DCE Unicamp: Os estudantes escolheram enfrentar Bolsonaro!


Nos dias 27, 28 e 29 ocorreram as eleições para o DCE Unicamp. Concorreram 3 chapas: Coragem Para Vencer o Medo (Vamos à Luta, Juntos, Afronte, Enfrente, UJC ativistas independentes e membros de CAs), Pro Dia Nascer Feliz (PcdoB/UJS e PT) e Katendê (Faísca/MRT). Na primeira eleição após a vitória de Jair Bolsonaro para a Presidência, e João Dória para o Governo do estado, o debate nacional se tornou o centro da disputa na Unicamp, e os/as estudantes votaram em quem tem mais condições para enfrentar os ajustes de BolsoDória e os ataques contra as liberdades democráticas no país, elegendo com 69% dos votos a chapa Coragem para Vencer o Medo.

Esse resultado não é à toa! A Gestão 2018 do DCE, composta pela direção majoritária da UNE, se mostrou despreparada para enfrentar os desafios da atual conjuntura, a começar pela composição da chapa eleita. Em 2017 os membros da chapa Pro Dia Nascer Feliz se uniram ao que há de mais retrógrado na Universidade, formando uma gestão de DCE em comum com o MBL, que já se declarou contra a aprovação das cotas na Unicamp, vitória importantíssima no movimento estudantil! Diante dos gigantescos atos #ELENÃO, a antiga gestão do DCE apenas enviou representantes, mas não impulsionou absolutamente nenhuma mobilização maior, pouco passaram em sala, se negou a fazer o enfrentamento com a Reitoria, não impulsionou nenhuma luta contra o aumento do Bandejão e não apoiaram a importante Greve dos Servidores da Unicamp! A paralisia do DCE era nítida para o conjunto dos estudantes!

Por isso, a UNICAMP optou por outro caminho para o Movimento Estudantil. A maioria dos estudantes sabem que a vitória de Bolsonaro e Dória, significará o momento de maior gravidade para as universidades nos últimos anos e somente um movimento estudantil ativo e presente no dia a dia dos estudantes pode fazer frentes aos planos de ajustes contra a educação e as áreas sociais. Também foi derrotado nas eleições do DCE os métodos da UJS, que buscou por todos os meios acabar com o processo eleitoral, impedindo estudantes de votar – colocando militantes na frente de urnas e até sentando nelas! Nós do Coletivo Vamos à Luta, temos orgulho de ter contribuído para essa vitória, pois sabemos que os desafios que temos pela frente para defender a Universidade Pública serão os maiores dos últimos anos.

Só com mobilização podemos barrar os planos de Bolsonaro!

Nossa gestão, além de buscar lutar para resolver os problemas dentro da UNICAMP, estará comprometida com a unidade com outros DCE’s e também com sindicatos nas lutas contra todos os ataques que virão do próximo governo.

Bolsonaro e sua equipe, liderada por Paulo Guedes, pretendem promover um brutal ataque ao povo, começando pela Reforma da Previdência que aumentará o tempo de contribuição e irá desvincular a aposentadoria do salário mínimo. Essa reforma é endereçada a juventude de hoje, que já trabalha ou que estuda e não tem qualquer perspectiva de emprego após a formatura. Já a dissolução do Ministério do Trabalho vai no sentido de seguir a precarização dos postos de trabalho no Brasil.

Nessa conjuntura, Bolsonaro e seus aliados querem calar o setor que têm sido ponta de lança contra essa política: o Movimento Estudantil. Exatamente por isso, quando ainda era candidato ele declarou que iria “botar um ponto final em todo ativismo”, e já como Presidente eleito disse que irá “aparar as Universidades”, além de afirmar que será ele a escolher os reitores, indicando militares! A nomeação de Velez voltou a dar força ao projeto escola sem partido, um projeto nefasto que visa colocar uma mordaça nos professores em sala de aula, acabar com a educação crítica e o debate de gênero nas escolas, por exemplo. Um projeto extremamente conservador, que vem como resposta aos Ascenso de pautas feministas, LGBTs e raciais nos últimos anos.

Precisamos de uma nova direção para o movimento estudantil!

Da mesma forma como a Gestão da UJS não esteve a altura do processo na Unicamp, também não está a atual direção majoritária da UNE (União Nacional dos Estudantes). A única saída apontada por eles é a luta “pela democracia” sem articular um plano de lutas concreto desde já, e sem apontar as mobilizações da para barrar os ataques do próximo Governo! A Direção Majoritária da UNE deveria já ter organizado reuniões e assembleias para aprovar um calendário de mobilização nacional junto com os servidores e professores para barrar o pacote de ajustes de Bolsonaro!

Apesar do imobilismo da Direção Majoritária da UNE, a juventude pode e deve lutar contra Bolsonaro, construindo pela base as mobilizações como ocorreu em 2016, na luta contra a PEC241 (Teto de gastos), em que a juventude aprovou Greves e ocupou centenas de Universidades e Escolas e mais recentemente contra Bolsonaro. Nesse sentido achamos muito importante a experiência da construção da chapa Coragem para Vencer o Medo, que foi consequência de uma unidade construída ao longo do ano pelos CAs, ativistas e coletivos em oposição ao DCE. Achamos que é um exemplo muito importante para o conjunto do movimento estudantil, porque foi com muitos dos membros da chapa que garantimos as lutas do ano, por fora do DCE.


Está mais que provado que a UJS e o PT são um entrave para as lutas do movimento estudantil, desde seus métodos baixos à sua política de se aliar com nossos inimigos e rifar nossas pautas. Na USP mesmo o resultado não foi nada positivo para a esquerda, que em sua maioria ao longo do não teve uma oposição contundente contra a atual gestão do DCE, composto pela direção da UNE, porque seria preciso unidade e estavam todos pela mesma política de uma frente comum. Precisamos construir uma nova direção para o movimento estudantil, com as entidades de base e ativistas que queiram lutar. Fazemos desde já um chamado a construção de polos pela base em todas as universidade, com os coletivos da oposição de esquerda e ativistas, sem os pelegos que paralisam a UNE há décadas, por uma alternativa à serviço dos estudantes e das lutas!

O DCE Unicamp deve apontar o caminho das lutas!

A vitória da esquerda no DCE Unicamp é um elemento que fortalece nossas lutas, mas acima de tudo representa um enorme desafio! O ano de 2019 será de profundos ataques e o DCE deve ser capaz de responder a essa conjuntura com muita mobilização, passagens em sala, assembléias e um calendário de mobilizações desde o início do ano. Será necessário sobretudo fazer muita luta por permanência estudantil, em defesa das bolsas e sua ampliação, por mais moradia estudantil e ampliação da política de permanência.

A unidade com os combativos servidores da Unicamp também se faz urgente, unificando com os trabalhadores a nossa luta tem muito mais força para vencer. É necessário que o DCE apoie e construa as lutas da cidade e do país, como a atual luta contra o prefeito Jonas, manifestações contra o aumento da passagem que ocorrem no fim/começo de cada ano, cada greve que ocorra no país e mobilize a juventude Universitária nas lutas contra a Reforma da Previdência e os ataques de BolsoDória! Acreditamos que os estudantes da UNICAMP terão CORAGEM PARA VENCER O MEDO e serão fundamentais na luta pelos rumos do país e na defesa de uma Universidade Pública e cada vez mais democrática.

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