alckmin, desde o início de seu governo, corta o orçamento das universidades, colocando em cheque o seu discurso de que educação “não é gasto, é investimento”. Além disso, não revoga o Novo Ensino Médio, precarizando ainda mais a educação. Recentemente, Lula lançou um novo pacote fiscal que corta bilhões das verbas sociais em 2025 e 2026, prejudicando o salário mínimo, o BPC, o Bolsa Família e o abono salarial de inúmeros trabalhadores. Não houve recomposição orçamentária para as universidades. Isso faz com que o valor da nossa assistência estudantil seja insuficiente para nos manter, as bolsas não sejam reajustadas e os nossos blocos estejam caindo aos pedaços. Consequentemente, torna ainda mais difícil a situação de alunos que necessitam de moradia estudantil, das bolsas ou dos jovens que amargam as escalas 6×1 de superexploração. Mais ainda para as estudantes mães, pela falta de creches, e também para as mulheres que sofrem com os assédios dentro e fora das universidades.
Essa postura do governo Lula expõe que a sua prioridade não é com a educação e com os estudantes, mas sim com os ricaços e banqueiros de nosso país. Os cortes, realizados pelo governo federal, são para manter as metas do Arcabouço Fiscal e o pagamento da ilegítima Dívida externa e interna, que por ano suga metade do nosso orçamento para os bolsos dos banqueiros, das multinacionais e dos parasitas da BOVESPA.
Diante disso, o governo Lula escolhe privilegiar o nosso orçamento para os nossos inimigos de classe do que para as áreas sociais, como educação, saúde e moradia. Por exemplo, para o agronegócio golpista são bilhões via plano Safra. Por isso, precisamos, desde já, exigir do governo Lula o fim do Arcabouço Fiscal e do pagamento da Dívida Pública, para que esse dinheiro que é dado nas mãos dos ricaços seja redirecionado e investido no orçamento da educação. Apenas assim conseguiremos reverter o cenário de precarização da educação, e garantir orçamento para as universidades. Para que a juventude filha da classe trabalhadora permaneça nas universidades, com recomposição das verbas e recursos efetivos para um plano nacional de assistência estudantil. Para garantir verbas para os servidores públicos, para o aumento do salário mínimo, do Bolsa Família, do BPC e o abono salarial.
A UNE é pra lutar!
Diante do cenário de cortes e de precarização das universidades, a atual direção majoritária da UNE (UJS/PCdoB, Levante Popular da Juventude/Consulta Popular e juventudes do PT) e os aliados da direção majoritária do PSOL nada fazem para mobilizar os estudantes, para barrar esses ataques à educação do governo Lula.
A política da direção majoritária da maior entidade representativa dos estudantes universitários é imobilista, e representa um compromisso com o governo Lula que é maior do que com os estudantes. Um exemplo disso foi a política de boicote às greves estudantis do ano passado. A direção majoritária da UNE e seus aliados não expressaram nenhum apoio às greves estudantis e não fizeram nada para unificá-las com as greves da educação federal, do setor ambiental, do INSS e dos Correios. O mesmo acontece com os cortes à educação: a UNE não denuncia o papel do governo Lula nos cortes e não chama os estudantes a lutar contra eles, enfraquecendo a luta estudantil e deixando os ataques do governo Lula à educação passarem. Não precisamos dessa direção chapa-branca, que só pensa dos palácios e se afasta das necessidades da base.
Ocorreu em fevereiro o CONEB (Conselho de Entidades de Base), que reúne CAS e DAs de todo o país. Desde o início do ano, nós exigimos que o CONEB votasse um plano de lutas, mas se encaminhou um calendário vago, impreciso, que não foi acompanhado de uma forte ida às bases para preparar essas lutas. “Fazer de conta” que luta tem a ver com a falta de independência da UNE em relação ao governo Lula/Alckmin.
Nesse sentido, a juventude Vamos à Luta segue exigindo da direção majoritária da UNE um calendário de lutas unificado e construído pela base, com assembleias em todas as universidadespara lutar: 1- contra os cortes na educação e o ajuste fiscal do governo Lula/Alckmin; 2- contra o Arcabouço Fiscal, a Dívida Pública, para que os valores da assistência estudantil e das bolsas sejam aumentados; 3- Pela destinação de 10% do PIB para a educação; 4- Pelo fim da jornada 6×1 e redução da jornada de trabalho; 5- Contra o PL dos estupradores e pelo fim das chacinas policiais contra o povo negro e pobre; 6- Pela punição efetiva de todos os assediadores, estupradores, racistas, homofóbicos e transfóbicos das universidades; 7- Prisão para Bolsonaro e todos os golpistas do 8 de janeiro; 8- Pelo fim do genocídio operado por Israel e orquestrado pelo imperialismo! Por uma Palestina laica, democrática e não racista; 9- Todo apoio à luta da juventude argentina contra Milei.
Por uma nova direção para a UNE: combativa, independente dos governos e ao lado da classe trabalhadora.
Como dito acima, a situação das universidades e dos estudantes é de precarização; o governo Lula tem uma política de ajuste fiscal e de cortes à educação. Infelizmente, a direção majoritária e seus aliados na UNE blindam o governo Lula. Esse cenário nos coloca uma tarefa importante para o próximo CONUNE: a construção de uma nova direção para o movimento estudantil nacionalmente, a batalha por uma direção para a UNE, que seja combativa e independente do governo Lula e de qualquer outro governo.
Essa batalha da direção é decisiva, porque coloca os rumos de luta do movimento estudantil em jogo. Como está não dá para continuar. A batalha por uma nova direção é fundamental para lutarmos contra os cortes, nos mobilizarmos pelo aumento das bolsas de assistência estudantil, de pesquisa e extensão, pela construção de novos bandejões, melhorar a infraestrutura das universidades e lutar contra os casos de assédio, racismo, homofobia e transfobia. Somente com jornadas de lutas dos estudantes pelo Brasil garantiremos todas as pautas estudantis e a permanência da juventude pobre nas universidades.
Por isso, a juventude Vamos à Luta (CST e independentes) batalha pela construção de uma Oposição de Esquerda para UNE, independente do governo Lula e combativa, na qual una todos os lutadores(as) dispostos(as) a lutar contra a precarização das universidades e pela permanência dos estudantes pobres nele, sem nenhuma confiança no governo Lula e sem fazer da UNE um puxadinho do governo federal.
Colegas do Correnteza/UP e Juntos/MES: liderem o campo de Oposição de esquerda na UNE
Fazemos um chamado especial aos camaradas do Juntos/MES e da Correnteza/UP a liderarem o novo campo da oposição de esquerda. Hoje, os companheiros são parte das maiores forças de esquerda nos DCEs, CAs e na UNE. São os que possuem condições de unificar aqueles(as) que querem lutar por uma UNE combativa e independente dos governos. Até o CONUNE passado estavam nessa direção, o que ajudou a construir uma chapa positiva e que nos integramos no último congresso da entidade. Porém, nas últimas eleições de DCEs deram passos na direção oposta, o que nos preocupa. Nos DCEs, o Correnteza/UP e o JUNTOS/MES se aliaram com o setor da Juventude Sem Medo (juventudes majoritárias do PSOL), que apoiam abertamente e têm cargos no governo Lula. Na nossa visão isso foi equivocado. As juventudes sem medo são aliadas da UJS e seu campo majoritário na UNE e UBES – não por acaso votaram juntas em resoluções nos últimos congressos das maiores entidades estudantis do país. Não há possibilidade para se fazer essas chapas com esse setor. E ainda há tempo de evitar isso no congresso da UNE.
Por isso propomos que os camaradas do Correnteza/UJR/UP e do JUNTOS/MES-PSOL reflitam e revejam sua posição: rompam com a juventude sem medo e liderem um efetivo campo de oposição à direção majoritária, livre de qualquer um dos seus aliados e aliadas. Vamos reconstruir uma oposição de esquerda, forte e pela base, que faz a luta que a direção majoritária não faz. Construir uma oposição de esquerda no espírito da Articulação Povo na Rua, com chapas para a tiragem de delegados em todo país, por fora e contra a direção majoritária e seus aliados
Propomos uma reunião com as forças que conformaram as chapas Primavera nos Dentes para os DCE´s
A juventude Vamos à Luta (CST e independentes) não compõe chapas com aliados da majoritária da UNE. Por isso reivindicamos as chapas Primavera nos dentes para disputar os DCE´s das universidades, como na UFMG e na UFF. As chapas, conformadas por nós, Rebeldia, UJC e Faísca Revolucionária, deram uma batalha muito importante de serem as chapas que defendiam o fim do Arcabouço Fiscal, a luta por bandejões e por bolsas, além de DCE´s de luta, independente de todos os governos e de reitorias e contra a direção majoritária da UNE.
Desse modo, compreendemos que essas chapas foram fundamentais para colocar uma política consequente para os estudantes e fazer debates importantes sobre as pautas estudantis. Por isso, propomos uma reunião nacional em fevereiro de 2025 com essas forças, para podermos organizar a luta estudantil desse próximo período, e para batalharmos por uma nova direção para a UNE.
Nesse sentido, na batalha por uma Oposição de Esquerda, achamos equivocado a dispersão de forças de esquerda como o que ocorreu no CA de Letras da USP, na qual camaradas de esquerda como Rebeldia, Faísca e Já Basta não conseguiram fazer uma chapa unitária.
Portanto, defendemos uma ação comum das juventudes Vamos à Luta (CST e Independentes), Rebeldia (PSTU), Faísca Revolucionária (MRT), Já Basta! (SoB), UJC (PCBR), em direção ao Congresso da UNE, visando uma oposição de esquerda unificada contra a direção majoritária da UNE.