Yago Medeiros *
O mês de março foi marcado por fortes mobilizações dos estudantes secundaristas no estado do RJ em solidariedade à greve dos profissionais de educação e contra a precarização causada pelos cortes de verbas do governo Pezão (PMDB) na educação e, na última semana, dois colégios estaduais foram ocupados. Os ventos das vitoriosas ocupações das escolas de SP contra o projeto de “reorganização” do governo Alckmin (PSDB) sopraram em Goiás, no Pará e no Rio de Janeiro. Em SP a luta também continua e, nas últimas semanas, os estudantes fizeram manifestações pela investigação do esquema de corrupção do governo tucano que envolve a verba da merenda das escolas estaduais.
Alguma dessas lutas é para defender algum governo? Não! Justamente porque os governos são responsáveis pela falta de dinheiro para manter a merenda, o ar condicionado, os laboratórios, toda infraestrutura das nossas escolas e o salário dos nossos professores. Mas a direção majoritária da UBES, composta pelas juventudes do PCdoB (UJS) e do PT, convoca os secundas a lutarem contra um tal de “golpe” e realiza a posse da nova diretoria da entidade no ato em defesa do governo Dilma que está acontecendo hoje em Brasília.
De que lado essa galera samba?
A crise política é gigantesca e todo mundo se pergunta sobre quem deve governar. Uma parte dos empresários, do PMDB e o PSDB querem impeachment, como se eles tivessem moral e fossem algum milímetro diferentes desse governo para ter legitimidade para tira-lo de lá. Enquanto isso, Dilma, Lula, o PT e a direção majoritária da UBES dizem que há um “golpe” no país encabeçado pelo vice-presidente Michel Temer, pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha, pelo PSDB e pela Globo. E que, por isso, a tarefa dos secundas é tomar as ruas em defesa do governo Dilma. Um verdadeiro caô, pois Temer e Cunha governaram juntinhos com Lula e Dilma todos esses anos atacando a educação e os direitos da juventude. Juntos eles cortaram dinheiro da educação, colocaram o Exército na Maré durante a Copa da FIFA, estão gastando rios de dinheiro com as Olimpíadas e, na semana em que se completava 48 anos do assassinato do estudante secundarista Edson Luís pela Ditadura Militar, Dilma sancionou a Lei Antiterrorismo, que irá criminalizar e reprimir os secundas que estão lutando em defesa das suas escolas. E os governos do PT financiariam a Globo como ninguém. Como podem sambar do lado da “democracia”?
Além disso, Dilma anunciou um novo pacote de ajuste fiscal que impõe aos estados congelamento do salário dos servidores públicos, prejudicando mais ainda nossos professores, e ontem, cortou mais R$4 bilhões da educação. Como se não bastasse, Dilma e Lula nessa semana deram mais espaço ao PP do corrupto Maluf no governo, um partido filhote da Ditadura Militar que teve Jair Bolsonaro como principal figura até outro dia. Então que golpe é esse que tá rolando que o governo procura os supostos golpistas para se defender? Papo furado de quem tá disputando a chave do cofre para convencer os empresários que é capaz de aplicar melhor o ajuste! Esse é o lado que a direção majoritária da UBES resolveu sambar.
Fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio! Nas ruas no dia 1º de abril pelo Fora todos!
Nós da Juventude Vamos à Luta e da CST-PSOL não participamos dessa cerimônia porque nos recusamos a defender esse governo responsável junto com os governos estaduais e municipais pela crise da educação que está levando secundas de todo o país às ruas. E desde já vamos dar o recado: nossa diretoria estará a serviço das lutas contra os governos e da construção de uma alternativa política de esquerda para mudar o país e colocar todos para fora. Por isso, convocamos a juventude secundarista a ocupar as ruas nos atos estaduais do 1° de abril contra todos os inimigos da juventude e da classe trabalhadora. É um primeiro passo importante para a construção de um terceiro campo que, apoiado em cada ato, greve e ocupação, mostre nas ruas que nem a Dilma, nem o Temer e nem o Aécio nos representam e podem continuar governando retirando nossos direitos.
* 1º Diretor de Políticas Educacionais da UBES da Juventude Vamos à Luta e do Grêmio do Colégio Estadual do Amaro Cavalcanti (RJ)