A luta não pode parar: exigimos que UNE e UBES convoquem atos unificados no dia 24/08 contra as chacinas policiais

Jeane Carla Tavares

O 11/08, dia do estudante, foi marcado por diversas mobilizações estudantis por todo o Brasil. Na mesma semana, os servidores da área da educação realizaram paralisações e atos em vários órgãos e universidades. 

O fato de que os estudantes foram às ruas aponta para a disposição da juventude em lutar por suas pautas e reivindicações. Infelizmente, os atos não foram maiores porque a direção majoritária da UNE     (UJS/PCdoB, JPT, LPJ/Consulta Popular e JSM/Maioria do PSOL) não construiu de fato o dia 11 pela base, e nem se jogou para unificar estudantes e servidores. E isso ocorre porque a atual direção é atrelada ao atual governo Lula/Alckmin e prefere blindar a  gestão vigente. Não por acaso, a ex-presidenta da UNE, Carina Vitral, possui um cargo no Ministério da Fazenda, ajudando a elaborar o arcabouço fiscal.

Nós, da Juventude Revolucionária Vamos à Luta, defendemos uma outra estratégia. Um movimento estudantil sem rabo preso com o governo Lula/Alckmin, que conduza as nossas reivindicações com independência, nas ruas, em unidade com a classe trabalhadora, fazendo tudo isso de forma democrática, com plenárias e assembleias de base nas universidades e escolas. Defendemos a continuidade de um calendário de atos nacionais, puxados e construídos pela UNE, UBES, CUT e MTST, para avançarmos e unificarmos as lutas da juventude, dos negros e negras, dos servidores públicos, da classe trabalhadora e dos setores populares. 

Ocupar as ruas no dia 24/08 contra as chacinas Policiais

O movimento negro está construindo uma jornada nacional de luta para o  dia 24/08 contra as chacinas policiais em SP, BA e RJ, que matam o povo negro nas favelas e periferias. Essa luta é justa e central, e precisa de todas as nossas energias. Exigimos que a direção da UNE e da UBES construam essa data como prioridade, pois sabemos que a violência policial, movida pelo aparelho repressivo do Estado, é uma política que mata cotidianamente milhares de jovens e famílias negras periféricas no Brasil.

A luta deve seguir! A Juventude Vamos à Luta constrói os atos do dia 24/08 pelo fim das chacinas policiais nas favelas e bairros populares, pela punição aos policiais e responsáveis civis por todos os assassinatos, pela destruição de todo aparelho repressivo usado contra as favelas e os movimentos sociais e pelo fim da PM! 

Exigimos do governo Lula/Alckmin a legalização das drogas, tal como já ocorre com o álcool e o tabaco. Isso significa reconhecer o uso dessas substâncias sem necessidade de repressão policial e tratar a dependência como parte da saúde pública. E por isso exigimos a revogação da Lei de Drogas de 2006, do primeiro governo Lula, pois ela apenas ampliou o encarceramento da juventude negra.

 

Motivos não faltam para convocar os estudantes para as ruas no dia 24

Além das pautas da juventude negra e da pauta contra as chacinas, que são fundamentais, temos outras reivindicações pelas quais também lutamos:

 – barrar os cortes de verbas da educação! Não ao arcabouço fiscal de Lula/Alckmin: Exigimos mais recursos para bolsas, bandejão e moradia estudantil, melhores laboratórios e bibliotecas! Investimento em concursos públicos e atendimento das pautas de nossos parceiros técnicos-administrativos e professores. Só vamos derrubar os cortes com mobilização nas ruas, pois teremos que enfrentar o arcabouço fiscal – o novo teto de gastos – elaborado pelo governo Lula/Alckmin. Este é o mecanismo de ajuste fiscal que está ocasionando o atual corte de recursos das áreas sociais. O último corte de 332 milhões na educação, realizado pelo governo Lula/Alckmin, vai prejudicar o tripé de ensino/pesquisa/extensão e dificultar a vida dos filhos da classe trabalhadora que estão ralando para se manter na universidade. É preciso ocupar as ruas e retomar a reivindicação histórica dos 10% do PIB para educação, conforme estava previsto no Plano Nacional de Educação. Esse é o único caminho para ampliar massivamente as vagas para os filhos da classe trabalhadora, conter a evasão e multiplicar as políticas de inclusão no ensino superior para negras e negros, povos indígenas, quilombolas, sem restrições ditas “orçamentárias”, e garantir a inclusão de pessoas trans.  Igualmente, é a única via para garantir que o plano nacional de assistência estudantil se transforme em lei e tenha seus recursos no mínimo duplicados.  

– exigimos a revogação do NEM e a reestatização da Eletrobras para evitar o apagão da educação e do nosso futuro: O governo Lula/Alckmin apenas modificou aspectos do Novo Ensino Médio, mantendo sua espinha dorsal que precariza o ensino/aprendizagem nas escolas públicas e exclui os filhos da classe trabalhadora do acesso a conteúdos científicos e disciplinas essenciais. Não aceitamos gambiarras no projeto educacional de Temer/Bolsonaro. Exigimos a revogação integral do NEM, porque ele nunca serviu e não servirá.  

Do mesmo modo, o atual governo não revogou as contrarreformas previdenciária e trabalhista e a privatização da Eletrobras. Na verdade, o governo Lula/Alckmin anunciou que vai manter essas medidas ultrarreacionárias que deixam a classe trabalhadora sem direitos e precarizam o trabalho da juventude. E fará isso por conta de sua composição capitalista e alianças de governo com e para a burguesia. Os estudantes, porém, não aceitam a continuidade das medidas de Temer e Bolsonaro. O pior é que estamos vendo os prejuízos que a privatização da Eletrobras (a lógica capitalista do lucro) causou ao país com o recente apagão. 

– exigimos a prisão de Bolsonaro e  de todos os golpistas! Milico ladrão tem que terminar na prisão: É inadmissível que Bolsonaro, seus ex-ministros e assessores corruptos, a cúpula das Forças Armadas, os empresários golpistas e as empresas que financiaram a tentativa de golpe para instaurar uma ditadura no dia 8 de janeiro sigam impunes. Lutamos para colocar Bolsonaro e sua gangue na cadeia, confiscar os bens de todos e expropriar as empresas golpistas. E iremos para as ruas para que isso seja rápido: ainda mais agora, quando se descobriu que a Presidência da República de Bolsonaro e  militares aliados (Mauro Cid, o ex-ministro de Minas e Energia, o Almirante Bento Albuquerque, o Tenente Marcos Soeiro) formavam uma quadrilha para roubar joias da república e embolsar o dinheiro do contrabando. Estaremos nas ruas para exigir a demissão do atual Ministro da Defesa Múcio, golpista do 8 de Janeiro, e demais ministros ligados ao bolsonarismo, bem como do presidente do Banco Central, Campos Neto.

Faça parte da juventude do socialismo e da revolução

Ao invés de manter os lucros dos banqueiros, grandes empresários e multinacionais, como faz o governo da Frente Ampla de Lula/Alckmin, nós lutamos pelo caminho oposto: taxar bilionários e multinacionais, não pagar a dívida aos banqueiros e estatizar o sistema financeiro. Enquanto formos governados por patrões, seus representantes, com políticas capitalistas, não teremos futuro. Nós batalhamos para construir um governo da classe trabalhadora, sem patrões e um Brasil Socialista. Nossa luta é internacional e permanente, por uma América latina e um mundo socialista com democracia para a classe trabalhadora. Seja militante e fortaleça a unidade dos revolucionários e revolucionárias.