Greve na UNICAMP: avanço na mobilização e importantes conquistas

A maior greve da história da UNICAMP teve seu fim no último dia 02 de agosto e achamos que é muito importante debater e avaliar o que foi esse fortíssimo movimento que fizemos, além de ver quais devem ser os próximos passos da nossa luta. A greve geral dos estudantes na universidade foi deliberada em 10 de maio junto à ocupação da reitoria e contou com a adesão de 18 dos 24 institutos, sendo que todos os institutos participaram e fizeram alguma atividade ou paralisação.

A gota d’água para o início da nossa luta foi o corte de 40 milhões de reais da universidade, promovidos pela REItoria e pelo governo Alckmin, tendo nas pautas como central a necessidade de implementação das cotas étnico-raciais, ampliação da permanência estudantil e da moradia. Os cortes de verbas na educação pública são parte de um cenário nacional de ajuste fiscal que os governos buscam implementar e, por isso, por todo lado surgem greves e mobilizações como forma de reação, tanto de estudantes quanto de trabalhadores. O governo Temer já anunciou mais cortes na educação, seguindo um caminho que Dilma havia começado. No estado de SP os tucanos seguem essa mesma cartilha e uma de suas principais vítimas do seu ajuste fiscal é a universidade pública.

A mobilização curso a curso foi o que garantiu a amplitude e os avanços da greve

Achamos que tivemos importantes avanços com a nossa luta pela base dos cursos. Dezenas de assembleias, democracia pela base, luta nos mais diversos institutos, milhares de estudantes mobilizados, debatendo e lutando pelo presente e pelo futuro da Unicamp. Esta foi sem dúvida alguma a chave de uma grande mobilização. Com ela, garantimos 600 novas vagas na moradia e a ampliação do número de bolsas-trabalho. Isso será importante por se tratar da permanência de muitos alunos na universidade, uma vez que a falta de moradia dificulta a permanência e exclui muitos estudantes da Unicamp. Nosso avanço também foi com os estudantes, cursos e institutos que nunca haviam se mobilizado e provaram com a própria luta que é possível obter vitórias e mudar a realidade.

Seguir a luta por: cotas sim, cortes não!

Porém, em alguns pontos pouco ou nada se avançou e será preciso continuarmos mobilizados. Nas cotas, que são mais que necessárias para combater a elitização da UNICAMP, tivemos avanços parciais. Ainda que a pauta será debatida no CONSU e na ALESP, a reitoria foi intransigente, escancarou sua face elitista e não cedeu às nossas reivindicações pela implementação imediata das cotas. Apesar de ainda não termos conquistado, colocamos com a nossa greve as cotas como um debate central na universidade. Na questão dos cortes de verba a Reitoria se mostrou totalmente intransigente também. Dinheiro para super-salário e isenção fiscal de empresas, o governador Alckmin e o a Reitoria tem, agora para a universidade não, e isso não iremos aceitar. Para seguirmos a pressão por esta reivindicação histórica do movimento estudantil da Unicamp, conquistando cota e derrotando o corte de verbas, precisamos fazer atos e todo tipo de mobilizações, o que será crucial para arrancarmos da reitoria essas vitórias.

É preciso uma ampla campanha contra a punição aos estudantes grevistas

As punições contra estudantes grevistas e que sofrem sindicâncias é real, e não podemos aceitar que aqueles/as que estiveram em defesa da universidade pública contra os ataques do reitor e governos sejam punidos/as. É preciso uma ampla campanha unificada do DCE, STU e ADUNICAMP contra qualquer punição aos que lutaram. A covardia do REItor de punir estudantes que defendem a universidade pública não será aceita sem luta e resistência! Chamamos a todos e todas a se somarem nos atos contra as punições que estão ocorrendo e a continuarmos nos mobilizando e construir um grande ato ainda em agosto.