Construir a greve unificada e combativa!

Propomos comando nacional de greve e mobilização estudantil

Na última semana uma forte marcha nacional ocorreu em Brasília unificando as greves da educação federal. Trabalhadores das universidades, institutos federais, Cefets e Colégio Pedro II marcharam juntos exigindo salário em 2024, melhorias em suas carreiras e recomposição orçamentária. Uma ação unificada que fortaleceu essa luta. A juventude é parte dessa batalha.

O “calabouço fiscal”

No dia 11/04, Lula anunciou cortes nas áreas sociais de 4 bilhões, em decorrência do Arcabouço Fiscal, sendo 353 milhões na educação e pesquisa. Temos aí mais uma demonstração de qual é a política econômica do governo Lula/Alckmin, o chamado “arcabouço fiscal”. Ele corta verbas das áreas sociais, prejudica a educação pública, impõe zero ao salário dos servidores em 2024, enquanto destina bilhões aos banqueiros, agronegócio e militares em detrimento da educação e serviços públicos. Esse corte é para garantir o pagamento da dívida pública, que leva anualmente cerca de 46% do nosso orçamento. Não podemos aceitar! O arcabouço fiscal do governo Lula é um verdadeiro calabouço que aprisiona nossas verbas.

Tira a tesoura da mão e investe na educação!

Exigimos que Lula tire a tesoura da mão, pare de cortar nossa verba, e invista na educação! Atenda as reivindicações dos grevistas. Para garantir recursos para as áreas sociais exigimos a redução dos juros, taxação dos bilionários e das multinacionais, o não pagamento da dívida aos banqueiros e a estatização do sistema financeiro; o fim do financiamento ao agronegócio e das PPPs (Parcerias Privadas), nenhum centavo do BNDES para privatizações; retirada das verbas dos militares e das mordomias dos juízes e do congresso nacional.

Unidade pra lutar!

A experiência da marcha nacional e das ações unificadas nos estados mostra que esse é o caminho pra fortalecer nossa luta. Defendemos a unificação das greves pela via de um comando nacional da FASUBRA, SINASEFE e ANDES-SN e ações em conjunto com a UNE e UBES. Um comando unitário que coordene ações nacionais, como novas marchas, e dias centralizados de passeatas ou ações em cada estado. Propomos o mesmo em cada estado: um comando unificado ou fóruns comum dos sindicatos das universidades, IFs, CEFETs, CP2 e ações em conjunto com grêmios, DCEs e CAs. Na UFF, por exemplo, ocorreram reuniões e ações do SINTUFF, DCE e ADUFF. No colégio Pedro II os alunos, após assembleia geral, ocuparam a reunião do Conselho Superior da escola, exigindo a suspensão do calendário acadêmico e em apoio a greve dos servidores do colégio. É preciso fortalecer a unidade da classe trabalhadora com a juventude, dar corpo a greve, realizar ações concretas (como panfletagens nos bairros/praças ou grandes empresas) e massificar o movimento com atos de rua no centro da cidade.

Construir a greve estudantil unificada e combativa

A Juventude Revolucionária Vamos à Luta apoia as greves em curso e batalha por unificar a juventude em greves estudantis pelas nossas pautas! Onde não há greve, nós lutamos para que isso ocorra, passando em sala, realizando reuniões, panfletagens, ações. A greve vai vir como uma construção na base, ações de convencimento sobre a importância desse movimento para alcançar as pautas mais sentidas em cada local. Daí vira a percepção que nossa luta é coletiva e nacional. Assim construiremos a greve, passeatas, piquetes, marchas, ocupações, a unidade operaria-estudantil.

A greve nacional começa criar o clima para um movimento pela greve estudantil já aprovada em 4 locais: UFF, UFC, UFPR e UFMG.

Reivindicações para a greve estudantil não faltam

Queremos elevação das verbas de assistência estudantil nacional. O aumento do número de bolsas e auxílios e reajuste de seus valores. Exigimos infraestrutura, moradia, bandejão, acessibilidade e creche nos campi. Lutamos por passe livre estudantil irrestrito, cota trans no SISU, respeito ao nome social, revogação do Novo Ensino Médio. Queremos reversão imediata dos cortes, recomposição orçamentária das universidades! Melhores laboratórios e bibliotecas. Contratação de professores e técnicos! Livre acesso nas universidades para toda juventude! Fim da precarização da pesquisa, estágios, trabalhos de campo. Trabalho digno para os jovens.

Qual é a da UNE e sua direção majoritária na greve?

A UNE e UBES apenas postaram uma nota conjunta apoiando a greve “dos TAEs e Docentes”. Embora sua direção tenha participado da marcha para Brasília, não houve um esforço de mobilizar os estudantes para irem. Por outro lado, em meio a greve, sua direção majoritária realiza a caravana “clima do futuro” reivindicando “reforma universitária”. Ou seja, algo que secundariza a greve e dispersa energias do movimento estudantil.

A atual presidenta da UNE, Manuella Mirella, durante a “caravana do futuro” em São Paulo declarou que “o tema da reforma universitária, principal objetivo da atividade itinerante que quer ouvir estudantes de doze estados da federação para atualizar os desafios, e sinalizar as mudanças que o ensino superior público brasileiro precisa”. Se é para ouvir os estudantes, não seria melhor passar em sala, realizar assembleias com os DCEs, pautar o apoio a greve e as pautas dos estudantes?

O futuro é aqui e agora!

É um erro realizar uma caravana nacional “do futuro” que não tenha como foco o apoio a greve da educação e a luta estudantil ao redor dessa greve. Ou seja, qualquer “caravana” da UNE teria se der para a construção das lutas estudantis. Sem isso a juventude não terá futuro. E o futuro é aqui e agora. E nos queremos tudo que é nosso.

A verdadeira reforma universitária que o movimento estudantil combativo precisa reivindicar não será construída longe das assembleias, ocupações, passeatas e marchas nacionais da atual greve da educação federal. Ela não pode fugir de dois pontos centrais do programa histórico da UNE de 1979 a defesa do ensino público e gratuito e para todes e o apoio as lutas da classe trabalhadora. É por meio da greve atual que podemos construir um plano emergencial com nossas reivindicações e um projeto de educação, colocando a universidades e nossas escolas a serviço da classe trabalhadora.

Por uma UNE independente e combativa

Nós, da Juventude Revolucionária Vamos à Luta, acreditamos que essa posição da direção majoritária da UNE (UJS/PCdoB, LPJ e JPT) se deve ao seu compromisso com o governo da frente ampla de Lula/Alckmin: ao não ser independente, a UNE joga água na mobilização estudantil, para blindar o governo. Eles compõem o governo e atuam para blindá-lo. Os partidos da frente ampla administram o comitê de negócios da burguesia, estão integrados no estado burguês, e são agentes de um governo capitalista no interior do movimento estudantil.

Atualmente a direção majoritária da UNE se diz a favor da greve mas na base a boicotam, como vemos na direção do DCE da UFU e nos CAs em que dirigem, como na Letras e no Direito da UFF de Niterói, em que fazem tudo para desmobilizar e jogar os estudantes contra a greve.

Lutamos por um movimento estudantil 100% independente do governo Lula/Alckmin, governadores, prefeitos e reitorias. Precisamos resgatar nossas entidades, construir a UNE, DCEs e CAs independentes e combativos. Um movimento estudantil perigoso para os governos de plantão. A UNE pra lutar não pra conciliar. Para isso temos de derrotar a atual direção majoritária e construir uma nova direção democrática e de lutas. Trata-se de uma batalha em cada sala de aula, CA, DA, DCE, executivas e federações de curso.

Comando Nacional de Greve e Mobilização Estudantil

Exigimos da UNE a construção de um plano de luta estudantil: 1- Convocação de assembleias estudantis em todo país, para pautar a greve da educação e votar pautas estudantis. 2- Convocação do Conselho de Entidades de Base da UNE (CONEB) para debater a luta pela recomposição orçamentaria, mais assistência estudantil e reajuste em 2024 para os grevistas para convocar uma jornada de lutas nos estados e nova caravana a Brasília. 3- Articulação permanente com os comandas de greves da FASUBRA, SINASEFE e ANDES-SN em Brasília e com seus sindicatos de base para organizar passeatas e marchas conjuntas. 4- Instalação de Comando Nacional de Greve e Mobilização Estudantil, com representantes eleitos em assembleias nas bases. Propomos que as forças que não são da majoritária da UNE (como o Correnteza/UJR-UP, JUNTOS-MES/PSOL, UJC, PCB-RR e PCB, etc) atuam em comum por essas 4 propostas acima descritas.

Mas caso a direção majoritária não assuma essa luta nos não podemos ficar parados. A luta que a direção da UNE não fizer, nós teremos de fazer pela base: os comandos de greve estudantil da UFF, UFC, UFPR e UFMG podem convocar uma reunião nacional para instalar um comando nacional de greve e mobilização (CNGM) juntamente com DCEs, CAs, DAs, Executivas e Federações de Curso que queiram lutar. Essa é a nossa batalha. Vamos à luta!