Carta do Comando de greve estudantil da UFRJ ao movimento estudantil brasileiro

Os estudantes da UFRJ estão em greve. Mais de mil estudantes estiveram presentes na assembleia onde aprovação da greve e das pautas foram unânimes. A greve está forte com a paralisação de diversos cursos e a realização de diversas atividades e atos. Esta carta é um chamado para que todo o movimento estudantil do país se levante contra os cortes de verbas na educação, as péssimas condições de estudo e os ataques aos direitos da juventude. O ajuste fiscal do governo Dilma tem como alvo os direitos dos trabalhadores e da juventude. O corte de 9,5 bilhões de reais da educação aprofunda a situação deplorável das universidades. São trabalhadores terceirizados sem salários e estudantes sem assistência estudantil. Quem sofre são os estudantes pobres e negros que não tem garantia de se formar pela falta de políticas de assistência e permanência estudantil. Que “Pátria Educadora” é essa? Junto com isso o governo do PT e seus aliados aprovaram as MP’s que atacam o seguro-desemprego e outros direitos trabalhistas (664 e 665). Elas atingem diretamente quem está entrando no mercado de trabalho. Na retirada de direitos, o governo do PT e PMDB tem como aliados o PSDB. Esse partido, por sua vez, defende a aprovação da PL das Terceirizações, que também afeta fortemente os jovens, em especial mulheres, negros e LGBT’s, setores que já sofrem em empregos precários. Enquanto precariza e privatiza a educação, o governo também ataca nossos direitos trabalhistas. Nos estados e municípios não é diferente. Todos os governos, de norte a sul do país, cortam verbas das áreas sociais para garantir o ajuste fiscal, como Pezão no Rio e Jatene no Pará. E ainda por cima reprimem o movimento, como fez o tucano Beto Richa no Paraná. O movimento estudantil, em inúmeros momentos históricos, foi protagonista de importantes mobilizações pelos mais diversos temas desde a luta pelo petróleo é nosso até a derrubada do Collor, passando pelas Diretas e a luta contra a ditadura. Neste momento não podemos nos furtar de cumprir este papel. Em 2012, ocorreu uma das maiores greves nacionais estudantis em apoio aos professores e técnicos. As nossas pautas eram contra as péssimas condições da educação, falta de verbas, péssima assistência estudantil. Conquistamos algumas vitórias importantes e hoje estamos muito mais fortalecidos para derrotarmos os ataques do governo e lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade com mais verbas e mais assistência estudantil. A saída é a greve geral da educação! O Andes e a Fasubra já deram inicio a greve nacional. É fundamental que os estudantes não só se somem em apoio aos trabalhadores, mas também que levante suas próprias pautas. A greve estudantil é justa e eficaz. Podemos ser protagonistas desta greve debatendo com os professores sua necessidade onde estes ainda titubeiam por influência dos setores governistas. Convidamos os estudantes de todas as universidades do país a se somarem a esta greve nacional da educação. É urgente a construção de uma comando nacional de greve e mobilização estudantil com delegados eleitos nas assembleias de cada universidade para podermos organizar e unificar ainda mais nossa luta. É muito importante que esta greve nacional da educação não esteja dissociada do chamado a greve geral no país. A greve da educação está a serviço da unificação da luta de todos os trabalhadores e estudantes, não só em defesa da educação publica, gratuita e de qualidade, mas também para dizermos bem alto que os trabalhadores e estudantes não irão pagar por esta crise dos ricos e poderosos. Não vamos abrir mão de nossos direitos!

Comando da Greve Estudantil da UFRJ

Publicado originalmente no dia 07/06/2015 em: https://www.facebook.com/dce.ufrj/photos/pb.134047656804359.-2207520000.1434640721./351416398400816/?type=1&theater