CONUNE: Juventude Vamos à Luta batalhou por uma UNE independente dos governos, classista e de mobilização! Rumo ao dia 11 de agosto!

Jeane Carla Tavares
Alef Barros
Comissão Nacional de Juventude

Entre os dias 12 e 16 de julho ocorreu o 59º Congresso da UNE (CONUNE) em Brasília. Nós da Juventude Vamos à Luta (CST e Independentes) participamos do Congresso apresentando a tese “Arcabouço fiscal não! Dinheiro para as universidades, não para a dívida pública”, intervindo nos debates, defendendo resoluções e batalhando por uma chapa unitária da oposição de esquerda para derrotar a majoritária da UNE (UJS/PCdoB, LPJ, JPT) e construir uma nova direção para a entidade. Em meio a tudo isso, sempre pontuávamos nossa política central para o CONUNE: é necessário que a UNE seja independente dos governos e das reitorias para mobilizar os estudantes contra o Novo Ensino Médio, o arcabouço fiscal e o marco temporal. Também defendemos a necessidade do Congresso aprovar um calendário de lutas para avançar nas lutas dos estudantes, com dia 11 de agosto como pontapé dessas mobilizações.

A direção majoritária atrelou o CONUNE ao governo Lula/Alckmin

O CONUNE teria um grande potencial para construir um calendário de lutas em defesa das demandas dos estudantes, mas a direção majoritária da UNE preferiu atrelá-lo ao governo Lula/Alckmin. A programação expressou essa política desde as mesas do primeiro dia, com a presença de Gleise Hoffman, presidenta do PT, e de Luís Roberto Barroso, ministro do STF responsável pela suspensão do piso salarial da enfermagem. No segundo dia, as mesas de debate, como a mesa que debateria as tarefas do movimento estudantil, foram esvaziadas pela majoritária para que os estudantes se preparassem para participar de um ato com Lula à noite. O ato também contou com a presença de Camilo Santana (PT), ministro da educação, que defende a manutenção do Novo Ensino Médio e privilegia os megaempresários da educação em seus ministérios. Desse modo, a direção majoritária da UNE pretendia semear a confiança no governo de conciliação de classes e nas instituições burguesas, além de blindar seus ataques contra os estudantes e a classe trabalhadora.

A majoritária da UNE aplicou seu método burocrático e antidemocrático durante todo o CONUNE

Na maioria dos debates, quando não reduziu o tempo das falas, a direção majoritária da UNE vetou a inscrição de coletivos de oposição, como o Vamos à Luta, alegando falta de tempo ou atraso. Na verdade, o que estava por trás desse método antidemocrático era o cerceamento das críticas à política do governo Lula/Alckmin, com o objetivo de manter a entidade a reboque do governo, sem apresentar um projeto político alternativo para os estudantes. Além da burocratização, estudantes PCDs foram impedidos de participar, pois a entidade não garantiu uma política de acessibilidade.

Um debate com a Juventude Sem Medo: surge uma nova maioria na UNE com a adesão da maioria das forças do PSOL ao condomínio da UJS/PcdoB

Infelizmente, o bloco Juventude Sem Medo, composto pela maioria das juventudes do PSOL (Manifesta, Travessia, Rua, Afronte, Brigadas Populares e Fogo no Pavio), aderiu à resolução de conjuntura da majoritária da UNE e conformou uma chapa com um setor do PT, se colocando no campo majoritário e consolidando uma nova maioria governista na entidade. Esse fato foi histórico, pois os principais coletivos da Juventude Sem Medo sempre compuseram o bloco da Oposição de Esquerda da UNE. Fazem o mesmo caminho do LPJ, quando surgiu, impulsionado pela Consulta Popular, como uma suposta coluna do meio ou “terceiro campo”, mas que na realidade sempre blocou com a majoritária a ponto tal que hoje são da chapa da UJS.
Essa atitude da Juventude Sem Medo se explica pelo apoio e participação do PSOL no governo Lula/Alckmin. E só contribuiu com a fragmentação da Oposição de Esquerda e deu mais fôlego para a majoritária continuar na direção da UNE. É impossível defender os direitos da juventude e lutar pelas pautas estudantis atrelados ao governo federal e aos reitores, rumo irreversível que hoje tomaram as juventudes “sem medo”. Seguiremos esse debate nas bases com os colegas que têm referência nesse coletivo. De nossa parte, defendemos um movimento estudantil independente do governo de conciliação de classes de Lula/Alckmin e mobilizações para que os estudantes tenham vitórias em suas pautas e reivindicações.

A importante unidade da oposição de esquerda para batalhar por uma nova direção da UNE

A Juventude Vamos à Luta batalhou, em cada universidade que atua, pela unidade da Oposição de Esquerda no processo de tiragem de delegados para o CONUNE. Durante o Congresso não foi diferente. Batalhamos por resoluções conjuntas com a oposição e por uma chapa unificada desses setores. A defesa da resolução do Movimento Estudantil foi uma vitória. Nela, fomos parte da unidade que agrupou diversas juventudes do campo da oposição (Correnteza, UJC, Juntos, Rebeldia, Vamos à Luta) defendendo a necessidade do movimento estudantil ser independente do governo Lula, além de apresentar o dia 11 como o pontapé de um calendário de lutas para revogar o Novo Ensino Médio e barrar os ataques do marco temporal e do arcabouço fiscal.
A composição de uma alternativa política à direção majoritária se deu com a conformação de uma chapa da oposição unificada, com a UJC, Correnteza, Juntos, Alicerce, Revolução Socialista, Ecoar, Pajeú e Vamos à Luta. A unidade de várias forças da oposição no CONUNE foi pautada por três eixos importantes: 1. a independência em relação ao governo Lula/Alckmin, governadores e reitores; 2. contra o arcabouço fiscal, o NEM e contra a extrema direita; 3. pela jornada do dia 11 de agosto. Além disso, defendemos de democracia nos fóruns do movimento, como a retomada periódica do CONEB, CONEG e reconstrução democrática dos Congressos da UNE.
A Juventude Vamos à Luta apresentou seu programa para as universidades, batalhou pela unidade da oposição e apresentou a retomada do critério da antiga Oposição de Esquerda, de “fazer o que a majoritária não faz”. As resoluções que apresentamos e a chapa unificada foram pontos de apoio para nossa luta por uma nova direção para UNE: democrática e de luta, independente dos governos, que consiga varrer a direção imobilista, burocrática e governista que atua na direção da UNE.

Rumo ao dia 11 de agosto

Luta pela revogação do Novo ensino médio é fundamental para o movimento estudantil impedir que as bases da educação nacional se tornem reféns de uma lógica que favorece apenas os grandes empresários, tubarões da educação.
É necessário que a UNE construa o dia 11 de agosto e, mais que isso, que construa calendários de luta, que sejam consequentes. Que haja chamados nacionais e uma luta unitária que seja constante. E se a majoritária não chama é nossa tarefa convocar em cada CA, DA, DCE, Executiva e Federação de Curso e pelos coletivos que se reivindicam de oposição.
Temos que mobilizar pela revogação do NEM, contra o arcabouço fiscal, contra o marco temporal e pela prisão imediata para Bolsonaro e todos os golpistas. Vamos seguir na luta construindo um movimento que esteja de fato ao lado dos estudantes e da classe trabalhadora e, para isso, precisamos mobilizar e levantar as consignas que apresente saídas revolucionárias, como o não pagamento da dívida pública, taxação das grandes fortunas e a revogação de todas as contrarreformas, para que possamos seguir rumo a um Brasil socialista.