Um vídeo gravado por membros da gestão do DCE da UFF na última assembleia do SINTUFF na terça, está sendo usado por figuras da extrema direita, como a criminosa deputada Carla Zambelli, e outros, para atacar a universidade pública e fortalecer a ideologia bolsonarista na sociedade. No vídeo, em que nós participamos, enquanto minoria do DCE, estudantes exigem que a reitoria garanta a alimentação dos estudantes durante a greve, expressam apoio à greve dos TAEs denunciam a política de cortes e bloqueios no orçamento das universidades, ressaltando a precarização da educação, e que a UFF corre risco inclusive de fechar, fato reconhecido pela própria reitoria no semestre passado. Esse resultado das políticas de ajuste fiscal de sucessivos governos, inclusive o governo Lula, com seu Arcabouço Fiscal.
E tudo o que o vídeo diz é verdade. As universidades, segundo o ANDES, hoje contam com o orçamento equivalente ao de 2013! Sem colocar a inflação nessa conta. Isso significa, na prática, a inviabilização do funcionamento das universidades. Tanto que hoje a greve já é realidade em 62 universidades e em 4 IFs, e o próprio ANDES aprovou indicativo de greve dos professores a partir de 15 de abril. A greve dos servidores tem uma pauta justa de reivindicações! É pela recomposição de seus salários e sua carreira, defasada em 53%, pela política continuada de contingenciamento (Teto de Gastos, Arcabouço Fiscal). Reivindicam a recomposição orçamentária das universidades, pauta que até mesmo a reitoria apoia e, inclusive, demonstrou apoio à greve, pois sabe que será impossível concluir o ano com o orçamento que a UFF tem.
Pedem também a revogação da EBSERH e dos reitores biônicos do Bolsonaro, entulhos autoritários que ainda estão em muitas universidades do país. Essa luta é do interesse dos estudantes, porque o corte orçamentário faz com que, na UFF, mais de 1000 estudantes tenham ficado sem bolsas no ano passado. Faz com que os valores das bolsas não paguem nem o aluguel em uma cidade como Niterói. Faz com que os elevadores não funcionem, com que o com que os prédios se despedacem a cada chuva. É a luta em defesa da universidade pública!
A extrema direita nos ataca, num momento de desespero em que vêem suas figuras na mira da justiça burguesa, ainda que de forma tardia e parcial. A própria Zambelli, que atirou contra uma pessoa, deve ser punida. São criminosos, que apoiam torturadores e tentaram dar um golpe no país em 8 de janeiro de 2023, e pedimos, para os golpistas do presente e do passado: sem anistia! Por isso, os atos do dia 23 e do dia 31/03 são muito importantes, e precisam ser massivas e seguir, até que todos eles sejam presos e tenham seus bens confiscados. Nós, da CST e da Juventude Vamos à Luta, sempre fizemos oposição ferrenha à extrema direita, e fomos parte de todas as iniciativas de manifestações de rua contra Bolsonaro, inclusive quando nem o próprio PT, nem o PCdoB queriam convocar essas manifestações, como as que foram convocadas pela articulação Povo na Rua, Fora Bolsonaro, que não contavam com o apoio das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. Votamos em Lula no segundo turno como estratégia para derrotar Bolsonaro.
No entanto, dialogando com as expectativas de muitos jovens e trabalhadores, sempre chamamos a sermos independentes do governo Lula/Alckmin, porque o governo seria de conciliação de classes, e privilegiaria os interesses dos ricos e banqueiros, e, por isso, seria importante lutar por nossas pautas, pois só assim garantirmos que elas fossem atendidas. Após 1 anos e 3 meses de governo, é isso que está provado: Lula enrolou os TAEs e priorizou o reajuste dos militares, em vez das universidades. E, por isso, a luta é justa e necessária! E é com unidade de técnicos, estudantes e professores, que podemos melhor defender a educação pública do país e revogar o Arcabouço Fiscal, a EBSERH, conquistar 10% do PIB para a educação e mais verbas para assistência estudantil! Não vão nos calar!
Ao mesmo tempo, setores do reformismo burocrático também atacam o vídeo, e, especificamente a CST. Assim faz a UJS, organização que dirige a UNE e a UBES, e passou a semana comemorando o “remendo” do Novo Ensino Médio, que seguirá precarizando a educação básica. A UJS, com uma figura da Letras UFF, que atua cotidianamente junto da direção do CALUFF, nos acusa de sermos “tigresas contra o Lula, e tchutchucas contra o Bolsonaro”. O que, além de despolitizado, é mentira. Então, por que dizem isso? Dizem porque, diferente do que defendemos, a UJS e as entidades que dirigem, como a UNE, UBES, ANPG, CALUFF e outras, não têm independência do governo Lula e, por isso, se lançam a blindar o governo e a escamotear as pautas dos estudantes.
No entanto, não vemos o mesmo esforço que a UJS faz para nos atacar sendo usado para denunciar todos os bolsonaristas que Lula elencou para compor o seu governo, como o ministro da defesa Múcio, do PTB, representantes dos tubarões da educação escolhidos por Lemann dentro do MEC, ou mesmo representantes do agronegócio e assassinos de indígenas, como o ministro da agricultura Carlos Fávaro, grande entusiasta do Marco Temporal. Da mesma forma, não vemos a UJS e suas entidades organizando a luta dos estudantes por mais orçamento para as universidades. O que vemos são essas mesmas entidades mentindo para os estudantes, querendo que acreditem que o Novo Ensino Médio 2.0 é a solução dos nossos problemas.
Nós, da Juventude Revolucionária Vamos à Luta, damos todo apoio à greve dos TAEs, porque acreditamos que é lutando, com independência de governos, reitorias e institutos, que se pode conquistar. Sabemos que existe dinheiro, porque 46% do nosso orçamento anual vem sendo destinado para encher bolso de banqueiro, pelo pagamento da Dívida Pública, e que 50 bilhões de emendas parlamentares já foram dispensados para o centrão. Não vamos aceitar que o estudante pobre e cotista pague a conta da crise. Queremos a recomposição orçamentária das universidades e, para isso, uma greve unificada e forte, com apoio dos estudantes, é o melhor caminho! Chamamos a UJS, o CALUFF e também as figuras de antigas gestões a reverem suas posições, a pararem de difamar o Vamos à Luta, e a virem cerrar as fileiras na luta unificada em defesa da universidade pública, junto com os técnicos em greve.