Construir a greve unificada e combativa na UFF!

No dia 28/03 ocorreu uma massiva assembleia do DCE da UFF. Ela deliberou pelo indicativo de greve estudantil e uma nova assembleia para deflagar a greve estudantil. No centro da pauta está a recomposição orçamentária. Faltam verbas para bolsas, assistência estudantil, moradia, moradia e bandejão nos interiores, iluminação do campus, dentre outros problemas. A assembleia estudantil também aprovou apoio à greve do SINTUFF e ao indicativo de greve do ANDES, que será avaliado na próxima assembleia da ADUFF.
É hora de construir uma greve unificada de técnicos, estudantes e docentes e um comando de greve e mobilização unificado do SINTUFF, ADUFF e DCE. Um movimento classista, que também integra as pautas da classe trabalhadora e terceirizadas que atuam na UFF. Essa é a batalha que estamos realizando na base e em nível nacional (ver https://www.instagram.com/juventudevamosaluta/).
Neste texto vamos explicar nossa visão sobre os caminhos da construção da greve estudantil combativa na UFF e da batalha por uma forte greve unificada. São as propostas da juventude revolucionária Vamos à Luta (CST e independentes) para o debate nos CAs, DAs, assembleias e com os ativistas que estão construindo essa luta na UFF.
Unidade dos estudantes com a classe trabalhadora e a independência do governo
A unidade com a classe trabalhadora é fundamental. Nós defendemos isso de forma intransigente. Por isso, não vacilamos em nos solidarizar incondicionalmente com a greve dos técnicos e apoiar as ações do Comando Local de Greve do SINTUFF. Entendemos que o caminho para construção do indicativo de greve estudantil é uma forte e radical unidade com a greve dos técnicos, e o indicativo de greve dos docentes, além de buscar a unidade com terceirizadas.
É o que sempre fazemos, desde muito tempo. Seja com nossa atuação efetiva em piquetes nos estaleiros e ações da oposição metalúrgica de Niterói, ou greves rodoviárias de Niterói; protestos em frente ao HUAP e dos servidores municipais de Niterói; ou na greve geral contra o governo Temer (em que estivemos ombro a ombro com os trabalhadores das barcas no piquete combativo, que fechou totalmente o funcionamento na estação Araribóia). Ou ainda é o que fizemos nas greves de garis, educadores, e ações contra o teto de gastos e no Tsunami da Educação, com o conjunto da educação e outras categorias.
Ao lado da unidade operária-estudantil, temos de garantir a independência em relação aos patrões e aos governos de plantão. Em nosso caso concreto, a independência da reitoria e do governo Lula/Alckmin. Sem essa independência, não podemos lutar bem por nossas reivindicações. Um coletivo que integre e apoie o governo vai necessariamente defender o governo e tentar desviar o foco da nossa luta. Por quê? A razão é que necessitam blindar seus ministros e seus cargos governamentais, em detrimento de nossa luta.
Isso é o que defendemos para a construção da luta na UFF e em nível nacional. Mas nem todas as organizações pensam assim.
A UJS/PCdoB, direção majoritária da UNE, é governista e não ajuda a unificar
Na assembleia do DCE da UFF, a UJS (juventude do PCdoB) tentou, sem sucesso, semear a discórdia contra a greve do SINTUFF. A UJS tentou culpar os servidores em greve e o DCE pela “falta de comida”. Felizmente essa ação rasteira, contra o direito de greve dos técnicos administrativos, não teve repercussão. O responsável pela falta de verba, o congelamento salarial, e pela greve é a intransigência do governo Lula/Alckmin que não atende aos grevistas pois mantém uma política econômica de austeridade, com um novo teto de gastos, denominado de “Arcabouço Fiscal”. Ao “cruzar os braços”, os TAEs demonstram como são fundamentais, rechaçam a invisibilidade e mostram na luta todo seu valor. E, por meio da greve, exigem valorização profissional e investimentos na UFF e na educação.
A UJS/PcdoB tenta camuflar tudo isso porque compõe e integra o governo, com cargos nos ministérios. Sendo que uma ex-presidente da UNE, da UJS/PCdoB, integrou a equipe de Haddad e do banqueiro Galipo, quando se elaborou o Arcabouço Fiscal. A verdade é que faltam verbas para a UFF e nossa assistência estudantil é precária. Mas felizmente as propostas da UJS, contra a greve dos TAEs, não tiveram eco. Aprovou-se a unidade com o comando de greve do SINTUFF, apoiando a greve (sem condicionar apoio a abertura do bandejão) e outras propostas.
Fazer a luta que a majoritária da UNE não faz
Nós exigimos da UNE que sejam convocado um CONEG emergencial, para instalar um comando nacional de mobilização e greve estudantil, e para estreitar ações com a FASUBRA, SINASEFE e ANDES. Mas, caso a direção majoritária da UNE não convoque esse fórum, nós defendemos que os DCEs em greve instalem um comando nacional de greve e mobilização estudantil, agrupando comando de greves estudantis, CAs, DAs, Executivas e Federações de Curso que estão em greve. É a nossa proposta para a próxima assembleia do DCE da UFF. Se a majoritária não faz, nós faremos!
Camaradas do Correnteza/UJR/UP: reflitam e revejam sua posição
Um diálogo especial é necessário com nossos camaradas do coletivo Correnteza, com quem compartilhamos inúmeras lutas. Infelizmente os camaradas defendem em inúmeros fóruns, como na assembleia do curso de letras e na assembleia do DCE uma proposta idêntica à proposta da UJS: de abertura do bandejão, ferindo o direito de greve dos TAEs. Já tivemos oportunidade de dizer e aqui repetimos: os camaradas estão equivocados e precisam refletir sobre esse erro, que prejudica a unidade com uma categoria essencial para a greve unificada na UFF. Sem a unidade com a classe trabalhadora, apoiando as greves como essa do SINTUFF, dificilmente vamos conseguir avançar. Aliás, foi em unidade ativa com o SINTUFF, apoiando suas greves e obtendo apoio em nossas lutas, que as maiores conquistas que obtivemos no movimento estudantil da UFF ocorreram. Nas últimas décadas tivemos, nos governos Lula e Dilma, a greve estudantil de 2005 e a ocupação da reitoria de 2011. Em 2015, realizamos greve estudantil unificada com SINTUFF e ADUFF. Em 2016, com apoio ativo e presencial do SINTUFF, ocupamos os institutos contra o teto de gastos do governo Temer. Com SINTUFF e ADUFF realizamos paralisações e greves contra Bolsonaro. Foram lutas assim, com a combatividade estudantil e a radicalidade da unidade com a classe trabalhadora, que enfrentamos os ataques do governos e também que conquistamos as principais pautas de nossas lutas locais: congelamento do preço do bandejão a 70 centavos, transporte universitário/BusUff, pautas da moradia estudantil, aumento da quantidade das bolsas e seu reajuste, barrar a privatização interna do campus impedindo a Via Orla, reforma do bandejão Gragoatá e melhorias no bandejão da PV e HUAP, obras em campi que estavam tendo aula em contêiner, etc. Esperamos que os colegas do Correnteza/UP reflitam e mudem de posição.
Uma greve com mobilização permanente nos campi e fora dele!
Em assembleias como as que ocorrem nos cursos e no DCE, surge o debate de como construir a greve estudantil. É natural, já que há muito tempo não ocorre uma forte luta do movimento estudantil na UFF e nas federais. Toda uma geração, desde a pandemia, não viu nenhuma greve. De nossa parte, como já dissemos, propomos uma greve unificada com SINTUFF, ADUFF e buscando a unidade com as pautas das trabalhadoras terceirizadas. Além disso, sugerimos que, em cada comando local de greve, se planeje ações para serem levadas à assembleia geral do DCE, visando uma greve que mantenha o campus fervilhando de debates, assembleias e movimentações. É importante alertar que a greve precisa ser construída. Lembre-se que a assembleia do DCE votou um “indicativo”, e haverá outra assembleia para debater a deflagração, mas isso não está certo. Precisa ser concretizado. Por isso teremos um incansável movimento de “passar em sala”. Em primeiro lugar, nos cursos que já têm deliberação pela greve como, por exemplo, a psicologia. Em segundo lugar, passar em cursos que ainda não tem essa definição, como a letras. Em terceiro lugar consolidar a greve em cada um dos campi, o que inclui o interior, como em Volta Redonda. Haverá muita dificuldade onde os professores vão furar a greve como na Engenharia e biológicas, mas teremos de buscar apoios dos alunos ao movimento legítimo de greve estudantil.
Construir uma pauta estudantil de reivindicaçoes
Um passo central de toda e qualquer greve é definir pelo que estamos lutando. E isso será feito também com muitas assembleias locais para construir uma legitima pauta geral de reivindicação estudantil, como nossas exigências. Ao lado da assistência estudantil, o aumento das bolsas e reajuste de seu valor, temas de infraestrutura como elevadores que não funcionam e iluminação, pautar o processo de privatização dos pontos de lanche do campus do gragoata, defender as estudantes que são mães da moradia e exigir creche no campus, a defesa das pautas LGBTQIA+, dentre outras.
Consolidar a greve militando ativamente
São muitos os desafios de construção da greve. Por isso, temos de debater bem a propostas de ocupação dos prédios, que vem sendo defendida pelos colegas do MEPR e do Comitê de Lutas. Essa proposta também apareceu em falas dos colegas do Travessia/Subverta-PSOL. Nós da Juventude Vamos à Luta (CST e independentes) não visualizamos, nesse momento, a tática de ocupação dos prédios. Explicamos: neste momento, se a vanguarda do movimento ficar toda ocupada com a ocupação dos prédios, debatendo o dia a dia da ocupação, como alimentação e limpeza, vai faltar militância para consolidar a greve no conjunto do Gragoatá e na UFF. Precisamos levar em conta que é necessário convencer a cada estudante da necessidade de parar. Devemos ocupar o campus e a cidade, com atividades combativas da greve estudantil e da greve unificada, para ganhar a opinião da população em geral para a nossa greve, e somar forças com outras lutas, como, por exemplo, a luta dos secundaristas contra o NEM. Caso não existisse uma greve estudantil para construir, a tática de ocupação poderia ser boa. Mas, com a greve estudantil votada, ou seja, ao escolher o método de luta grevista, precisamos levar adiante esse combate. E, para isso, teremos de realizar um ativismo diário, construindo em cada curso e no conjunto da UFF. Caso algum curso, em sua assembleia, delibere por ocupar, respeitamos a deliberação, mas acreditamos que, nesse momento de consolidação da greve, não seria o mais indicado. Em nossa visão, após a consolidação da nossa greve, podemos debater nas assembleias dos cursos e do DCE outros métodos de luta como a ocupação de prédios. Por fim, um outro motivo para isso é que teremos de, ao lado das ações internas nos campi, levar nossa greve para fora dos muros da universidade panfletando as barcas, visitando fábricas, realizando ações nas praças e bairros proletários, mostrando que a greve é justa e merecemos apoio (lembremos que a extrema direita vai ser contra nossa greve).
Defendemos uma condução democrática para nossa luta e o fortalecimento dos fóruns unitários do DCE da UFF
Na assembleia do DCE infelizmente não tivemos uma mesa democrática conduzindo os trabalhos. Foram muitas as ações que geram desconfiança em setores da base. Um deles a mudança de ordem das inscrições, a limitação de falas ou término abrupto da assembleia. São atitudes e métodos não democráticos, que não ajudam a fortalecer nossa assembleia e podem descredibilizar nossa entidade, o DCE. Os coletivos Correnteza, Juntos, UJC e Travessia, que estavam à frente da assembleia, erraram nessas atitudes e nesses métodos. Precisamos reverter essas ações pois elas bloqueiam a unidade estudantil na luta.
Discordamos que a forma de combater esses erros da direção majoritária do DCE seja tentar inviabilizar a assembleia ou impor no grito suas posições, como alguns camaradas do MEPR tentaram fazer. É positivo que os camaradas do MEPR tenham voltado a participar dos fóruns do DCE da UFF e abandonado o erro de boicotar os fóruns oficiais do movimento estudantil da UFF. O DCE é a entidade legítima de representação dos estudantes, e o divisionismo não ajuda a construir a unidade, e nem a greve estudantil. É preciso combater os erros da mesa que conduz a assembleia do DCE de outra forma.
Nossas propostas para combater qualquer tipo de deformações que descambem para o burocratismo de nossos fóruns são os seguintes: 1- aprovar que na mesa de condução, ao lado da direção do DCE, se inclua um DA ou CA. 2- que exista rotatividade nos nomes do DCE que conduzem a assembleia; 3- aprovar que as inscrições são feitas por sorteio, realizado publicamente na frente de todes durante a assembleia; 2- que os nomes das pessoas sorteadas seja lido na ordem em que vão falar, na totalidade da lista, e que a cada fala o próximo já seja anunciado; 3- aumentar o número de falas para 20 ou 30 falas (a ser aprovado em cada assembleia pela base presente); 4- o plenário é consultado em todas as decisões e é a base que decide se a assembleia acabou ou não.