Boletim da Juventude Vamos à Luta

Isadora Bueno
Comissão Nacional de Juventude da CST

O governo Bolsonaro/Mourão (2019-2022) foi marcado pelo projeto de genocídio e privação de direitos básicos à juventude filha da classe trabalhadora. Bolsonaro atacou a educação e os estudantes do início ao fim de seu governo, desmontando a universidade com cortes brutais a fim de tornar o ensino de qualidade privilégio de poucos e nos expulsar dos espaços de produção de conhecimento.
A política de destruição das universidades e escolas públicas foi somada ao desemprego massivo, à precarização do trabalho e ao encarecimento da vida. Muitos de nós tivemos que deixar a Educação Básica ou Superior para trabalhar e garantir o nosso próprio sustento e de nossa família. Enfrentamos diariamente a fome, as dificuldades de sobrevivência e a falta de perspectiva de futuro.
Nesses últimos quatro anos, lutamos incansavelmente pelas nossas vidas e para não pagar pela maior crise capitalista agravada pela pandemia da covid-19. O governo Bolsonaro e os capitalistas tinham e têm esse intuito: fazer com que trabalhemos cada vez mais por cada vez menos dinheiro e com menos direitos, para que eles sigam com os seus privilégios.
Ocupamos as ruas diversas vezes por investimento em educação, pelas vidas das minorias sociais, por emprego e renda. Se não fosse a omissão constante das direções do movimento estudantil – a UBES e a UNE, constituída pela UJS, juventudes do PT, PSB e Levante Popular da Juventude, além, óbvio, das traições da CUT e da CTB, teríamos derrotado esse governo pela força de nossas mobilizações.
O objetivo dos setores reformistas era jogar todo o peso para as eleições de 2022, o que acabou se concretizando. Nós da Juventude Vamos à Luta fomos parte dos quais apostaram no voto crítico em Lula, virando cada voto no segundo turno, para derrotar Bolsonaro nas urnas. Tivemos uma vitória histórica essencial: o primeiro presidente do Brasil desde a redemocratização que não foi capaz de se eleger.
Lula foi eleito com a menor diferença percentual da história e muitos jovens têm muita esperança de que o cenário dos últimos anos vai se modificar drasticamente. A composição do governo de transição e os acenos para a burguesia, expressam que não vai ser bem assim. A última luta do ano que protagonizamos e fomos vitoriosos (pelo desbloqueio de verbas que fez Bolsonaro) escancara que a questão central para uma universidade para todes é orçamentária.
Seguimos evidenciando que não queremos manter as universidades e escolas como estão. Queremos investimentos reais, que garantam a nossa permanência com qualidade. Para isso, só há um caminho: tirar o dinheiro que hoje é drenado para o bolso dos banqueiros e ricaços e investi-lo nas áreas sociais. Nós da Juventude Vamos à Luta exigimos e chamamos as entidades estudantis a se somarem a essa exigência em 2023 para que a fraudulenta e ilegal Dívida Pública deixe de ser paga, para garantir uma universidade a serviço da classe trabalhadora, das mulheres, LGBTs, negros e negras, PCDs, operários e da luta em defesa do meio ambiente.
Assim, cotinuamos exigindo da UNE e da UBES a organização e mobilização do movimento estudantil e a juventude para lutar e conquistar nossas pautas e reivindicações

Jeane Carla
Centro Acadêmico de Filosofia da UFU

No primeiro semestre de 2022, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrou mais de 31 mil queixas de violência doméstica. Infelizmente, esse cenário é global! No levantamento da OMS, de 2021, indicou que um terço das mulheres em todo mundo sofrem violência física ou sexual ao longo da vida. Esses dados não são coincidências. Vivemos sob o sistema capitalista patriarcal, em que legitima violências machistas e sexistas no cotidiano de todas as mulheres. No Brasil, acabamos de derrotar um governo misógino, o qual foi culpado pela morte de milhões de mulheres que estavam na linha de frente no combate à pandemia de COVID 19. Durante o governo Bolsonaro, segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o feminicídio duplicou, corroborando com a morte de milhões de mulheres, principalmente, negras.
Nesse sentido, a derrota eleitoral de Bolsonaro foi um grande triunfo para as mulheres da classe trabalhadora, mas é importante salientar que a luta, frente ao governo de conciliação de classes de Lula/Alckmin, segue! Isso porque, o futuro governo já negocia com o centrão e com o bolsonarista Arthur Lira, o qual sustentou o governo misógino, inimigo das mulheres. Além disso, no segundo turno, o compromisso de Lula foi com os evangélicos, quando declarou ser contra o aborto, pauta central do movimento feminista. Além de seu vice, Alckmin, ser ligado à Opus Dei, a ala mais conservadora da Igreja Católica. Desse modo, a política do governo Lula em relação às mulheres já começa a aparecer: negociar as nossas vidas com aqueles que nos oprimem, exploram e matam, os patrões. É necessário, desse já, rechaçar esse projeto.
Diante desse cenário, nós, mulheres, temos que nos inspirar na rebelião das mulheres iranianas, às quais saem às ruas para pedirem vida e liberdade diante de um governo fundamentalista e autoritário, uma vez que só a luta organizada das mulheres combate governos ditatoriais e de frente-ampla, que atacam direitos fundamentais das mulheres, sobretudo, pobres e negras. Sendo assim, saudamos e nos solidarizamos com a luta das mulheres iranianas. Por fim, desde agora, pontuamos a necessidade de lutar e de exigir do governo Lula/Alckmin investimentos para políticas públicas de combate à violência de gênero. É preciso ocuparmos as ruas para conseguirmos o direito ao aborto seguro e gratuito, bem como para exigirmos prisão dos estupradores e assediadores.
E desde já organizar para que o 8M seja uma data de mobilização e luta por nossas pautas feministas.
Para isso, reivindicamos o não pagamento da dívida pública, a revogação das contrarreformas, e a taxação dos bilionários, pois é só tirando dos ricaços que conseguiremos orçamento para a área dos direitos das mulheres e avançaremos rumo a um Brasil socialista!

Alef Barros
Militante do Vamos à Luta e ativista LGBT

O Brasil continua sendo o país que mais mata e exclui as pessoas trans e travesti no mundo, os acessos são muito mais difíceis para a população trans, seja na saúde na educação ou nos cargos de emprego.
A transfobia diária a violência de gênero e a falta de assistência expulsam as pessoas trans da educação de base, seja pela violência física que sofrem ou os ataques constante que afetam sua saúde mental.
Isso vai refletir na entrada das pessoas trans na universidade, hoje são 0,3 estudantes trans dentro das universidades e muitos não conseguem concluir pela falta de assistência, é necessário lutar por cotas para pessoas trans na universidade e uma assistência estudantil que garanta a permanência dos estudantes na universidade.
No governo Bolsonaro com os cortes no SUS, a vida das pessoas trans ficou ainda mais precária, os ambulatórios trans não conseguem garantir atendimento psicológico para todo mundo nem os hormônios. Pela falta de profissionais e a rotatividade desses profissionais, que acontece pela falta de salário e direitos dignos.
Muitas regiões nem ambulatório tem, fazendo com que as pessoas tenham que se deslocar para as regiões que tem, o que é difícil de manter pelo preço da passagem isso também causa a superlotação desses ambulatórios.
Em setembro de 2022 a EMS aumentou abusivamente o preço da Deposteron (remédio usado para hormonizaçao de transmasculinos) a caixa que era entre 40 e 50 reais subiu para 200, 250 reais. Muitos homens trans e transmasculinos tiveram que interromper o tratamento.
Precisamos lutar por um Sus que garanta os hormônios, que pague salários dignos para os profissionais, que garanta assistência social e psicológica a pessoas trans e travestis,
que implemente ambulatórios nos interiores.
Foi importante derrotar Bolsonaro nas urnas mas a extrema direita continua forte, é preciso dar continuidade a luta na rua.
Em 2023 teremos um governo de conciliação de classes (PT) um governo que está com a burguesia e que desmonta as mobilizações.
Então é preciso nós organizarmos e mobilizarmos nas ruas,sabemos que tem dinheiro no país mas 50% do orçamento vai para pagar dívida publica aos banqueiros, é necessário parar de pagar a dívida publica, taxar grandes fortunas acabar com o teto de gastos para ter dinheiro pra investir na população
E seguir na rua se organizando para construir um governo completamente diferente, um governo da classe trabalhadora que avance rumo a um Brasil socialista

Gaby Kruger
DAPSI UFF Niterói

Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência

Reafirmar a luta anticapacitista é um dever diário, os corpos das pessoas com deficiência são apagados e privados dos seus direitos constantemente nos movimentos sociais que se dizem de esquerda.

Que esquerda é essa que secundariza essa pauta tão necessária para nossa existência sem promover uma ação que seja numa perspectiva anticapitalista? A direita se apropriou dos nossos corpos com uma política assistencialista dentro do contexto do modelo biomédico visando cura e promovendo ações por caridade!

Precisamos de uma esquerda de fato anticapacitista que coloque a deficiência como centro nas pautas de classe, raça e gênero e para isso precisamos de um governo que não apague nossas lutas e mobilizações. Bolsonaro extinguiu o Conselho Nacional de Direitos das Pessoas com Deficiência, queria voltar com as concepções manicomiais tirando as pessoas com Deficiência no ensino regular. E óbvio, mais uma vez ficou para nós pessoas com Deficiência e quem se conecta diretamente com ela pra lutar contra esse capacitismo.

Para lutarmos contra esse sistema de opressão uma luta sem conciliação de classe é necessária, não acionamos mudanças aceitando o capitalismo. Se faz necessário entendermos nossa marcação corporal dentro desse sistema e lutarmos contra ele e não achar que por ele haverá possibilidade de lutar, vamos ser mais explorados e oprimidos.

Em um mundo que todos se movem pra mostrar que são capazes – uma crença fantasiada – pessoas com Deficiência já captou que a ideia de capacidade é uma ilusão criada por homem branco cis hétero sem deficiência rico para explorar e oprimir pessoas marcadas por algum tipo de opressão que insiste caber nesse sistema que nunca vão caber.

Enquanto mulher branca com deficiência defendo uma luta anticapacitista interseccional que questione o ideal de capacidade no capitalismo para garantir os direitos não só das pessoas com Deficiência, mas de outros corpos marcados atravessados na sua diferença pela exploração e opressão.

Trago nessa imagem já postada aqui no feed, pois ela marcou o primeiro e único ato das pessoas com Deficiência na rua, reivindicando nosso direito de usar o transporte público sem ter que passar por tanto capacitismo. Foi minha primeira fala na rua me descobrindo militante com total apoio do Renatinho, insistiu que eu falasse, pois segundo ele eu tenho muita coisa pra falar.

Daí em diante luto ou tento tornar possibilidade de acesso para as pessoas com deficiência diante de um governo e espaços tão capacitistas que nega nossa existência. Não é fácil criar intimidade de acesso com pessoas sem deficiência devido ao capacitismo tão estrutural, têm sido um trabalho juntar forças para combatê – los e alcançar políticas de pertencimento para nós.

Temos desejos, afetos e amamos. Somos um corpo com marcas histórica de violência e queremos ser reconhecidas/os/es como parte da luta de vocês. Queremos uma acessibilidade que seja anticapacitista, uma conexão acessível que garanta nossa existência.
Queremos direitos acessíveis efetivos de trabalho.
Queremos direitos acessíveis efetivos para haver aborto legal e seguro pelo SUS para mulheres e pessoas que tem útero com deficiência, tendo autonomia do seu próprio corpo. Lutar pelo fim dos estupros contra os corpos de pessoas com Deficiência, uma vez que em uma estrutura capacitista, nos colocam como pessoas incapazes de falar sobre a violência, ou estrupadores acham que estão fazendo um favor já que nossos corpos não vão ser amados.
Queremos direitos acessíveis na educação e na saúde…

Queremos existir!!!